Capitulo 2

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Nossa rotina ficou na mesma durante um bom tempo. Nunca trocávamos mais que três palavras enquanto ficávamos
juntos. Apenas contava as histórias e ele me ouvia. Até um dia em que ficamos até muito mais tarde na biblioteca e, na hora que saímos, começou a cair uma tempestade.
-Não acredito - ele disse, voltando para a parte coberta da biblioteca. A biblioteca municipal é um grande casarão antigo, mas bem conservado, com altas escadarias e janelas
gigantescas. - Logo hoje que estou sem carona.
-Se você quiser, posso te levar - falei, automaticamente, sem ao menos pensar que nem sabia seu nome, não sabia nada
sobre ele, apenas que adorava ouvir as obras que eu lia para ele.
-Não quero incomodar, não precisa. Viro-me aqui.
-Não vai atrapalhar em nada, vem aqui, te ajudo.
Fui até ele e o ajudei a entrar no carro. Pude sentir o tenso clima entre nós no carro. Ficamos em silêncio por um bom tempo. Como a biblioteca é no centro, tem um só caminho até certo ponto. Quando tive que saber qual rua tomar, quebrei o silêncio.
-Então, onde você mora? – pergunto, sem tirar os olhos da rua.
- Rua das Amoras, 29.
Penso em fazer mais alguma pergunta e me lembro de que nem sei seu nome.
-É então... Qual o seu nome? – ele me perguntou como se lesse meus pensamentos.
-Marina e o seu? – disse, com um leve sorriso nos lábios.
-Pedro.
E o clima voltou a ficar tenso.
Cheguei a casa dele e o ajudei a sair do carro, debaixo de uma garoa até que refrescante. Fiquei, pela primeira vez, cara a cara com ele. E pude ver como ele é bonito. Traços marcantes,
cabelos loiros e um sorriso lindo. Também percebi que ele até que tinha um corpo definido.
Toquei a campainha e uma senhora muito simpática saiu, com um avental amarrado na cintura, cabelo preso em um coque um pouco frouxo e chinelos de pelúcia. Ficou me encarando por um tempo, com um ar desconfiado.
- Oi, é... Vim trazer seu filho – falei, dando o braço para Pedro e dando um sorriso.
- Aí, graças a Deus – ela respondeu, limpando as mãos no avental – Já estava preocupada.
- A culpa foi minha. Eu que perdi a noção do tempo.
Ela abriu o portão e ele entrou.
- Vem, entre, querida – ela falou, passando as mãos pelo rosto molhado de Pedro – Não aceito um não como resposta.
Nesse caso, eu não tinha outra escolha senão entrar.

Superações do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora