06 de Dezembro.
Faz exatamente cinco dias que o meu vizinho se mudou e até agora não há sinal dele. Todas as vezes que eu subo para o meu quarto e olho pela porta de vidro da minha sacada eu não vejo nenhum sinal de vida. A casa está completamente morta e tem um pouco de neve em sua varanda, ele nem sequer se deu ao trabalho de puxar a cobertura para tampar a mesma.
Minhas botas entram em contato com a neve caída em minha porta, toda a grama do meu jardim está coberta com esses pequenos flocos de gelo. Olho para os dois lados da rua antes de atravessar, ato desnecessário visto que a rua está vazia. Minha respiração está pesada e eu posso ver o ar quente sair da minha boca e ser tonar um nevoeiro gelado.
Minha língua molha os meus lábios rachados causando uma leve ardência, o gosto leve de sangue invade minha boca, fazendo-me questionar que talvez seja necessário que eu use um protetor labial. Nesse momento eu estou parada na varanda do meu vizinho (se me lembro bem, o mesmo chama-se Zayn). Retiro minhas mãos de dentro do meu casaco e as esfrego em busca de esquenta-las ainda mais, minha tentativa falha e eu volto a colocá-las no bolso novamente.
Estou preocupada, sua casa está parada faz dias, se eu não tivesse o visto, jamais saberia que teria alguém morando ali. Me preparo para tocar a campainha mas em questão de segundos, a porta se abre e eu dou de cara com o moreno. Caminho um pouco para trás assustada e o mesmo continua me encarando. Ele está vestindo somente com uma calça de moletom cinza, em sua barriga tem alguns curativos e sua mão está enfaixada.
Como ele consegue estar somente de calça? Eu tenho certeza que o meu nariz está vermelho por causa do frio e ele está só de moletom. Minhas mãos estão doendo e eu posso sentir a minha pele se arrepiar somente ao ver a neve caindo gradativamente. E ele ali, como se o frio não fosse capaz de afeta-lo.
"—O que você quer?" Ele me olha estranho por um tempo, mas a sua expressão logo suaviza ao perceber o meu nervosismo.
"—Nada." Eu digo como se realmente quisesse o convencer de que estava parada em sua porta fazendo nada, abaixando o meu olhar rapidamente.
"—Quero dizer, queria saber se você está bem." Reformulo minha frase, tentando parecer o menos maluca e o mais correta possível.
Ele está pálido, barba sem fazer, cabelos bagunçados, ele me parece doente.
"—Por que se importa?" O moreno me pergunta de uma forma rude e fico sem palavras. Por que eu me importo?
"—Bem, eu só queria saber se está tudo bem."
"—Você já viu." Ele me responde friamente sem nem esperar que eu terminasse minha frase direito.
Meus lábios se curvam e eu me despeço com um sorriso fino, se eu soubesse que ele seria tão rude, teria continuado em casa. Atravesso a rua e caminho novamente em direção a minha casa. Minhas mãos entram em contato com a superfície fria da maçaneta me fazendo estremecer, retiro as minhas botas e antes de entrar eu o olho novamente.
Sua expressão é fria, mais do que a neve.
Fecho a porta e respiro o ar quente em minha casa, respiro fundo deixando todo o ar invadir meus pulmões. Vou até ao meu aquecedor e o desligo. Se eu quero ficar aqui por mais um mês, acho melhor economizar até eu arrumar um emprego.
Subo as escadas e vou logo em direção ao meu quarto. Tiro minhas meias e ligo o aquecedor do meu quarto. Eu sei que estou passando por dificuldades, mas morrer de frio em minha própria cama não está em meus planos. Removo minha roupa suja do meu corpo, dobro-a e deixo a mesma em cima da cômoda, para que quando eu descer eu possa levá-la a lavanderia.
Meus pés correm contra a madeira gelada até o banheiro, ligo a torneira para encher a banheira com a água quente e recolho a toalha do armário na parede, entrando na água logo a seguir, sentindo todo o meu corpo se relaxar com a temperatura da água.
Sempre gostei de lugares frios mas agora que já estou acostumada, não é algo que eu venho gostando ainda.
Depois de alguns minutos de relaxamento, saio da banheira e me enrolo em uma toalha, meu cabelo seco se solta do coque que eu havia feito e suas pontas ficam levemente encharcadas ao entrarem em contato com a minha pele úmida.
Saio do meu banheiro e a primeira coisa que me chama a atenção é a imagem do homem moreno, o mesmo ainda estava com pouca roupa; e em sua sacada. Eu corro para me vestir, pego a minha blusa de frio rosa e logo em seguida visto minha calça preta.
Quando eu volto para o mesmo local de antes, ele ainda está lá, observando a neve, usando somente seu moletom. Caminho até a minha porta abrindo-a. O vento frio começa a entrar pela pequena passagem que agora existe entre meu quarto e a sacada, fazendo o meu corpo tremer de frio, trazendo-me a certeza de que eu pegarei um resfriado forte. Isso faz com que eu consiga a atenção dele, o mesmo me olha com um olhar ameaçador e em questão de segundos ele volta para dentro.
No peitoril da sacada se encontra um cacto, deixado por ele nesse instante ainda. Disso eu tenho certeza, pois antes que eu saísse o mesmo não estava ali. Termino de abrir a porta e recebo alguns flocos de neve vindo em minha direção (outros paravam em meu cabelo, outros em minha roupa.) Assim que me aproximo mais, consigo ver uma poça de sangue vermelha em meio a toda aquela neve acumulada. Um vermelho quente e forte, parecia derreter o gelo, era intenso e muito atrativo por sinal.
Volto para dentro e fecho a janela assim que percebo os meus olhos arderem com o frio. Eu me pergunto o que está acontecendo com o meu vizinho e o que se passa em sua mente perturbada.
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Warworn
Teen Fiction❝Ele era um homem perturbado, com uma mente brilhante e um coração vazio.❞ Copyright, © 2015 Searchles, Inc. All rights reserved. [Zayn Malik Fanfiction]