As cores

Doutor Jackson

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  Estava esperando por Gabrielle, como eu sempre faço. Ela costuma chegar as 17:00, mas nunca tenho nada pra fazer, então minha semana é resumida em dormir comer ler ignorar as pessoas e esperar a chegada da tão esperada sexta-feira.
  Escutei os passos de Monica e ela falou
  -Senhor Thomas, tem alguém te esperando la na sala. Não me falaram quem é.
  Com a maior rapidez possível pedi para que ela me guiasse ate a sala, pois achei que era Gabrielle. Estranho ela sempre vai ate o meu quarto.
  Mesmo assim desci até a sala e escutei passos firmes. Essa não era a Gabrielle. Eu nem consigo escutá-la andando.
  - Quem é você e o que está fazendo na minha casa?
  - Olá Thomas. Sou eu, o Dr. Jackson. Seu médico. - ele disse sem emoções,  como sempre.
  - Ah claro! O médico que não respeitou minha escolha de parar um tratamento inútil, me chamou de babaca por isso e eu desejo que morra?- disse sendo sarcástico.
  Eu nunca fui sarcástico, mas Gabrielle me ensinou que o sarcasmo é melhor que pedir que a pessoa morra pois ela não é importante pra ninguém.
  -Thomas, eu sei que tivemos os nossos desentendimentos, mas é passado.-ele falou
  - Não me importo. Saia da minha casa.
  Ele respirou fundo e bateu a mão no braço do sofá.
  -Me escute garoto e para de ser mimado igual você sempre foi! - ele falou, e pela primeira vez com alguma emoção, não como uma máquina.
  -Eu sou mimado?-perguntei e dei uma risada sem graça - você sabia que eu não ligo pra sua opinião? Por mim você estaria morto.- disse começando a me exaltar.
  - Cale sua boca e me escute Thomas. -eu não queria me calar, mas o escutei. - Eu vim aqui por que surgiu um novo método. Uma cirurgia na verdade, que pode te curar. Você seria o primeiro a passar por esse processo depois, das cobaias claro. Em alguns deles a cirurgia não obteve 100% de resultado, mas recuperaram pelo menos 70% da vista e fazem o tratamento que você fazia e estão mostrando progressos.
  Esperei que ele terminasse de falar e disse:
  -Eu não me importo pra porra nenhuma de cirurgia. Eu SOU cego e isso não vai mudar. NUNCA! - escutei Mônica chegando perto de mim- fica quieta Mônica.
  -S-sim senhor Thomas.
  - Agora Jackson-disse mais calmo-saia da minha casa e vai seguir sua vidinha de merda sem me atormentar.
  -É doutor Jackson. E eu vou deixar meu cartão com você Mônica, qualquer coisa me ligue.
  -NÃO ME IMPORTO COM SEU NOME!!!- disse quebrando um vaso que ficava á minha esquerda. - SAIA AGORA DA MINHA CASA!
  Escutei ele saindo de perto de mim e saindo da casa. Mônica quis me ajudar a ir para o meu quarto, mas pedi desculpas pra ela e disse que ia sozinho.
  Fui andando até onde acreditava ser a escada. Consegui subir sozinho, mas quando chegai ao topo da escada ouvi a porta de entrada sendo aberta.
  -Bom dia Mônica! - era Gabrielle- uouu o que aconteceu aqui? Achava esse vaso tão bonito.
  - Oi Gabrielle! - disse me virando. Mesmo sem poder vê-la posso imaginar ela chegando.
  Não sei dizer o que aconteceu, mas senti meu corpo caindo e é uma pancada em minha cabeça.
  Que merda.