Capítulo 4

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Saii e o sol ainda estava forte no céu e eu sabia que tinha tempo contado até que a minha mãe voltasse . A minha fuga tinha que ser rápida e o mais discreta possível.

" Tá tudo certo ? Você tá pronta ? "

" To sim . Vamos ? "

Ele segurou a minha mão e apertou como forma de resposta e me deu um beijo rápido na boca . Começamos a caminhar meio que rápido em direcção ao posto do buzão que vai até São Paulo.
Chegados lá, esperamos uns 10min e chegou logo o buzão, entramos sem demoras e sentamo - nos atrás, no lado direito .
Olhei pra cara do Guilherme e ele mandou - me um sorriso confortante e de seguida encostei a cabeça no seu ombro fechando os olhos enquanto pensava no que estava a deixar pra trás e mentalizado o que podia encontrar pela frente.

" BIATRIZ !! Minha filha onde você está ?! "

Levantei a cabeça exaltada e esbugalhei os olhos após ouvir o que me pareceu a voz da minha mãe me chamando ! Olhei pro Gui e voltei a cabeça pra janela do buzão rezando pra que fosse apenas a minha imaginação tentando levar o melhor de mim e foi nesse momento que a vi ali parada com a cara inchada de lágrimas e o meu peito literalmente partiu - se em dois. Quando os nossos olhos prenderam um no outro tudo que vi foi mágoa e decepção. Fiz menção em me levantar, iria sair do buzão e correr pros braços da minha mãe ! Mas quando estou em pé, o buzão arranca e o último som que oiço da minha mãe antes de partir foi o grito de perda dela. Guilherme me abraçou quando quase cai e limpou todas as minha lágrimas durante quase toda a viagem até São Paulo. Eu estava completamente partida e desfeita, tive vontade de dar meia volta mas o meu namorado lembrou - me de tudo o que eu tinha planeado pra mim lá e que não tarda muito iria vê - lá de novo. Meu coração apertava não pela casa que deixei ou a terra que abandonei, mas sim pela minha única família .
Acabei cedendo ao cansaço trazido pelo choro intenso e dormi um sono profundo até ser acordada pelo roçar dos dedos do Gui na minha face.

" Mor, você precisa de algo ? O buzão parou um pouco pra gente pega algo pra comer "

" Não tenho fome não. .pode ir que eu fico aqui mesmo "

Voltei a fechar os olhos imaginando a cara que Guilherme devia ter feito e sorri internamente pensando no amor de namorado que tenho. Devo ter adormecido de novo porque só me lembro de ser acordada pelo Guilherme de novo avisando que a gente já tinha chegado à São Paulo. O processo de saída do buzão e recolha das nossas coisas foi rápido e não perdemos muito tempo. Saímos da estação e eu soltei o ar que até aquele momento não sabia que tinha segurado e tive que me recordar mentalmente que sim, é verdade, EU ESTOU AQUI !
Tive um ataque de risos e comecei a saltar feito uma criança abraçando forte Guilherme.

" Chegamos meu amoor !!! A gente tá mesmo aqui !! "

" Eu te prometi mor, a gente chegou "

Ele pisca o olho pra mim e eu o beijo com toda a ternura que tenho em mim. Ele depois me afasta gentilmente e pergunta:

" Tá preparada ? Vamos pra casa ? "

" Mais impossível ! "

Andamos de mãos dadas até um posto de ónibus e esperamos até que o nosso chegasse. Enquanto isso eu olhava tudo à minha volta com admiração, era tudo tão alto e grande e moderno e muitos outros adjectivos que não me vêm à cabeça agora mas todos eles positivos. Chegou o ónibus e uma vez lá dentro era só virar a cabeça pra lá e pra cá olhando tudo e todos. Até as pessoas lá eram chamativas, pareciam todas famosas e ricas. Fui observando o cenário dos prédios diminuindo à medida que chegávamos ao nosso destino e antes que estes acabassem descemos e Gui encaminhou - me até à entrada de um prédio muito giro e simples onde esperamos pelo elevador. Subimos até ao sétimo andar e a minha excitação só aumentava porque notava que isto é tudo real. As portas do elevador abrem e andamos até ao final do corredor até à porta de madeira pintada de branco com o número " 45 " escrito à letras em dourado. Guilherme procurou as chaves do AP nos seus bolsos e destrancou a porta com as mãos meio que a tremer. De seguida fechou os meus olhos com os olhos, ouvi ele abrir a porta, e guiar - me para dentro da casa. As minhas entranhas já tinham dado mil voltas e o nervosismo me corroía.
Quando Guilherme retira as suas mãos da minha cara e eu abro os olhos pra olhar a minha nova casa tudo que consigo tirar da boca é um suspiro

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⏰ Última atualização: Nov 10, 2015 ⏰

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