ii | ascendente

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Capítulo dois

Os olhos infinitamente azuis de Luke arregalaram-se.

— Como você espera que eu saia com você se nem ao menos saber o seu nome? O seu signo? Qual o seu ascendente? — O loiro metralhou—o com as perguntas esganiçadas.

Ele estava nervoso. Pensar em Ashton com outra pessoa o deixava nervoso. Ele tinha de se controlar! Não poderia assustar o outro garoto, não quando ele estava de fato sendo legal com Luke.

Michael apenas estreitou os seus olhos, tentando entender o loiro. Ele estava certo sobre suas tendências maníacas. Luke não deixava algo ou alguém em paz até que conseguisse o que queria. E ele queria muito, muito, muito Ashton.

Imagine o que aquelas mãos poderiam fazer? Oh, aquilo não deveria ser pensado na frente de outras pessoas.

— Certo, isso não é um problema. — Michael passou o braço por entre as prateleiras, sentindo o frio contra a pele. — Eu sou o Michael, o cara legal. — Estendeu a mão.

Luke segurou um sorriso, comprimindo os lábios e retribuiu com um aperto.

— Tá, — deu-se por vencido — eu sou o Luke, o cara... — o loiro não precisou pensar muito — dramático.

Michael não se controlou, rindo com todos os dentes. Os olhos de Luke fixaram-se nos dois principais do garoto. Eram um pouco maiores que os outros e eles combinados a Michael com os olhos fechados enquanto o som da risada saía de seus lábios era algo incrível de se ver.

Os sorrisos de Ashton para Luke não eram assim. O loiro voltou a fechar a cara por um milésimo antes de continuar a ser contagiado pelo som.

No meio da risada, Michael perguntou: — Então, você vai sair comigo? —, dando uma tosse que tinha o objetivo de disfarçar a pergunta em seguida.

Luke não sabia o que responder. O menino estranho de cabelo verde parecia ser uma pessoa decente, mas Luke só poderia sair com ele se sua mãe deixasse.

Claro, ele havia mentido dizendo que iria comprar um fone de ouvido novo para poder ir até a Voodoo Breath. Liz, sua mãe, só não havia prestado atenção nos detalhes: o celular de Luke estava estragado, então aonde diabos escutaria música se ele possuía um headset no computador?

— Talvez. — Ele tentou parecer calmo, mas por dentro estava explodindo, porque pela primeira vez alguém o havia convidado para sair. Pode—se dizer que não era todo mundo que se acostumava com seu jeito escandaloso.

Tentou, porque em seu rosto dizia que a ideia era muito bem—vinda. E Michael sorriu.

— Então, caso você aceite, o que acha de... — O esverdeado apoiou o queixo na mão, pensando. Ele não poderia convidá-lo para ir ao cinema. Muito íntimo. Ir a um café? Muito clichê. À biblioteca? Talvez o loiro não gostasse de ler. Comer uma pizza? Todo mundo gosta de pizza, mas e se Luke estivesse de dieta? — irmos ao Centro Cultural?

O Centro Cultural de Sydney era um lugar legal. Não tão legal quanto o próprio Michael, mas ainda assim interessante. Possuía vários prédios com atividades como música, teatro e exposições. Caso estivessem com sorte, poderiam ver algumas obras, assistir a uma peça ou talvez tocar violão.

Isso se o violão de Michael não despedaçasse-se no meio da música.

— A-ham. — Luke confirmou e balançou a cabeça para deixar claro que sim. Infinitamente sim.

Eles ficaram em silêncio de novo, a animação nos olhos o loiro era evidente. A satisfação nos verdes de Michael também. E nenhum pronunciou sequer uma palavra.

Elas realmente me lembram constelações, era o que se passava em sua cabeça. O esverdeado divagava sobre espinhas — e não queria nem imaginar aonde isso iria parar caso ele continuasse a encarar o outro por mais tempo. Afinal, eram espinhas! E, o azul dos olhos, o céu, quando as estrelas ainda estão perdidas.

Michael ajeitou o boné, tentando não afundar naqueles pensamentos fofinhos demais para ele. Mas não para Luke, isso se ele conseguisse ler mentes — o que não era o caso, infelizmente.

Uma risadinha feminina se fez presente próxima a Michael e ele pulou no lugar, levando a mão até o coração. É, ele poderia ter um ataque cardíaco. Seu colesterol andava bem alto e isso era um problema.

Talvez ele realmente devesse parar de comer pizza por um tempo.

— Precisam de ajuda, cavalheiros? — A mulher de cabelos rosa, a qual Luke imaginava ser a dona da Voodoo Breath, perguntou, os olhos focados em Michael.

Luke sorriu assustado e nada falou.

Já o outro, recuperado do choque, respondeu que estava atrás de um amuleto.

— Venham comigo.

E os dois, um de cada lado da estante, seguiram o mesmo caminho em direção ao balcão. Madame Ashley postou-se atrás dele e voltou-se para Michael.

— Então, querido, amuleto para quê, exatamente? — Questionou, arqueando uma sobrancelha e aguardando.

Ele lançou um olhar de canto para Luke e Ashley entendeu. Michael queria privacidade. Não demorou mais de dois segundos para o loiro desviar a atenção dos chocalhos em cima do granito e ir para o canto mais distante do balcão, analisando algumas folhas embaladas em plástico. Michael acompanhou com os olhos as pernas dele movendo-se na calça justa.

As bochechas do garoto de cabelos verdes pegaram fogo quando foi pressionado para dizer o que desejava. Ele se sentia cada vez mais bobo. Procurou em sua cabeça um modo de dizer aquilo sem dizer aquilo.

— Amuleto da sorte para ganhar jogos. — Declarou, desistindo, falando rápido demais. Vomitando as palavras como fazia na maioria das vezes.

Ashley sorriu. Aquele tipo de sorriso que esconde coisas e deixa na sua cara que você não sabe de nada.

Que não faz a menor ideia dos segredos do universo.

— Você sabe que não precisa dele, não é? — A mulher comentou enquanto tirava amostras dos amuletos e os colocava para Michael ver.

— Mas eu não consigo passar a droga daquele jogo! — O garoto explicou e se arrependeu novamente.

— Eu não estava falando que você precisava dele para isso, docinho. — Ela então piscou e Michael entendeu. Ashley se referia a Luke. — No fundo, Michael, você sabe que mudou de opinião sobre para o que o amuleto serviria quando colocou os olhos nele.

Os orbes do rapaz se arregalaram. Teria ela ouvido o nome dele antes? Ele e Luke falaram baixo, não era possível!

Michael voltou sua atenção para o loiro que estava na outra ponta do balcão. E os mesmos pensamentos melosos voltaram.

Além de inúmeras formas de deslizar os dedos por aquelas pernas.

— Cuidado com o que você pensa. — Ashley alertou, jamais deixando o sorriso.

Ele imediatamente girou a cabeça para ela, encontrando os olhos castanhos e as maçãs ressaltadas de seu rosto.

— Sabe, Mike, ele pode não fazer ideia de como ler mentes. — Ela se inclinou na direção do garoto e sussurrou: — Mas eu sei.

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Oi =]



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