Nora Grey

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Nova Orleans

Nora Grey, repetia inúmeras vezes a si mesma. Tentava de alguma maneira se recordar daquele sobrenome. Passou a vida toda ouvindo e escrevendo GREY, como se esqueceria? E o que mais lhe atormentava era o fato de Dabria não ter lhe contado, até ontem seu sobrenome era Greene. Desde que recuperou a memória, em todos esses meses, nunca tinha desconfiado de suas intenções.

Marcie havia dito que Dabria era uma biscate, mas até ai Marcie também era. Qual o motivo, de lhe falar aquilho? Ainda mais depois de dizer que não gostava da própria irmã, por quê alertaria sobre isso? Realmente era um alerta? Podia ter dito aquilo pelo prazer de causar a discórdia? Ou quem sabe para realmente lhe alertar...

Digitou seu suposto sobrenome junto ao seu nome no Google. Procurou alguma manchete em que procuravam uma menina desaparecida, mesmo que Dabria afirmasse que não haveria ninguém. Do mesmo jeito se deu o direito de duvidar.

Passou link por link, nenhuma foto que fosse dela, nenhuma noticia de desaparecido. Pensou se Marcie tivesse mentido, talvez adorasse vê-la procurando desesperada por uma pista falsa.

Teria tantas Noras Grey no mundo que teria que passar inúmeras tardes procurando uma que pudesse ser a mesma? Ou teria tão poucas que ninguém se deu o trabalho de publicar alguma coisa? Ou ainda a pior das hipóteses, Marcie ter realmente mentido, fazendo-a voltar sua investigação do zero.

Se distraiu por mais uma hora nos resultados. Salvou algumas matérias que eram de colégios, onde continham características esperançosas de uma possível escola em que frequentou. Será que já foi em algum baile de escola? Foi coroada rainha? Chegou a se apaixonar por alguém? Até seus sentimentos desapareceram. Quis procurar por eles no Google.

Coldwater - maine

Ignorou as ligações de Vee o dia todo, a noite toda. Estava tentando se conectar os pensamentos de Nora, mas faz quase um dia que não conseguiu nenhuma conexão. Ela não estava dormindo? Preferia pensar assim do que no pior. Outro mês estava acabando e sentia a frustração rígida, palpável. O cheiro de Nora já havia saído dos lençóis. Toda e qualquer lembrança dela estava se tornando apenas lembrança e odiava ver isso acontecer novamente, agora mais intenso. Não aceitava.

Em dois dias seu radar não encontrou Nora, pensou no bloqueio e quem estaria fazendo isso, vigiando seus sonhos. Ela devia ter contado seus sonhos para pessoas erradas, com medo, resolveram ficar perto dela pra se precaver de que Patch não pudesse mais se comunicar.

Eram quatro horas da tarde quando sentiu Nora, ela estava dormindo. Talvez sem que ninguém soubesse. Um cochilo inesperado era sua chance, talvez a chance que demoraria ter novamente.

Não quis que Nora se assustasse dessa vez. Estavam na mesma floresta de sempre, os cabelos avermelhados da garota se mexiam com o vento. Ela estava de pijama, descalço e atordoada. Demorou uns segundos pra perceber que era o mesmo sonho em que estava confinada há meses.

- Me diz onde você está! - Patch mandou, dessa vez Nora não ficou assustada, não como todas as vezes, apenas permaneceu imóvel, um pouco irritada. - Vou até você.

- Me deixa em paz! Já não basta tudo ao que fez? Eu nunca direi. - Patch pareceu estremecer, Nora estava tentando acordar. Sentia seu medo.

- Não sou eu que quero te fazer mal. - Não pareceu convence-la, ela não diria nada. Tudo começou a ser menos nítido, ela estava acordando. - Durma de tarde sem ninguém saber, eles vão pagar pelo que fizeram anjo!

Mesmo entrando em seus sonhos, tinha uma barreira. Esse medo que Nora sentia, o que haviam feito com ela? Ela não conseguia vê-lo, reconhece-lo... Será que conseguiria falar com ela na tarde seguinte? Não podia garantir que Nora não fosse contar a alguém e essa pessoa o bloqueasse por muito e muito tempo. Tinha que ter esperança, ou o que sobraria?

Hush hush - FragmentosOnde histórias criam vida. Descubra agora