Percas

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Acordaram com uma sinfonia de clicks frenéticos e uma Vitória histérica.

-Precisamos ir! –ela disse.

Suas barrigas roncavam de fome e Jonah não queria se desfazer do seu sonho, onde estava deitado sobre um pilha de euros, alguns dólares e...

-Jonah! –chamou Vitória.

Jonah bufou.

-Se você não levar isso a sério, ótimo, eu posso fazer algo que eu quero há muito tempo. –disse ela.

Robert já acordara e Rachel estava semiconsciente; Jonah suspirou.

-Todo para você se resume a bater nos outros? –perguntou Jonah já se levantando.

-Basicamente. –respondeu Vitória.

Todos se ajeitaram rapidamente no carro, graças a Vitória; ela continuava histérica e dirigia como uma louca, tudo estava normal.

...

-Para onde vamos? –perguntou Rachel, cansada daquela monótona passagem campal.

-Para o Norte. –respondeu Vitória.

-Já estamos no Norte, mais ao norte e estamos no Canada, e de verdade, não acho que seja uma boa fugir do país. –disse Jonah.

Jonah nunca acreditava que Vitória estivesse certa, não podia e não queria; era contra tudo o que acreditava e que lhe ensinaram; Vitória o achava divertido por isso, além da raiva e do ódio, ela também gostava de saborear o sabor da decepção alheia.

-Ao Oeste do Norte, para ser mais específica. –Vitória disse.

-Você vai nos fazer dar a volta nos Estados Unidos?!

-Não completamente. –disse Vitória sorrindo.

O sorriso de Vitória era algo que retumbava pelas almas alheias, algo pelo qual homens e mulheres acordariam a no meio da madrugada, alguns assustados, outros deslumbrados, e com toda a certeza, todos delirantes; era puxado apenas para um lado, como se um gancho invisível o fizesse, era o chamado à carnificina, era o motivo pelo qual o mundo ainda parecia girar, quando na verdade, ele estava parado.

-Nós vamos fazer uma pausa daqui à alguns minutos vamos parar para comer, depois disso continuaremos. –disse Vitória.

-Onde estamos? –perguntou Robert.

-Atravessamos a fronteira. –respondeu Vitória,

-Vitória! Não se atravessa uma fronteira como se atravessa uma porta! Devem ter policias atrás de nós agora! Ai meu Deus eu vou te matar! –disse Jonah.

Vitória estava se cansando da repetitividade das palavras de Jonah, a falsa coragem era irritante, os covardes eram terríveis, mas pior ainda eram aqueles que se achavam corajosos e não tinham coragem para enfrentar nada, esse era o caso de Jonah, e por isso Vitória desejava que ele desaparecesse dos universos, independente de quantos tenham.

-Fique tranquilo meu bem. –disse Vitória. –Isso é apenas o começo.

...

Pararam em Ruidoso Downs, Novo México, encontraram uma loja de conveniência para a sorte de todos os famintos, fechada; infelizmente Vitória tinha perdido sua chave-mestra no pequeno furto à loja, mas isso não era problema, recorrer aos métodos primatas de se arrombar uma porta era fácil, com um golpe de Vitória a porta foi ao chão, todos entraram e comeram como se não houvesse amanhã, pegaram o alguns mantimentos e iam emborra, mas Vitória disse que ainda tinha algo a resolver e que voltassem ao carro para espera-la.

-Vitória, o que você vai fazer? –perguntou Jonah.

Vitória sorriu.

-Algo que você vai achar um péssima ideia, então, nada de novo. –respondeu.

Relutantes eles saíram, Jonah ainda não acostumado com essa displicência vindo de outra pessoa além dele, Rachel apenas com medo e Robert fascinado com a perspicácia, mesmo que delirante, de Vitória.

Vitória respirou, sentira o cheiro do ar seco, sim eles tinham andado em círculo, mas não iriam voltar para o mesmo lugar, o que prendia Vitória naquela loja de conveniência era a mesma coisa que ainda a prendia na vida, era o desejo obscuro, a vontade inebriante e a sede claustrofóbica de destruição; Vitória apanhou um punhado de fósforos que tinha encontrado e acendeu um, Vitória sempre amara o fogo, a sua energia, a sua imprudência e a sua imprevisibilidade.

Ateou-o primeiro no computador ligado a caixa registradora, desmontando-o e ateando fogo em cada placa e circuito daquele aparelho, jogava os seus destroços flamejantes distribuindo-os pela loja, deixando suas mãos queimadas, seus braços também sofreram a consequência das minis explosões de faíscas que as placas soltavam ao serem queimadas; mas Vitória apreciava até mesmo essas coisas, cada nervo seu que gritava era como música para ela, e o fogo que se alastrava pela loja de conveniência era a dançarina que coreografava essa música; quando Vitória achou que já houvera demorado demais apreciando aquela dança, abriu os potes de álcool e despejou-os sobre o fogo, fazendo uma mare de chamas lamberem suas calças e botas; foi bom conhecer esse lugar.

Quando Vitória voltou a visão dos outros ela estava queimada, coberta de fuligem, e era a imagem da glória, o seu sorriso era mais vibrante do que antes, mil vezes mais louco, e parecia levar consigo o brilho ardente das chamas, neste dia, um dos quatro perdeu o coração.

...

Dirigindo o mais devagar possível em uma BMW, Vitória consegui chegar em Oklahoma às sete horas, não havia contado aos outros ainda o plano, nem contaria, apenas parte dele; eles conseguiram mais uma vez passar pelas fronteiras, os vidros dos carros eram escuros o suficiente para esconder quem estava dentro e Vitória se assegurou de arrancar fora a placa do caro, naturalmente isso era crime, mas eles já haviam cometido demais para se preocuparem, até mesmo o histérico Jonah estava começando a se acostumar.

O que eles iriam fazer hoje era simples, mas ela nunca havia tentado, pelo menos não nessas circunstâncias, Vitória estacionou o carro numa região afastada, agora era a hora de trabalhar, bebês.

-Ás nove horas eu levarei vocês a um lugar, esse lugar terá sua segurança completamente desligada por meia hora. –disse Vitória.

-Duas perguntas. Que lugar é esse? O que vamos fazer lá? –perguntou Jonah.

-Você vai saber, mas basicamente nós vamos entrar lá, apenas. –disse Vitória.

-Para que? Como? –perguntou Jonah.

Vitória revirou os olhos, vai a merda Jonah.

-Você pergunta demais, garoto. –disse Vitória. –Mas tenho um plano a passar para vocês.

Todos prestaram atenção, era a primeira vez que cometeriam um crime, até agora seu único crime teria sido compactuar com Vitória, mas agora eles estavam em ação, e a probabilidade de estragarem tudo era 90%.


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⏰ Última atualização: Nov 15, 2015 ⏰

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