Sons dos anjos

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  A cirurgia seria normal. Umas três horas na cirurgia e depois ficaria um tempo apagado pra... bom, não sei pra que. Deve ser mais uma dessas frescuras de médicos. Ficaria um dia internado e então poderei ver Gabrielle. Quer dizer, vou poder enxergar.

  Estava no carro, no banco de trás junto com Gabrielle, ouvindo minha mãe reclamar que eu fui extremamente sem educação. Eu poderia ter sido pior e não aguentava mais minha mãe falando na minha cabeça.
  No momento que ia abrir a boca para  gritar, senti uma mão fria encostando na minha. Comecei a reparar em como suas mãos sempre estavam frias, e em como ela parece ser muito pequena. Quando eu falo que ela parece ser pequena não estou falando de cinco centímetros, estou falando que ela parece bater abaixo do meu ombro! Quando ela me guiava parecia uma criança de sete anos! E tudo o que eu consigo pensar é que eu posso estar apaixonado por uma anã!
   Acordei dos meu pensamentos com minha mãe quase gritando:
  -Está me ouvindo Thomas? Seu pai e eu estamos cansados de suas gracinhas! Se você não parar com isso iremos te levar para a Dr. Anne de novo!
  Meus pais não eram muito presentes e acreditavam que me levar no psicólogo  era algum tipo de castigo, mas a mulher era uma velha surda que não entendia nada que eu falava. Realmente não sei por que ela é considerada uma das melhores de Londres.
  - Tá bom mãe, já entendi - na verdade não tinha entendido porra nenhuma e ouvi um risonho vindo de Gabrielle.
  Ela me conhecia melhor que minha própria mãe, e por incrível que pareça isso não é ruim.
                               ........
  Entramos todos em casa e eu fui com Gabrielle ate meu quarto.
  Meus pais realmente não são bons, eles deixam dois jovens sozinhos em um quarto. Isso poderia ser muito perigoso se eu não fosse cego.
  - Quer fazer algo Tommy?
  Não pense que esta sozinho em um quarto com a menina que você é apaixonado Thomas! Não pense, não pense, não pense!
  -Claro. O que você quer fazer?
  -Seus pais me falaram em um jantar que você sabe tocar alguns instrumentos.. Pode me mostrar?
  Pais são uns fofoqueiros que ficam disputando qual filho é melhor. Deve ser algum jogo de adultos, mas todos sabem que nessa disputa Gabrielle venceu. Ela é educada, provavelmente bonita pois Monica vive elogiando seus cabelos e roupas, e se tem uma coisa que essa velha não é, é falsa. Cheirosa e carinhosa, alem de não ter nenhuma ... limitação.
  -Pelo jeito meus pais andaram fofocando - sorrio e passo as mãos na barra de minha blusa- espero que goste de piano.
  Ando ate a sala de música, que fica ao lado do meu quarto, me sento no banco e espero ate escutar a respiração de Gabrielle.
  -Você toca tudo isso?- ela perguntou, provavelmente reparando em todos os instrumentos da sala, que realmente são muitos.
  -Você esta louca? Claro que não! O violino ainda estou aprendendo- sorrio
  - Ho claro- ela riu - tem uma flauta?
  -Ter tem, mas pra que precisa de uma flauta? - ok minha pergunta pode ter sido retardada.
  - Para tocar ue! O que mais eu faria com uma flauta? -ela continua rindo e eu acado rindo junto. Mas que merda! Tenho que parar de ser retardado! Desde quando você ri dessas merdas Thomas?
  - Ela está naquela estante de cima.- disse quando parei de rir
  -Qual das estantes? A alta? - ela pergunta com sua voz um pouco assustada
  - Sim. Quer que eu pegue?-  não vou estragar esse momento com uma pergunta que vai deixar ela nervosa.
  -Quero sim - escuto um leve suspiro, me levanto, pego a flauta e volto para meu lugar.
  Ela pega a flauta e fala que iria me acompanhar. Começo a tocar uma melodia que eu mesmo fiz quando tinha 13 anos. Não é a melhor, mas é minha preferida e seria fácil para Gabrielle me acompanhar.
  Eu posso jurar que quando ela começou a tocar nem a voz de anjos seriam mais bonitas do que os sons que saiam daquela sala.

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