A lost soul

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Curitiba, 24/04

Querido Azuladinho,

Hoje é o dia que voltamos para casa. Estava ansiosa para rever Marina, Sammy, Spencer, Jt, Laura e John. Marcos estava mais animado, ainda tinha pesadelos frequentes, mas estava bem. Inclusive agora estão todos lá na sala comemorando algo sobre um jogo, devem estar jogando videogame. Eu sorrio sozinha. Para mim está tudo ainda meio distorcido, mas cada um está tentando superar.

Acho que por ter visto a situação do meu primo de perto, me lembrei do acidente com meus pais e comecei a ter pesadelos, mas nada que chocolate quente, um livro e um abraço apertado não funcione, que Mika não hesitou em se oferecer para me ajudar. Eu estou trabalhando nisso, tenho fé nisso. Começamos a arrumar a mala ontem, estava terminando a minha agora para poder viajar hoje à noite. Foi quando eu a achei.

Pequena, esquecida no canto, rosa, com laços e pequenas pedras, a caixa de minha tia. Meus pensamos sempre retornavam para o período que eu fiquei aqui. Ela era muito má comigo, mas não merecia isso, Marcos também não. Então, decidir que ia entregá-lo a caixa.

Pensei comigo mesmo que se não entregasse agora nunca mais faria. Chamei Marcos e sentamos na minha cama enquanto mexíamos na caixinha. Lá dentro havia uma porção de cartões postais, uma sapatilha de ponta, uma velha câmera e um papel no canto. Marcos pegou e começou a ler em voz alta. "Minha irmã, eu não tenho condições de manter o menino sobre meus cuidados. Você pode cuidar dele por mim? Eu ainda tenho meu curso em Nova York para terminar, não vou conseguir levar meu bebê comigo. Preciso manter ele seguro de alguma forma. Eu o deixo em seus cuidados, você pode criar ele como se fosse seu filho." E então apareceu a assinatura de minha mãe.

Foi ai que tudo se encaixou, o ódio de minha tia por mim. Por ela ter ficado comigo, mesmo deixando Marcos com a irmã. As visitas constantes a meu primo. A forma como eu e ele nos entendíamos muito bem. Eu estava chocada. Quando percebi meu primo tinha corrido para o quarto de minha tia e estava revirando as coisas:

- ONDE ESTÁ? - Ele gritava alterado. Me aproximei dele e segurei seu braço.

- Marcos, para. Isso só vai te machucar mais... – ele não me ouvia e me fez soltar seu braço, indo em direção ao armário do canto do quarto. Caminhei novamente em sua direção, segurando seu braço com mais força. – Isso não adianta, Dimo...

-NÃO ADIANTA? VOCÊ NÃO SABE O QUE EU SENTIA AQUI, EU ME SENTIA DESLOCADO. ELA JUROU PARA MIM QUE ERA SÓ IMPRESSÃO. - Ele se ajoelhou no quarto, olhos já cheios de água. – Ela ... – ele balbuciou e me ajoelhei de frente para ele.

- Dimo, eu estou tão curiosa quanto você. Nós estamos falando de meus pais, ou melhor, nossos pais... Mas é melhor deixar passar. Pelo menos por agora, por favor. Nós estamos sofrendo Dimo, não vai ser bom mexer mais nisso, não agora. Deixe o tempo passar. Vamos fazer um acordo? Eu trabalho numa delegacia, se você me mostrar que consegue suportar isso eu vou com você lá e podemos ver o registro de lá. Que tal? – ele confirmou com a cabeça e me abraçou mais forte.

- Irmãos, não é mesmo? – ele sussurrou.

-A gente já era antes mesmo de saber, bobinho. – eu sorri – Vem, vamos para sala...

Fomos para sala e contamos a notícia para Mika e Rafaela. Eles vibraram loucamente. Que loucura que essa viagem está sendo. Um irmão? Quem diria...

                                                                                                                                                      Bom dia,

Sophie Grace.


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⏰ Última atualização: Jan 05, 2018 ⏰

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