P.O.V. Thomas
Eu sabia que meus pais, Harry, Dr. Jackson, uma enfermeira e Gabrielle estavam no quarto, assim como sabia que a cirurgia podia não dar certo comigo e eu continuar sendo o bosta em que todos os métodos dão errado, o estranho, o centro de pesquisas, o diferentão!
O preço pode valer a pena, ate porque, não deve servir de nada eu sair desse mundo sem ver as supostas maravilhas que todos tanto falam.
Mas, o que mais me incomoda é a esperança de todos. A esperança que eu vou enxergar e, pior ainda, a expectativa que eu criei em poder ver. Não se trata de decepcionar só a mim, mas também quem me apoiou. Principalmente Gabrielle.
Alem disso, caso a cirurgia não de certo eu vou ter que me submeter novamente a mil testes, mil remédios e outras milhões de cirurgias. A pouca felicidade que eu normalmente tinha, e que agora tenho, vão sumir, junto com a minha esperança e de todos ao meu redor.
-Já esta pronto? -A enfermeira perguntou.
-Todos estão aqui? -perguntei.
-Sim.
-Gabrielle está perto de mim e ela vai ser a primeira que eu vou ver?
-Sim Thommy. -Gabi respondeu, com a voz levemente rouca.
-Então, vamos logo com isso.
Senti as mãos da enfermeira tirando aquele treco quente pra caramba, que estava tampando apenas a região dos meus olhos e parte da testa.
Apos toda a faixa ser tirada eu senti uma luz bem forte que me incomodava um pouco.
-Abra os olhos Thomas. -Dr. Jackson disse.
Me esforcei para abri-lós, pois eles pareciam estar colados e apos algum tempo comecei a ver umas coisas sem forma nenhuma. Muito, mas muito borradas.
-Vou colocar um colírio nos seus olhos. Pode arder um pouco. -A enfermeira avisou.
Senti a gota batendo no meu olho e me encolhi. Fala serio, essa coisa é do capeta! Pra que colírio moça? Me deixa cego mesmo! Pelo menos não precisa disso!
Depois de fazer a mesma coisa com o outro olho eu os fechei e fiquei respirando fundo. Na verdade, estava esperando meu olhos voltarem para a temperatura ambiente, já que aquela coisa horrível destruidora de lares era fria pra caramba.
-Pode abrir os olhos quando quiser. -O médico disse.
-Pelo amor de Deus! Cala a boca e me deixa abrir meus olhos na hora que eu quiser!
Escutei uma risadinha vindo do meu pai e da Gabi, enquanto minha mãe fala algo do gênero "nem agora ele consegue se comportar melhor!"
-Gabi. -chamei por ela -você ta aqui perto né?
-Estou sim Thommy.
-Okay. -respirei fundo, contei até três mentalmente e comecei a abrir os olhos.
Dessa vez eu consegui identificar a forma das coisas e eu acredito que isso na minha frente é uma parede com algumas coisas penduradas.
-Vira o rosto pra esquerda. -Gabi disse.
Assim fiz e eu a vi.
Seu rosto clarinho com o cabelo de uma cor bem viva e forte. Seus olhos eram vibrantes, assim como a personalidade dela.
Estiquei meus braços pra tocar o rosto dela e o cabelo. Seu rosto de perto tinha umas pintinhas meio castanhas, mas clarinhas ao mesmo tempo. Sardinhas. Ela sorria e tinha um espaço entre os dois primeiros dentes.
-Oi! -eu disse sorrindo.
-Olá!
-Qual o nome da senhorita? -perguntei brincando.
-O que? Você não sabe?- ela perguntou confusa.
-Entra na brincadeira caramba!
-Ah ta! Desculpe. Eu sou Gabrielle, e o senhor?
-Com todo o respeito, a senhorita é de uma beleza extraordinária! Sou Thomas.
Ela começou a rir e balançar a cabeça.
-Como o senhor pode ter tanta certeza?
-Porque tirei essa conclusão com meus próprios e pouco usados olhos, além dos meu pais e a Mônica falarem isso toda hora. -disse dando de ombros.
-MEU DEUS VOCÊS SÃO TÃO FOFOS! -escutei Harry falando/gritando.
Harry era bem alto. Seus olhos eram parecidos com o de Gabi na cor e seu cabelo era um pouco menos chamativo, apesar de bem grande.
-Nossa, o Harry é bem mais alto que você Gabi. -disse.
Os olhos de Harry se arregalaram e ele engoliu em seco, como se eu tivesse falado algo errado e todos estavam mais calados do que o esperado.-Eu falei alguma coisa errada? -perguntei
-Olhe pra mim. -Gabi disse com a cabeça baixa.
Ela começou a ''flutuar'' pra trás. Agora ela me encarava nos olhos e ela estava um pouco desesperada.
Quando percebi ela estava sentada em uma cedeira de rodas bem estilosa.
-Ah sim, você está sentada! Agora esta tudo explicado! -disse.
-Você não esta entendendo direito Thommy...
-Entender o que? Que você é cadeirante, nunca me falou e eu descobri isso sozinho?
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As cores
RomanceComo um garoto com apenas 16 anos podia ser tão frio? Thomas é um garoto cego, que não se importa nem um pouco com o sentimento das outras pessoas e não acredita em amor ou qualquer sentimento bom que o mundo possa oferecer.