Eu não acreditava no que meus olhos viam, era ele, Nick, meu namorado morto. Ele estava na porta da cela, fazendo um sinal com as mãos para que me apresasse. Esfreguei os olhos algumas vezes, aquilo só podia ser um sonho.
-Venha, não temos muito tempo.- ele falou baixo.
Me levantei e fui em sua direção, ele me guiou por alguns corredores e depois me empurrou para dentro de um local escuro e apertado. Após entrar fechou a porta atras dele e se sentou de frente para mim.
-Como você está? Eles te machucaram? - eu não respondi a nenhuma das perguntas, simplesmente continuava olhando para frente. Uma luz se acendeu, tomei um susto pensando que alguém havia nos encontrado, mas foi Nick que acendeu uma lanterna. - Eu sei que você deve estar confusa, sem entender nada, mas eu posso explicar.
-Você - comecei a falar - é mais um dos que mentiram para mim. Alguma vez alguém me falou a verdade nessa vida? - minha vontade de chorar era tão grande que chegava a doer, mas segurei as lágrimas, eu não iria chorar, não queria lhe dar um motivo para se aproximar mais de mim, nunca pensei que um dia meu corpo teria repulsa de estar próximo dele.
-Eu menti, mas não em tudo, eu realmente amo você. - ele tocou em meu rosto, mas eu afastei ele o mais rápido que pude.
-Como você conseguiu sair da cela? -perguntei. Ele abaixou a cabeça, passou as maõs no cabelo como sempre fazia quando estava nervoso. - Como. Você. Conseguiu. Sair. Da. Cela. - perguntei pausadamente e temendo a resposta que se seguiu.
-Porque eu não estou preso... Eu não trabalho para sua mãe e sim para o Rei Cassio, minha missão na Terra era ficar de olho em você até que eu achasse que estava na hora de você ser capturada.
Minha pele começou a pegar fogo, não no sentido literal da palavra, mas eu sentia uma quentura tão grande que era como se estivesse. Ele, a pessoa que dizia me amar, a pessoa que me salvava quando eu não entendia nada de química, que aguentava minhas lágrimas depois de assistir filmes de comédia romântica, a pessoa que dizia para eu ficar tranquila a noite quando acordava dos meus pesadelos gritando, pois ele estava lá e não deixaria que nada de mau me acontecesse.
E então tudo aconteceu muito rápido, eu comecei a brilhar, todos os meus poros eram pontos luminosos, meus olhos emitiam feixes de luz e eu gritava, de raiva, de dor, de medo. Ele gritou também, as luzes pareciam não lhe fazer bem,mas mesmo assim após alguns segundos ele segurou seu grito e começou a pedir que eu me acalmasse.
Escutei passos, passos rápidos e pesados vindo em direção de onde estávamos. A porta se abriu e como por um extinto eu apontei minhas mãos em direção das pessoas que estavam com suas armas apontadas para mim. Feixes de luz foram emitidos em direção delas e eles foram jogados para longe. Sai caminhando e fazendo o mesmo com todos que se aproximavam de mim. Nick gritava meu nome, mas eu não me dava nem o trabalho de virar, eu era capaz de mata-lo.
Achei a cela onde eu e Telma eramos mantidas. Ela estava desesperada andando de um lado para o outro e quando me viu ficou paralisada.
-Que dia é hoje? - ela perguntava encarando minha pele brilhosa que parecia não lhe fazer mal como fazia aos outros.
-Telma. - a voz de Nick entrou na cela e ela gritou, um grito de susto, de quem viu um fantasma.
-Ni... Nick. - ela gaguejava.
-Não tenho tempo para explicações precisamos ir, agora. - ele então tocou a minha mão e os feixes pareceram ficar mais fortes e então caiu desmaiado.
-Vamos. - disse a Telma e la simplesmente me seguiu.
Eu não sabia para onde estava indo, apenas seguia meus extintos, consegui controlar os feixes e eles se apagaram do meu corpo, mas bastava levantar a mão e apontar para o alvo que um feixe branco o atingia deixando-o inconsciente.
Seguimos mais um pouco até que encontramos uma sala onde uma placa dizia: "sala de controle". A porta parecia ser de um metal ainda mais grosso do que os das celas.
-Eu sei como abrir. - Telma se aproximou da porta e colocou suas mãos sobre ela. A porta começou a vibrar, primeiro quase de forma imperceptível, depois mais forte e por último explodiu em diversos pedaços pequenos. - Agitação de moléculas, há quanto tempo não faço isso.
E então um grupo que estava dentro veio em nossa direção e Telma começou a lutar, ela também soltava feixes de luz, mas não tão fortes como os meus. Ela era boa lutadora, mas um segredo escondido.
Três homens vieram em minha direção e mais uma vez todo meu corpo se explodiu em luz. Doía, queimava, mas eu não tentava controlar, eu queria explodir de vez, acabar com tudo aquilo. Senti um toque em meu ombro, era Telma, ela pedia que eu me controlasse, nem ela estava conseguindo mais encarar o brilho. Respirei uma, duas, três vezes bem fundo e os feixes foram se apagando aos poucos até não sobrar mais nenhum.
-Vamos procurar algo que nos tire daqui. - disse Telma e começou a mexer em alguns computadores.
Não eram computadores comuns, eles pareciam suspensos no ar, como aqueles computadores de filmes futurista. A porta da sala se fechou com uma batida e Telma partiu para outro computador.
-Achei um mapa. - ela disse e eu me aproximei de onde ela estava.
Ela apontou para alguns pontos na tela dizendo ser o caminho que deveríamos pegar para sair da nave e nos direcionarmos para o reino, e foi o que fizemos.
Corremos, enfrentamos guardas, corremos mais e achamos a saída. A nave devia estar sobrevoando a uns 800 metros do solo, era alto, muito alto, mas uma enorme escadaria começou a ser formar e não pensamos duas vezes. Começamos a descer os degraus, eles pareciam não ter fim, minhas pernas doíam, eu queria parar, mas Telma gritava para que eu não parasse nem diminuísse o ritmo.
Após o que pareceu uma eternidade, nós chegamos ao solo, corremos mais e então Telma empurrou a porta de uma "casa". Assim que entrei desabei no chão, meu coração batia tão forte que a qualquer momento eu morreria de um infarte.
Telma pegou um copo de um liquido incolor e me deu, era água, mas o gosto não era parecido com o da terra, era melhor.
Ficamos em silêncio por uns 10 minutos, tentando ainda recuperar o fôlego.
-Onde estamos? - pergunta preocupada, podem nos achar.
-Estamos bem aqui, é uma casa de proteção, de pessoas infiltradas no reino do Rei Cassio. - ela diz e depois bebe um gole de sua água. - Nick, ele está vivo. - ela diz agora encarando o chão.
-Eu sei, eu vi. - disse a encarando. - Você não sabia?
-Não, eu não sabia que ele era da nossa galáxia.
-Porque ele não é. Ele trabalha para Cassio, ele todo esse tempo estava esperando a hora de dar o sinal para que me capturassem.
Ficamos em silêncio por mais alguns minutos, ela parece digerir as minhas palavras.
-Mas quando ele foi até a cela, ele parecia querer nos ajudar a fugir e você simplesmente... - eu a interrompo.
-Eu simplesmente o que? O impedi de me proteger? De nos ajudar? Eu ainda penso se devo confiar em você que diz está do meu lado, acha mesmo que vou confiar nele? Eu o amava. Ele me traiu. Eu o odeio. Fim.
Me levanto e entro em um quarto, me encosto no canto de uma cama e choro, choro tudo o que está preso desde que minha vida virou uma confusão, choro até adormecer.
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All of the stars
Science FictionAdiva era uma garota normal com um namorado maravilhoso, amigos incríveis e uma família unida e feliz, bem, era o que ela pensava até o mês do seu 18º aniversário. No primeiro dia de abril as coisas na sua vida sempre normal e feliz começam a mudar...