Capítulo 2

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Logo depois de nossa tarde no parque, Alyna se sentiu mais próxima de mim. Andamos de mãos dadas e dedos cruzados até meu carro, onde seguimos até um restaurante para jantar. Ela me falou mais sobre as crianças de sua creche, fez mais perguntas sobre meu trabalho ou minha vida e, claro, perguntou sobre meus pais.

Meus pais. Havia me esquecido deles.

Combinamos que eu os apresentaria quando estivessem disponíveis, já que o trabalho lhes consumia em tempo integral. Ela pareceu engolir minha desculpa; a verdade, é que não sei se eu estou preparado para apresentá-la aos dois. Não tenho vergonha dela, tenho vergonha deles. Alyna está acostumada com pais carinhosos que sempre põe seus filhos à frente de tudo e todos. Logo no primeiro dia de Janeiro, li sua segunda carta, que falava muito sobre seus pais e suas qualidades. Me senti mal por ser tão bem tratado pelos dois, quando não sei se Alyna será retribuída com o mesmo carinho pelos meus. Meus pais têm a ideia de que terei uma destinada como meus amigos e os filhos de seus amigos, mulheres ricas, modelos, encaminhadas profissionalmente. Alyna não é rica, apesar de não passar por dificuldades, não é uma modelo e trabalha em uma creche infantil.

Minha relação com senhor Becker tem melhorado a cada vez que nos encontramos, o que acontece com bastante frequência aos finais de semana. Ele prefere que fiquemos em baixo de seu teto, a levar Alyna para meu apartamento. Não o julgo, sei que ainda não tenho 100% de sua confiança, por isso, farei o que for possível para não acabar com a pouca que ele possui em mim. Na época de natal, Alyna se mostrou uma verdadeira mulher com dotes caseiros, preparando a massa que havia prometido para mim. Me senti feliz e sortudo por possuir uma destinada que soubesse cozinhar e não se importasse com as quantidades calóricas de uma refeição. Vejo, com frequência, meus amigos reclamarem de terem de comer salada quando querem comer comidas gordurosas e não poderem extrapolar quando saem para jantar.

No dia seguinte, preparei para que tudo acontecesse de acordo com o que eu quisesse. Em nosso primeiro natal juntos, não poderia deixar que ela recebesse menos do que esperava. Durante os dias até a data, ela sempre me disse que contanto que eu estivesse junto, ela estaria feliz; contudo, conseguia ver em seus olhos, a curiosidade em saber como seria seu presente. Dias antes, fui até a clínica de seu pai pedir sua mão em casamento. Como deve ser feito. Como eu acredito que ele espera que deva ser feito.

Assim que adentrei em seu escritório, vi em seu olhar que ele sabia a razão de eu visita-lo e ter minhas mãos nervosas suando excessivamente.

- Sente-se, Henry. – apontou para a poltrona à frente de sua mesa. – Em que possa ajudar?

- Não estou doente, senhor Becker. Vim aqui para outro propósito.

- E ele seria?

- Bem... – limpei minha garganta. – Sei que estou muito adiantado, comparado ao prazo que recebi do senhor para me casar com Alyna. Mas parte de mim acredita que devo garantir que estarei com ela para sempre. Esses últimos dias que passei em sua companhia me fez perceber que sou muito mais dependente dela como homem, do que ela de mim, como mulher. Por isso, juntei toda a coragem que tenho para vir lhe pedir a mão de sua filha. – coloquei em sua mesa, a caixa com a aliança que havia comprado para ser colocado no dedo de Alyna. Senhor Becker me encarou em uma seriedade serena. Ele não estava bravo ou ofendido por ter me adiantado, parecia entender meu ponto de vista. O alívio tomou conta de meu corpo quando recebi a permissão de pedir Alyna em casamento, contanto que a festa fosse somente depois do meu prazo. Fiquei feliz somente de ter recebido mais este voto de confiança; além do mais, não sei como passaria a notícia a Alyna de que não poderíamos noivar, quando já havia a pedido em casamento.

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