Capítulo 2 - Reencontro

62 9 0
                                    

"Creio que as memórias são o seu pior inimigo."

— American Horror Story


- Izzy, o que está fazendo aqui? - ele perguntou. John esperava que ela lembrasse dele.

- Oi, John. Fico feliz em saber que você lembra de mim. - respondeu sorrindo pela primeira vez naquele dia de merda engolida pela outra merda.

Ele também sorriu, gostou de saber que ela sabia que ele era. Ainda sorrindo, olhou nos olhos da mulher a sua frente, viu uma tristeza tão grande, era como aquele dia que eles adormeceram juntos na praça. E, como em um estalo, John lembrou-se de que hoje seria uma data comemorativa da tristeza dela, resolveu fazer a mesma bebida e a mesma pergunta que fez há alguns anos.

- Você tem certeza que está bem para consumir álcool? – perguntou, já sabendo a resposta e fazendo a bebida para ela.

Eliza riu dele, a mesma pergunta e ela sabia que ele já conhecia a resposta, o que era bom, assim não precisaria abrir a boca. Logo depois ele já estava colocando a bebida, que ele tinha feito anos atrás e que ela tinha bebido há anos, em cima do balcão. Izzy bebeu o líquido e sentiu aquela ardência que ela tanto queria naquele dia horripilante. Estava concentrada, estava gostando de saborear cada gota da sua bebida quando foi interrompida pela voz rouca de John.

- Daqui a pouco eu termino o meu turno, se estiver com vontade de conversar – disse, dando de ombros, fingindo que não ligava para a resposta da mulher.

Ela o imitou, mas o esperou, bebendo. Depois de uns quinze minutos, mais ou menos, o homem saiu do trabalho e foi ao encontro dela, que já não estava muito bem. John chegou perto da mulher, que, movida pela coragem que a bebida dava, perguntou:

- Dança comigo?

Ele riu, mas a acompanhou até a pista de dança daquele local. Assim que eles chegaram exatamente no meio da pista, exigência dela, queria ficar no centro, começou a tocar "Amor, Meu Grande Amor", do Barão Vermelho. Ela estranhou, uma música brasileira em um bar londrino? Ela não sabia, mas o dono de lá era brasileiro. Izzy começou a dançar no ritmo da música e, sem demorar, foi abraçada por John, não rejeitou o abraço do homem. Na verdade, acabou desejando que ele não tirasse mais seus braços de onde estavam.

Eles dançaram juntos a música inteira, estavam abraçados, ela com a cabeça no ombro dele, ele a abraçando o mais forte que podia e conseguia. Não queriam sair daquela bola que se formou em volta de ambos, mas os ares não sopraram a favor deles. O telefone de John tocou, mas o barman resolveu não atender e continuar ali, com ela.

Por um momento de total descuido, eles encostaram suas testas e começaram a olhar um nos olhos do outro numa tentativa silenciosa, porém muito significativa, de ler e entender a alma do outro. Quando John foi partir para o tão esperado beijo... seu celular voltou a tocar. Izzy encontrou naquilo um momento de sanidade total e afastou-se dele, deixando-o atender ao celular inconveniente que tocava ou berrava uma música qualquer. O homem entendeu o gesto e atendeu, sem olhar quem era o senhor inconveniência 2013.

- John! - Lucas disse baixinho e com um tom de preocupação fora do normal para ele, um homem que não tinha problemas ou preocupações.

- O que aconteceu? - perguntou. Ele já estava ficando um pouco preocupado.

- Sua filha não está muito bem... - Lucas respondeu. Não precisou nem de cinco segundos para John pirar, literalmente, pirar.

Desligou o celular depois de alguns berros da parte dele. Depois de quase ficar careca e derramar algumas lágrimas, um exagerado, ela percebeu o estado dele e o abraçou. Sentia que devia isso a ele, devia confortá-lo, como ele fez com uma total estranha anos atrás.

- Quer conversar? - Eliza perguntou, estava um pouco angustiada com o estado do homem, que assentiu com a cabeça.

- Vou te levar para praça, certo? – perguntou, e ele, novamente, assentiu com a cabeça.

Dirigiram-se para mesma praçinha. Ele queria encontrar sua filha, mas sabia que se fosse para casa sem desabafar, iria se ferrar da pior maneira, não iria conseguir passar a segurança que sua filhinha precisava e nem falar aquela frase que conforta todos: "vai dar tudo certo", é ele teria que acreditar nisso. Se não se acalmasse, iria só piorar, disso ele tinha certeza.

- Desabafa - pediu ao homem.

- Minha filha não está bem.

Ela quase teve uma morte ali mesmo. Primeiro: era para ele estar com a filha e; segundo: ele tinha mulher? Que canalha! Pensava, enquanto olhava para ele com desprezo, um grande desprezo, se é que aquilo não conseguia passar de desprezo. Ele estava pressentindo o motivo daquele, portanto corrigiu-se imediatamente, estava ficando com medo que ela o atacasse.

- Filha do meu irmão.

Foi como um alívio muito bem-vindo, entretanto o que a atormentava era não saber o porquê de se sentir tão bem com aquilo.

- E seu irmão? – perguntou. Sim, ela estava curiosa para saber mais sobre a vida dele.

- Meu irmão? - ele gargalhou com raiva. - Abandonou a namorada grávida, ela era minha melhor amiga e eu era completamente apaixonado por ela. Sabe, eu faria de tudo por ela, tudo mesmo. - falou pensativo. De algum modo, aquela frase a deixou um tanto quanto desconfortável.

- Por que fala no passado?

- Porque... - começou a responder a pergunta de Izzy, no entanto não conseguiu continuar. Parecia que a mente dele tinha apagado e nela só tinha um branco e, no meio desse branco, passava um filme de todos os momentos em que John passou junto com Katherine.

- Continue - Izzy pediu.

Respirou fundo e começou a narrar a história que mudou o rumo de sua vida.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Gostou? Não esqueça de clicar na estrelinha, comentar e compartilhar! Obrigado por ler!

Próximo capítulo saíra ATÉ sábado (18/11), podendo sair amanhã (24/11).


Conceito do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora