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 01 de junho de 1999

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01 de junho de 1999

Eu nunca imaginei que poderia sentir tanto amor quanto sentia. Era muito maior do que eu poderia imaginar. Quem diria que isso seria possível? Levar a vida inteira com alguém sem saber que poderia ser o amor da minha vida? Passamos parte de nossas vidas olhando para tantas coisas, preocupações em demasia ou sonhando tão longe, que perdemos os detalhes que estão ao nosso redor.

Éramos o exemplo vivo que o amor era inesperado e surpreendente. O garoto estranho e desgrenhado, na minha opinião, e para ele, eu era a princesa metida e cheia de si. Ainda assim, crescemos, nos tornamos amigos e hoje nossa vida havia balançado de cabeça para baixo.

— Temos que parar. Eu não posso pedir isso para você, afetaria todo o seu futuro. Você nunca planejou permanecer em Atra, atrelar-se a mim só iria te prender. — Passei a mão em seu rosto, a insegurança tomando conta do meu coração. E se eu fosse apenas temporária ou apenas um fogo de palha? — Não podemos continuar. — Minha voz saiu insegura e eu tinha certeza que meus olhos haviam me traído.

Ele engoliu em seco, acho que no fundo sabia que esse momento chegaria. Passei a vida inteira ouvindo dele que seu sonho era viajar nos altos-mares, conhecer o mundo, planejar grandes monumentos... Ser alguém de relevância. Que tipo de pessoa eu seria se o prendesse aqui?

Seus olhos pareciam tristes. Ele não deveria ficar alegre? Eu estava livrando-o, era a sua chance.

— E o que vai fazer? Casar com o filho do governador? É isso o que você quer, Lea? — Ele recuou um pouco, ferido. — Ele fez o pedido, seus pais aceitaram, logo o povo vai saber. É isso o que quer? Está pronta para esse passo?

Eu sabia que era uma confusão, nós deveríamos ter nos afastado depois que tudo isso surgiu, mas eu não podia, mesmo que eu esperasse a poeira abaixar para resolver todos os maus entendidos. Eu não queria terminar, uma parte de mim era egoísta demais e o prendia ao meu lado, porém, eu sabia que deveria deixá-lo partir.

— Pronta para um casamento que eu nunca quis ter? — Ri com amargor. — Definitivamente não, mas é necessário. — Olhei para ele com tristeza.

Eu nunca tinha dito tais palavras e nem cogitado em sua frente casar com outro. Na verdade, fui a primeira a me sentir quebrada quando ele cogitou me deixar. Antes da confusão, minha única e desejada opção era ele. Mas, no fundo, eu sabia que se ele partisse, eu acabaria casada com o filho de Bartollo de alguma forma, ainda que não o amasse.

— Algum momento enquanto sonhamos é necessário acordar e encarar que a realidade é diferente do que aspiramos — concluí com pesar.

— E com que está sonhando, Lea? — Sua mão voou para meu rosto novamente e me acariciou. — O que você realmente quer? — perguntou, fazendo círculos com seu polegar em minha bochecha.

Eu estava presa naquele momento, no seu toque, em seus olhos. O arrepio era incontrolável e meu coração não conseguia conter as palavras que saíram da minha boca.

O Peso da Coroa | HIATUS |Onde histórias criam vida. Descubra agora