Capítulo Dez

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Sinto uma mão tocando meu rosto suavemente. Automaticamente, digo:

- Erick...

Ouço risadas, então abro os olhos bem rápido.

Mitchel? ...

Mas, não era o Mitchel que estava acariciando meu rosto, era um outro rapaz, com os cabelos negros jogados para o lado, ele tinha também um perfil de "malvado"; porém não aparentava isso com seus gestos. Mitchel estava parado, em pé, de braços cruzados e nos olhando.

- Você está melhor? Te fizeram alguma coisa? Consegue falar? - seus olhos eram de um azul incrivelmente forte, como um oceano bem à minha frente.

Eram muitas perguntas para eu não conseguir responder nem a primeira direito. Estou sem forças para levantar, para falar... Então torno a fechar os olhos.

Quando acordo ainda estou ali, naquele lugar estranho, com uma simples beliche num canto e latas enormes, como barris de room.

Olho para o outro lado, e ele está lá, sentado numa cadeira, me observando. Mitchel não está mais no quarto.

- Olá! Está melhor agora? - Ele diz, parecendo animado com minha recuperação.

Minha cabeça ainda estava latejando, e eu estava morrendo de sede.

Balanço a cabeça, confirmando, e pergunto:

- Quem é você?

Ele vira a cabeça para o outro lado, depois torna a virá-la para mim.

- Com tantas perguntas que você poderia fazer, faz logo essa? Você não precisa saber quem eu sou, sério.

Me esqueci completamente que estava lá à procura de Angela. Meu Deus!

- Certo, onde está minha irmã? - digo.

- Bom, eu não sei que irmã é essa que você tanto fala. Sou novo aqui, então não sei se pegaram ela...

Não sabe se pegaram ela???

Meu sangue estava fervendo. Mas não podia ser rude com aquele rapaz. Afinal, ele parecia mesmo ser inocente.

Respiro bem fundo (também porque estava quase sem ar) e digo:

- Que horas são?

- São... Onze e quarenta e cinco. - ele diz, olhando para seu relório de pulso.

- Obrigada.

Fico feliz em saber que não fiquei ali tanto tempo quanto pensei, porque quando cheguei, o relógio marcava quase dez horas.

Olho para ele desconfiada, não podia ser diferente. Estávamos em um quarto, sozinhos, há sabe-se lá quanto tempo.

- Eu não fiz nada com você! Se é isso que pretende saber...

Fico me achando uma idiota. Por ter pensado isso, por ter jogado fora minha credibilidade com ele.

- Hã... Não, não é isso. Eu só...

- Esquece. Beba isto, você precisa. - ele diz, me interrompendo (o que foi bom), e me passando uma garrafa de água.

Como ele sabia?

Não pensei duas vezes; peguei a garrafa. Acho que nunca bebi água com tanta vontade assim antes.

- Pelo visto, você estava com sede mesmo. Acertei em cheio. - ele diz, me olhando e sorrindo confiante.

O Diário de MelissaOnde histórias criam vida. Descubra agora