One.

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01 de Dezembro de 2015

    Estava ficando cada vez mais frio em Londres, a água quente do meu chuveiro já não estava tão quente como no verão, as árvores já não estavam floridas e as pessoas agora pareciam ursos com suas roupas grossas e protetoras.

    Abro a porta de vidro da minha sacada e observo a rua deserta, o ar está úmido e ligeiramente pesado. A grama do meu jardim está soterrada por uma grande e pesada camada de neve, deixando a vista ainda mais cinzenta. Eu olho para a casa rústica à minha frente e me lembro da carta que recebi ontem.

Eu deveria devolver para o remetente ou entregar para o destinatário?

    Meus pés caminham para dentro do meu quarto, que agora já não está tão quente como quando eu acordei. Fecho as portas novamente para tentar manter o restante de calor ali presente. A cidade estava em festa, os soldados chegam hoje e toda a atenção que eles recebem de agora em adiante é pouca. Bom, isso foi o que os noticiários disseram.

    Desço as grandes escadas da minha casa e a rua já não está mais tão calma. Olho pela porta de vidro e vejo um grande caminhão parando em frente minha casa. O motorista desce do veiculo e acena pra mim, eu odeio o fato da minha porta ser de vidro, qualquer pessoa que passa lá fora consegue ver minha sala. Empurro a porta e ele olha para minhas pernas expostas. Eu acabei de acordar, não vou trocar meu pijama agora.

"É aqui que mora... Zayn Malik?" Ele faz uma pausa enquanto lê a ficha com dificuldade, conferindo se o nome é realmente esse.

"—Desculpa, mas você está no endereço errado."

"—Não, ele me passou o endereço certo." O loiro afirma, guardando a pequena ficha em sua bolsa lateral novamente.

"—Ele é ex soldado." Ele acrescenta, fazendo-me lembrar rapidamente.

"—Ah, é essa casa à frente." Meus dedos apontam para a residencia vazia.

"—E por falar nele, ali está, obrigada mocinha." Ele caminha em direção ao homem vestido de preto, me deixando ali sozinha na porta.

     Ele tem o cabelo levemente arrepiado, seus olhos encaram o entregador mas rapidamente se direcionam em minha direção, encontrando os meus. Eu sustento o seu olhar frio e tenso, carregado de inquietude, deixando-me arrepiada, não pelo frio mas sim pela sua intensidade. Suas pernas se curvam enquanto ele recolhe sua bolsa no chão, me questiono o que há dentro dela, perdendo-me em minha imaginação enquanto o homem misterioso adentra em sua casa.

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