Collide

5° Colisão

A quinta vez que eles se colidiram foi um mês depois, quando a peça estreou e foi um sucesso.

Harry estava sendo elogiado por ter feito a trilha sonora da peça, mas isso ele só conseguiu com muito esforço ao ganhar nota máxima em seu trabalho no curso de musica. Já Louis, estava comemorando a sua atuação perfeita e jogando na cara de seu amigo que ele mereceu o papel, pois realmente atuava melhor que ninguém, até que seu amigo o empurrou pois o mesmo estava dançando de forma esquisita, o fazendo cambalear para trás e bater com as costas em Harry.

Ambos se viraram e se encararam, lembrando do dia da praia, a qual foi muito boa para os dois.

- Harry! - Ele sorriu, recebendo outro sorriso, só que com covinhas de bônus e um olhar brilhante e intenso, que parecia transmitir milhares de sentimentos inimagináveis

- Oi... - Ele acenou e ficou um longo tempo admirando Louis, querendo parabenizá-lo pela peça, mas as palavras não saiam, não quando Louis o olhava com tanta intensidade. E antes que ele conseguisse finalmente falar, sentiu alguém puxar seu braço e chamar sua atenção- Desculpe, o que você dizia?

Piscou algumas vezes, atômico, forçando um sorriso para a menina a sua frente.

- Que você estava fantástico - Ela sorriu, tocando levemente a mão de Harry, que ignorou para não soar mal educado. Ele não sentiu nada além de uma sensação ruim por causa da mão gelada e áspera da mesma - A peça foi realmente boa graças a você.

- Eu hm... Obrigado?

- Você poderia tocar junto comigo? Nós poderíamos trocar nossos números, para marcamos de-

- Desculpe, mas não será possível - Louis, que ainda estava atrás de Harry, prestando atenção, rapidamente se colocou ao lado do cacheado, segurando seu braço, fazendo a mão da garota soltar o mesmo. - Acho melhor você pegar esses seus peitos murchos e pequeninos, junto com a sua cara de pau e com a pouca dignidade que lhe resta e sair daqui. Melhor, eu mesmo saio, mas o Harry vem comigo.

E puxou o cacheado para longe, que tentou se soltar, mas o aperto era forte e Louis estava determinado em tirá-lo dali.

Por algum motivo, Louis ficou realmente incomodado com aquela situação.

- Louis! - O mais alto se soltou, puxando seu braço, pedindo desculpas por ter sido brusco, mas rapidamente se recuperando e travando o maxilar. - O que foi aquilo?! Não deveria ter falado aquelas coisas, ainda mais sem motivo, volte lá e peça desculpas!

- O que?! Se eu tirei você de lá é porque tem motivo.

- E qual é?

Diferente de Harry, Louis pensava rapidamente.

- Ela se oferece, faz você gostar dela e depois te larga como se não fosse nada! E depois tem a cara de pau de fazer a mesma coisa, sem nenhum ressentimento! Você devia me agradecer! - Segurou sua vontade de gritar, porque queria gritar? Cruzou os braços e suspirou, estava ficando louco.

Harry engoliu em seco, arregalando os olhos, e se sentindo mal pelo outro, já que o mesmo parecia realmente incomodado com a garota.

- Obrigado... - Pediu, e o outro apenas assentiu. - Ela por acaso, lhe fez algum mal?

- Claro que não! Não sou idiota - O mais velho riu, negando com a cabeça - Ela fez isso com meu amigo, eu tive que ficar o agüentando chorar como uma garotinha por dias! E depois ela mesma veio dar em cima de mim. É por isso que prefiro garotos...

Sua voz começou a baixar assim que percebeu o que havia dito.

- Oh... Eu não sabia, eu não imaginava que ela fosse assim. Eu... - Harry não sabia o que dizer, tanto pela situação, quanto por saber que Louis gostava de garotos. O cacheado queria sorrir apenas por imaginar que poderia ter uma chance com o de olhos azuis.

- Você é ingênuo demais para perceber o mal nas pessoas - Louis disse, escondendo as mãos nos bolsos, começando a chutar a parede do corredor da universidade de leve, nervoso.

Ele nunca havia ficado nervoso antes, mas por causa dos malditos olhos verdes tão carinhosos, claros e doces, que o olhavam com tamanha intensidade e algo que não reconheceu, estava perdido pela primeira vez.

- Isso é um elogio ou uma ofensa? Eu não sei...

- Alem disso é lerdo - Louis quis sorrir pela inocência do outro, mas se segurou.

- Eu não sou lerdo! - Pela primeira vez, Harry havia subido seu tom de voz bem alto. O mesmo deu dois passos para trás, atraindo a atenção de Louis, que ficou surpreso pela atitude do outro. - Eu posso ser um pouco distraído, mas não sou lerdo.

Louis percebeu o olhar triste a magoado do mais novo, e por algum motivo seu peito se fechou e ele odiou a si próprio por ter sido o culpado pelo olhar do cacheado.

- Harry eu não quis...

- Sim você quis!

Harry desde pequeno ouviu as pessoas dizerem que ele era lerdo, lento até para falar, distraído e um tanto esquisito, e isso só o fazia querer ficar ainda mais na dele. Ele gostava de não arranjar encrenca e sempre ser educado e gentil, para poder receber na mesma moeda, mas parecia que quanto mais tentava mais dava errado.

Louis mal pode tentar se explicar, pois o outro já lhe dava as costas e ia embora pelos corredores.

- Harry! - Ele correu até o outro, que não parou. - Príncipe! - O mais novo acelerou os passos, e Louis fez o mesmo. - Curly, me desculpe!

Então Harry parou, ignorando o curly, mas prestando atenção no "me desculpe", era a primeira vez que Louis se desculpava.

- Me deixa explicar! - Louis pediu, parando em frente ao outro, e antes mesmo de Harry concordar ou não, ele começou a falar. Por algum motivo ele necessitava se explicar para o cacheado, se explicar para aquele que estava tendo um significado cada vez maior em sua vida, e ele não entendia o porque, mas não deixaria aquilo acabar ali, sendo que mal haviam começado - Eu não me expressei direito! Tudo bem que eu sou um ator, e me expressar deveria ser fácil, mas me expressar verdadeiramente, ainda mais para um garoto tão bonito, gentil e educado como você, é algo realmente difícil, pois eu sinto que qualquer coisa que eu disser não será o suficiente para você, e eu começo a me perder e não sei nem mais o que eu digo... Só me desculpe, eu não queria dizer aquilo. Tudo bem você ser ingênuo e distraído, pois você é assim. E eu gosto.

Harry demorou um pouco para processar tudo aquilo, Louis não parou para respirar e jorrou tudo de uma só vez, deixando Harry levemente perdido. O cacheado se esforçou para digerir tudo aquilo, e quando entendeu, foi impossível não sorrir.

Ele sorriu, pelo fato do desespero do outro em tentar se explicar. Ele sorriu porque o outro era absurdamente bonito e sorriu porque o outro gostava de como ele era. Suas covinhas apareceram, afundando-se em suas bochechas e seus olhos brilharam.

Louis sorriu de volta, pois era impossível não sorrir com aquela visão. Harry era lindo, tanto por fora como por dentro, e seu sorriso era tão bonito quanto ele.

Ambos ficaram apenas se encarando, pois se perderam no sorriso e no olhar brilhante do outro, sentindo seu interior se agitar e o coração palpitar rapidamente. Aos poucos, os sorrisos se desmancharam, e eles ficaram apenas focados nos olhos, que brilhavam intensamente. Louis engoliu em seco, enquanto Harry corava.

- Tudo bem... - Ele disse depois de um tempo, quando finalmente conseguiu desviar os olhos dos azuis perfeitos. - Eu preciso ir.

E saiu em disparada para o dormitório, tentando entender o porquê sua mão suava e suas pernas tremiam, seu estomago dava voltas assim como seu coração e porque diabos havia perdido a respiração, apenas por olhar nos olhos do outro e deslumbrar-se com a visão do mais velho sorrindo?

Louis se sentia da mesma forma. Talvez pior. Ou melhor, dependendo do seu ponto de vista.