Amanheceu rápido demais, e eu não sabia se havia mesmo dormido. Pâmela já estava arrumando as coisas para continuarmos a caminhada quando saí da barraca. Brad estava ao seu lado amarrando seu saco de dormir, e quando me viu, deu um grande bocejo antes de sorrir.
- Parece que alguém aqui não dormiu bem. - comentei, logo bocejando também. Eu e Brad gargalhamos.
- Toma. - disse Pâmela, me jogando uma barra de cereal - Coma, porque já iremos partir.
Olhei para ela procurando a minha Pâ. A mulher que cuidara de mim.- Tá... - eu disse, engolindo sem mastigar.
Assim que Brad desmontou a barraca em que eu havia dormido, passamos a andar para dentro de uma floresta. À luz da manhã, tudo ficava estranhamente bonito, mas era difícil seguir Pâmela, ela andava rápido demais. E o tempo todo, todos estavam calados, calados demais, e era horrível para minha mente perturbada.
- Então... - Brad pigarreou - Vai demorar muito, Pâ?
- Só estamos andando há vinte minutos, não faça corpo mole.
Parei de andar e soltei a mochila que estava em meu ombro, fazendo um ruido estranho ao cair no chão.
- Onde estamos indo? - perguntei, tentando manter a voz firme.
- Ande, Penny! - Pâmela ordenou, gritando sua voz estridente.
- Acho que mereço saber! - gritei de volta, com a voz já embargada.
Ela respirou fundo e parou, mas não se virou para mim.
- Eu conto o que você quiser. Mas por favor, podemos sair daqui?
Continuei imóvel encarando as costas de Pâmela, até que Brad veio até mim, pegou a mochila e agarrou minha mão, me fazendo caminhar. Nem contestei, já que parecia ter uma bola na minha garganta.
...
Andamos por umas três horas - na minha concepção distorcida de tempo - até chegarmos no meio do nada e Pâmela parar de repente. Nesse meio tempo andamos muito calados, e aquilo me dava nos nervos.
Pâmela chutou o tronco de uma árvore três vezes. Será que estava ficando louca? Passou alguns minutos e ouvi o barulho de um motor roncando ao longe.- Mas que merda... - disse Brad, se interrompendo no meio da frase.
- É ele. - disse Pâmela, mais para si mesma, com um sorriso no rosto.
E aí um jipe vermelho sangue atravessou as árvores com uma fúria absurda e freou alguns metros a nossa frente.
- Pâzinha! - gritou um cara ao sair do jipe, correndo em direção à Pâmela, com os braços abertos.
O sorriso de Pâmela se alargou e vi seus olhos brilharem.
- Marco... - ela disse, o abraçado forte. Ficaram abraçados algum tempo, depois Marco passou o braço pela cintura dela e encarou Brad e eu com um sorriso muito branco.
- E então, prontos para a diversão de verdade?
Brad parecia excitadíssimo. Dei de ombros e ele mandou entrarmos no jipe....
-Bem vindos ao meu mundo! - disse Marco ao chegarmos.
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Sonhadora Incontrolável - A História de Penny Black
AventuraUm sonho... Ou não? Penny Black descobrirá que o mundo é bem maior que seu quarto e a verdade é tão variada quanto o tempo lá fora.