1;lost boys

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Guardo meus sprays e ajeito a mochila nos ombros, ando sem preocupação perto da linha ferroviária desativada a anos atrás.
- Ei, moleque!- viro a cabeça e um ahjussi que eu julguei ser policial pela farda e o carro, me encara com desprezo, paro no mesmo instante.

- Sim, senhor?

- Foi você que pichou aquilo?- ele aponta para minha obra de arte.

- Eu gosto de Seoul- dou de ombros.

- Gosta de Seoul é? O que você tem nessa bolsa aí!?- continuo o encarando- Vai ficar parado pirralho de merda?! Você vai pra cadeia junto com os maranjos você vai ver qual é o destino de um punk, eu sou a lei!

- Se diz marmanjos...

- Que?- sua fisionomia muda para confusa.

- Se diz marmanjos... Você disse maranjos- ele cerra os punhos, já preparo meus pés.

- Ainda por cima quer me corrigir? Agora eu te pego... VOLTA AQUI GAROTO!

Comecei a correr o mais rápido que minhas pernas permitiam, o guarda apesar de gordo corria como um cavalo, o medo de ser pego me fazia olhar para trás consecutivamente, ao virar para frente vi que estava em uma ponte de concreto quebrada, abaixo, os trilhos enferrujados do trem chamavam atenção entre a grama verde, o ahjussi se aproximava devagar ainda com suas provações toscas.
Era alto demais para pular nos trilhos, a outra parte da ponte de concreto estava um pouco distante mas ainda sim era o melhor a se arriscar.
- O que está fazendo, garoto não tem pra onde correr- tomo impulso, pulo e meu corpo se choca contra o concreto, instantaneamente uma dor se alastra na minha costela, seguro firme tentando subir porém é quase impossível.
- Calma garoto! VAI FICAR TUDO BEM, NÃO SE MEXA MUITO o que eu faço, o que eu devo fazer?- agora ele quer me salvar? Se não tivesse em uma situação difícil eu chutaria a cara dele, estou literalmente pendurado no ar, fecho os olhos respiro fundo uma péssima idéia meu corpo todo dói. Balanço a cabeça juntando minha força restante e consigo finalmente me erguer para cima da ponte, me deito ofegante. Decido não brincar com a sorte e seguir meu caminho, levanto com dificuldade e de longe ouço o guarda me xingar por ter escapado. Bipolar maldito.
Quando alcanço a estrada mais próxima o céu já está escurecendo, sigo pela mesma e tento pedir carona quando carros passam mas sem sucesso.
Já estou esgotado e faminto, sinto que vou apagar a qualquer momento, me sento no acostamento respirando fundo, minha costela ainda dói.
- Está tudo bem, Taehyung?- olho para o lado, sorrio, a voz conhecida me acalma.
- Sim, eu sou forte Omma!- é ela com a mesma roupa e alguns machucados pela face, minha mãe, seu sorriso doce desaparece junto com ela quando os faróis de um carro se iluminam contra mim.

- Ei! Você está bem?!- um garoto de cabelo rosa claro se aproxima, ele é tão pálido que se parece com as aparições da minha mãe, atrás dele surge um cara alto e meio moreno, ele usa boné com o gorro por cima de longe eu afirmaria que ele é um gangster, os encaro perplexos.

- Como é seu nome?- ele estica a mão para mim, aceito e me levanto reprimindo uma careta de dor com um sorriso forçado.

- Um gato comeu sua língua ou coisa parecida?- o pálido pergunta, arqueio as sobrancelhas.

- Não!- digo rouco e limpo a garganta.

- Que grande surpresa! Ele realmente sabe se comunicar com humanos- o gangster diz para o outro como se eu não estivesse ali- Seu nome? Você lembra?

- Ou sabe?- o outro completa.

- Kim TaeHyung e o de vocês?

- Você só precisa saber que meus nomes na estrada é Suga- o menor arruma a jaqueta de couro, tentando parecer descolado.

- Rapmoon- o gangster força um sorriso e começa a gargalhar sozinho, Suga acompanha o amigo e eu, bem, eu fico sem entender mais um vez.

- Precisa de uma carona dos garotos perdidos?!- Suga me abraça pelo pescoço, quando abro a boca para responder Rapmoon me corta.

- Então chegamos na hora certa!- ele pisca, sou literalmente arrastado para perto da Picape preta, os dois entram no carro e eu fico do lado de fora assimilando e me perguntando o que seria aqueles dois.
Eu não podia pensar demais, eu não tinha escolha a não ser ir para o mais longe possível e tentar recomeçar.

Respiro fundo e abro a porta de trás da Picape preta, jogo minha mochila e ouço alguém resmungar, abaixo o olhar.
- Só mais cinco minutos, Hyung...- um garoto se remexe.
- Tem quantos de vocês aqui?- Suga se vira olhando para mim, ele pensa e começa a contar com os dedos.

- Sete?!- sento ao lado do garoto meio adormecido e fecho a porta.

- Com você, sete!- ele confirma com a cabeça e se senta olhando para a frente.

- Se são sete... Cadê os outros três?

- Wow, ele é bom em matemática Namjoon!- Suga diz dando um tapinha no ombro de Rapmoon que revira os olhos.

- Foram no mercado- ele aponta para o lado, minha barriga ronca no mesmo instante, os dois gargalham- Parece que paramos na hora certa mesmo.

Vejo mais três garotos atravessarem a rua com várias sacolas de papel nas mãos, eles sorriem e acenam para o carro, uma sensação boa passa pelo meu corpo me sinto estranhamente aliviado.

- Bem-vindo a família dos garotos perdidos-Rapmoon bagunça meu cabelo.

...

ahjussi; nome usado para homens mais velhos
punk; eles usam punk para se referir a pessoas rebeldes ou malcriadas etc
omma; mãe
hyung; irmao mais velho

LOST BOYS; {bts}Onde histórias criam vida. Descubra agora