Capítulo 3 - O Antigo Amor

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"Mas, nem sempre temos o que queremos, não é mesmo?"

- The Vampire Diares.


- Ela morreu... - John sussurrou.

Ao pronunciar aquelas palavras em voz alta foi como se ficasse mais real e ele sucumbiu, começou a chorar, cutucou em uma ferida muito dolorosa. A lembrança já era dolorosa, ela implorando para que cuidasse de sua filha, fazendo-o prometer. Quando a menina de Katherine abriu os olhos, pode-se ver que eram idênticos aos de Katherine. No início, o barman não conseguia nem olhar para os olhos da pequena e indefesa garotinha.

- Não precisa continuar, se não quiser - Izzy informou, arrependeu-se seriamente por ter perguntado.

Ela sabia como era dolorido lembrar-se da morte de alguém que amamos. Por isso, abraçou-o de lado para dar algum conforto, e eles continuaram a andar pela pracinha, que podia ser apelidada de praça da tristeza do dia primeiro de dezembro.

- Eu a amava, sabe, estar com ela era tão magnificamente bom, como aquele cheiro da sua comida caseira favorita. Era como o paraíso vê-la sorrir e, também, era o inferno vê-la com meu irmão. Katherine nunca soube que eu a amava. Eu só queria abraçá-la por uma última vez e confessar que a amava mais do que tudo. Mas, nem sempre temos o que queremos, não é mesmo? - desabafou, John tinha se acalmado e tentava não recomeçar a chorar.

Eliza assentiu com a cabeça, daria tudo para abraçar sua irmã mais uma vez, falar que ainda a ama e que sente muitas saudades.

- Nós sempre achamos que teremos todo o tempo do mundo, e, num piscar de olhos, ele acaba. Levando com ele a nossa alma, mas o tempo deixa um brinde doloroso e, geralmente, é aquela saudade que te corroí inteiro por dentro.

- É como eu me sinto, acho que a minha única razão de viver é a pequena Katherine, a única razão para eu vir trabalhar e não estar na depressão profunda. Tenho medo de perdê-la também. Quando a mãe da minha pequena morreu, levou um pedaço do meu coração e da minha alma, mas me deixou a pequena Kate para me guiar no meio da escuridão. Eu não conseguia olhar para ela quando ela abriu os olhos, que eram iguais ao da mãe, olhar para ela era como abrir essa ferida que tem aqui dentro - apontou para o seu coração e continuou: - Depois dela eu comecei a gostar de não me apaixonar por ninguém. - John falou e mirou no fundo da porta da alma dela. Ela viu os olhos do homem vermelhos, na certa, estava tentando segurar as lágrimas.

- Não se apaixonar é uma boa opção quando você se sente ferido.

- É eu sentia-me ferido. Quando nós perdemos alguém importante em nossas vidas, nós nos sentimos assim - suspirou. Era a primeira vez que ele conversava abertamente com alguém daquele jeito, Izzy o entendia, percebia isso só com o olhar vago dela, era como se lembrasse de algo que se encaixasse no momento, algo extremamente doloroso. Mal sabia ele que ela estava lembrando-se da morte de pessoas mais do que importantes para ela.

- As cavidades nasais fecham-se e os nossos cérebros congelam. É aquela hora que você pede para o mundo parar, porque você quer descer, você, simplesmente, não quer mais o milagre da vida - ela resumiu o seu sentimento enquanto olhava para o nada. Lembrava-se muito bem da dor que sentiu e, isso, fazia com que ela lembrasse que estava sozinha, não tinha sua família junto dela, não mais.

- Você fala como se já estivesse sentindo essa dor, que não tem uma cura exata e rápida - John falou meio assombrado com a precisão da declaração dela.

- Já senti, várias vezes para dizer a verdade. Perdi minha família. Meus pais morreram em um acidente de carro, minha irmã morreu naquele dia que eu vim pela primeira vez para esse pub nojento, sem ofensas. Desde então, eu sou sozinha. Você tem sorte, por esse lado.

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