Pensando alto

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E então: férias! Confesso que sofro de depressão pós início de férias, primeiro pela saudade dos colegas e amigos, segundo porque na primeira semana de férias eu não vou para nenhum lugar. E depois, eu, meus pais e minha irmã viajamos para a mesma praia onde os tios de mãe tem casa. Tem sido sempre assim se não me engano há uns 5 anos, desde que minha tia irmã de pai parou de alugar uma casa numa praia próxima (grande parte da minha família paterna se juntava e era muito legal).

O verão na casa dos tios de minha mãe também é bom, uma das vantagens é porque encontramos primos que só vemos de ano e ano, e é muito legal, mas no final dá uma saudade.... Amo muito eles ❤

Ah... Férias são tão boas... Pena que acabam tão rápido.

Bom mas agora vamos parar de falar nisso né? Não é nada interesante. As vezes ne empolgo. Ah e por falar em férias, se tem uma coisa que fazemos nela é dormir. Parece que todo o cansaço do ano acumula. E por falar em dormir, lembrei dos sonhos. Seja recheado com goiabada ou doce de leite, a boca lambuzada de açúcar no final vale a pena.

Êpaaaa calma aí dona Thaís, num se aveche não que não é esse tipo de sonho que ia se falar. É aquele que a gente sonha, nossa meta.

Se me perguntarem qual é o meu sonho, responderia que é viver no meu mundo imaginário. Eu sei, parece besta e infantil, mas é verdade. Vou explicar:

O meu mundo imaginário continua sendo na Terra, porém ninguém polui as águas, o ar e as matas. E ninguém desmata as florestas. Todos respeitam os animais. Todos vivem em harmonia com a natureza. Todos respeitam uns aos outros.
No meu mundo imaginário, não existe exclusão social e nem preconceito por conta de cor, sexo, aparência ou condição financeira. Não existe panelinha.
Apesar de nem todos terem a mesma religião (ou nem terem religião), há sempre um respeito pelo outro. Se dois povos querem um território, eles o dividem. Se nações estão em guerra, fazem as pazes.
No meu mundo imaginário, não existe corrupção, nossos líderes usam o dinheiro honestamente. Sendo assim não há problemas na educação, saúde, alimentação e também a cultura e todos os tipos de arte são muito mais valorizados.
E no meu mundo imaginário o problema da fome foi erradicado. Lá também ninguém desperdiça água, comida e energia.

Maaass voltando aqui, sei que esse sonho é pouco provável de acontecer enquanto eu ainda estiver viva, infelismente.

Bom, de volta a realidade. As minhas férias daquela vez foram mara. Ainda em dezembro viajamos para a praia e lá passamos o Natal e o Ano Novo, foi muito legal. E em Janeiro fomos para Fortaleza passear e fazer uma visita a minha vó e minha tia com seu marido e minha priminha. Várias pessoas da família foram. Detalhe: foi minha primeira viagem de avião.

E então: volta as aulas! E esse ano teve uma mega novidade: Peu e Jhonie viriam estudar no nosso colégio! Uhuul! Eu e Beta ficamos muito felizes. Apesar de não ser a mesma série, pelo menos nós quatro íamos ser ensino médio. E tenho uma coisa a dizer: Eu gostaria muito de ter tido um ensino médio igual ás High Scools dos filmes, mas não, tive que tirar meu cavalinho da chuva. Aqui é interior poxa. Mas eu não posso reclamar, de jeito nenhum. Enquando existem muitas crianças e adolescentes carentes sem educação de qualidade eu estou aqui, num dos melhores colégios da região e meus pais batalhando para pagar.

O começo daquele ano foi legal, até que divertido. É barril. Ou você estuda ou tchau. Fiz uma promessa para mim mesma que não ia mas pescar e nem dar pesca. Cuidado, as pessoas podem te fazer de bobo.

Como sempre, eu não ia em nenhuma festa ou no níver de quase ninguém de lá. Não por eu ser anti-social, e sim pelo fato de ter pais super protetores. É um saco. Por mais que eu implore e use todos os argumentos possíveis, não adianta. E isso é desde pequena. Para você ter uma noção, eu estudo no mesmo colégio há 11 anos, com várias pessoas que conheço desde pequena e NUNCA dormi na casa de uma colega ou amiga. Eu nunca fui para a casa de uma amiga passar a tarde de boa, as únicas vezes esses anos todos dá para contar nos dedos e só foi porque tinha reunião de trabalho da escola, e mesmo assim eu preciso implorar a meu pai. Ele fala que "não quer filha dele andando em casa de colega". Mas poxa, isso é normal. Não tem nada de mais.

Enfim, voltando aqui. Eu e Beta éramos da mesma sala. Nós não víamos Peu e Jhonie todo dia, é tudo muito corrido. Mas em compensação nos encontrávamos três vezes por semana na academia de dança, e ás vezes fazíamos aulas juntos de alongamento. Se tem uma coisa que nos traz felicidade, é a dança. Seja balé, hip hop, contemporâneo, pop, pout-pourri de ritmos brasileiros, etc e etc. Uma vez estávamos reunidos nós quatro sentados de boa na academia onde nossa aula tinha terminado mais cedo.

Jhonie: E aí gente, como é vocês estão?

Beta: Ah eu estou bem na medida do possível.

Peu: Eu tô bem apesar do cansaço. E você Thay?

Thay: Eu tô morta com farofa! Rapaz...

Todos riram da minha cara de suada. Espera existe cara de suada? Ah deixa pra lá. Continuando:

Peu: Sabe o que me faria feliz agora?

Jhonie: O quê?

Peu: Um hamburguer de siri feito bob esponja!

Beta: É idéa véi!

Thay: E depois a gente iria caçar água viva.

Todo mundo riu. E a graça ia se intensificando pela risada de Jhonie.

Thay: Não véi mas agora falando sério, esses dias andei pensando numas coisas malucas...

Jhonie: Tipo o quê?

Thay: Ah deixa pra lá, é besteira.

Peu: Uatt? Ah nãooo Tataaa agora fala pliisss.

Beta: Avemaria Peu, quanta curiosidade.

Thay: Não pow eu só tava imaginando... E se desse pra gente viver só de arte? Da nossa arte?

Beta: Tipo... Ajudando o povo de humanas e vendendo miçanga na praia?

Thay: Não, tipo com nossa arte: seja dança, pintura, atuação, música, sei lá...

Jhonie: Mostrando nosso trabalho para o mundo!

Beta: É! E quem sabe ajudando as pessoas também!

Jhonie: Ou pelo menos levando à elas alegria!

Peu: Pera aí gente que deu bug no sistema aqui. Eu não entendi. O que vocês querem fazer?

Thay: A gente não sabe ainda. Mas queríamos que fosse uma mistura de companhia de dança com grupo de teatro com grupo musical com um grupo de médicos sei lá.

Beta: Não pow eu entendi o que tu tá querendo dizer. É criar uma coisa que ajude as pessoas, alegrem-nas, façam-nas refletir, divulgue nosso trabalho/arte e que nos faça feliz.

Jhonie: Isso aí.

Thay: Todos juntos.

Peu: Ah entendi. Gostei.

Thay: É. Mas o que seria isso exatamente?

Até que a fala de um desconhecido muda tudo. Até hoje agradeço por ele ter aparecido naquela hora e mudado tudo. Talvez se não fosse ele, a conversa teria morrido alí. Uma fala mudou o rumo.

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O que será que esse estranho disse em? Haha, aguarrrrdem ✌

Iluminados pelo SolOnde histórias criam vida. Descubra agora