A Sereia

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Eu gostava de ir a ilha de vez em quando, ela é habitada, eu sei, e sempre que a observo de longe tem um barco por perto. Mas eu estou cada vez mais fraca, a vontade de cantar e seduzir é maior que eu.

Sigo para a ilha, dentro dela tem outra ilha escondida, onde a única entrada é por uma caverna submersa. Se eu cantar lá não causarei mal a ninguém pois essa ilha escondida é deserta.

Eu sigo pela caverna que mais parece um labirinto e quando chego do outro lado vou em direção à praia e me arrasto pela areia procurando uma sombra. Quando estou secando sinto a transformação acontecer. Minha cauda começa a descolar de meu corpo, se abrindo como a pétala de uma flor. Ela se torna um espécie de saia longa, que me cobre da cintura pra baixo, um tecido suave e dourado.

Eu levanto cambaleante. Sempre que tenho que usar as pernas eu fico desequilibrada por algum tempo antes de pegar o jeito da coisa. Sinto minhas pernas pesadas pela falta de uso e ao tentar dar alguns passos eu espalho areia pra tudo quanto é lado. Levanto um pouco minha cauda, agora transformada em tecido, pra que eu possa ver meus pés e assim andar melhor e sigo floresta à dentro já cantando. Encontro um lugar confortável e me deito sem interromper a canção.

Toda a ilha silencia pra escutar minha voz, eu canto uma canção de amor que fala de marinheiros e do prazer de ser amado. Sinto o aperto de meu peito aos poucos ir embora. Mas a excitação que a canção provoca em mim está apenas começando.

E como um fogo lento, que entorpece todo seu corpo e atinge e ativa todos os possíveis pontos eróticos que exista nele. Um turbilhão de desejo e prazer. E se não for saciado pode deixar uma sereia louca.

Nós sereias temos o dom de seduzir com nosso canto, mas só podemos chegar ao prazer na água. Pois se formos tomadas em terra teremos nosso coração preso ao do homem que nos deu prazer e nos satisfez.

Quando feito na água, o homem é quem tem seu coração preso ao da sereia, e nós podemos, ou não, decidir ficar com eles, na maioria das vezes nós o devolvem a seus barcos, mas eles por terem se apaixonado teimam em vir atrás de nós e com isso morrem afogados.

Pobres humanos idiotas.

Nem todos eram idiotas isso é certo. Quando eu ainda era uma sereinha de 8 anos fui salva por um jovenzinho, ele devia ser uns cinco anos mais velho que eu. Estava dormindo em baixo da água quando uma âncora atingiu minha cauda me prendendo no chão. Era um barco de pesca e eles jogaram uma rede que me cobriu. Eu tenho quase certeza que não me viram e que não passou de um acidente. Mas na hora eu fiquei desesperada. Foi quando ele apareceu, assim que me viu, tirou a rede de cima de mim e levantou a âncora para que pudesse sair de baixo. Claro que eu nadei para o mais longe que consegui, assim que me vi livre.

Nunca esqueci seu olhar admirado sobre mim. Seus olhos pareciam conter o mar. E eu me senti segura como se tivesse em casa.

Mas claro que isso era só um pensamento infantil.

Lembrar daqueles olhos me fez gemer em meio a canção. Minha excitação aumentava quando a música ia chegando ao fim. Na verdade ela se tornava gemidos de prazer. O bom de poder trocar a cauda por pernas e que com elas você tem mais facilidade em se dar prazer.

Eu me tocava no compasso da canção e meus gemidos me acompanhavam de perto. Eu me contorcia de prazer e estava cada vez mais próximo do orgasmo. E com um gemido exageradamente alto eu gozei.

Estava ofegante e corada pelo esforço. Mas tinha valido à pena, eu agora estava parcialmente saciada. E já podia suportar o desejo de cantar e seduzir com mais facilidade.

Eu me levantei e continuei a explorar a ilha, era meu lugar preferido e eu sempre vinha pra cá quando queria ficar só. Segui andando por entre as árvores já tão conhecidas minhas, e paro quando escuto um barulho estranho. Algo me observava, eu sentia isso. Olhei ao meu redor procurando o que havia de ser. E eu me deparo com algo que eu jurei jamais chegar perto: Um homem.

A Ilha da Sereia (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora