Capítulo 8

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Assim que terminei de ler a carta do mês de Alyna, suspirei. Nele, há muitos questionamentos que não gostaria de ter de responder para ela algum dia. Me apaixonar, ter alguém em meu passado, ter me visto em algum lugar... Honestamente, minha maior preocupação é ela ter consciência dessas respostas.

Coincidentemente, eu e Alyna havíamos combinado uma viagem com a família dela e uma de suas melhores amigas, Blake e seu namorado, Martin. Martin e eu nos conhecemos fazem alguns anos, mas nunca conversamos mais do que cinco minutos. Por ele ser dono da rede de supermercados e eu da transportadora, é normal que tenhamos um contato profissional; jamais imaginaria que estaríamos ligados em nossas vidas pessoais. Ao contrário de mim, Martin sempre foi um cara sério, preocupado com o ambiente e os sentimentos das pessoas, por causa disso, nossos encontros duplos com Alyna e Blake nunca foram mais do que conversar somente o necessário. Alyna já demonstrou seu desconforto quando voltamos de um de nossos jantares, afinal, Martin sempre quer mostrar que é um cara sério e eu admito não gostar de pessoas que querem se achar melhores que eu. O fato é que mesmo com nossas indiferenças, é bastante claro que aguentamos o que for por nossas mulheres. Se Aly diz que iremos viajar com eles e terei de me esforçar três dias inteiros para me dar bem com ele, não irei retrucá-la.

Cheguei à casa dos Becker às oito da manhã, como combinado com o senhor Becker no dia anterior. Nós iríamos de ônibus a pedido de Alyna, que disse não querer que ninguém dirija, já que são três longas horas de estrada. Então, deixaríamos nossos carros no estacionamento da rodoviária e pagaríamos a pernoitada deles durante os dias que estivéssemos fora. Apesar de não ser barato, ainda ficaria mais acessível para quem mora na Ala J.

- Pontual, como sempre. – senhora Becker abriu a porta com um sorriso. – Venha, estamos tomando um café da manhã reforçado.

- Com licença. – anunciei, vendo que apesar de ter sido pontual, como dito por ela, toda a família já estava reunida na cozinha.

- Bom dia, Henry! – ouvi alguns dizerem e retornei.

- Que bom que você chegou, Alyna está paranoica no quarto dela e não desce para comer, mas temos que sair em vinte minutos. Vá busca-la e fale para ela ligar para Blake, que está para se atrasar. – Cynthia ordenou, recebendo um olhar feio de senhora Becker. Ela me tratava como um irmão menor, mesmo tendo praticamente a mesma idade que a minha. Abri um sorriso e concordei, me retirando da cozinha e indo até o segundo andar. Assim como ela havia dito, Alyna estava caminhando de um lado para o outro, sussurrando palavras para si mesma.

- Achei que você estivesse com tudo pronto desde anteontem. – falei, me aproximando dela e lhe roubando um beijo.

- Eu estava, mas então fui revisar tudo hoje de manhã e vi que havia esquecido de um agasalho, então estou preocupada se me esqueci de algo mais. – mordeu o lábio, me fazendo querer beijá-la novamente, mas, assim que me aproximei, ouvi os passos das escadas, me fazendo desistir na mesma hora.

- Se esquecer, nós compramos um novo. Ligue para Blake, sua irmã pediu, já que parece que ela irá se atrasar. – pego o telefone na base que estava em seu criado mudo enquanto começava a fechar sua mala.

- Fala, mascotinha, ainda não terminou? – a voz de Max adentrou no quarto. Abri um pequeno sorriso ao ouvir o modo como ele a chama e o olhar bravo que ela lhe enviou em resposta. – Mau humor desde manhã não é bom. E aí, Henry?

- Como está, Max?

- Bem, bem. Sem muita coisa para fazer, como sempre. Eu te falei que estão querendo me derrubar no trabalho? – levantei minhas sobrancelhas, em surpresa. – Pois é. Acho que satisfiz muitos clientes bons e agora eles não querem mais os meus superiores.

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