Uma memória qualquer

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Havia voltado com as memórias,depois de ser torturada até que parasse de insistir.. Dessa vez eu caminhava pelo hospital,apoiando minhas pequenas mãos pela parede de branca e lisa,mas não adiantava,eu não sabia para onde estava caminhando.
 
  Mais cedo iniciaram o novo teste comigo,dessa vez de visão,aplicaram uma espécie de líquido em meus olhos que logo foram dilatados,eu estava ficando vagamente cega,mas o fato curioso foi que não me mantiveram presa apenas se afastaram para observar minha reação.
   Meus olhos ardiam e eu os coçavam de forma bruta e desesperada,chegava a doer mas eu não desistia.. Porém a cada tentativa falha de me safar da ardência ela só fazia piorar, fazendo-me entrar em desespero e gritar,parando de movimentar meus dedos,apenas com as palmas das mãos cobrindo meus olhos avermelhados.

  Ao verem o resultado,se aproximaram de mim cautelosamente e removeram minhas mãos do lugar onde estavam. Durante todo este trajeto mantive meus olhos avermelhados e inchados fechados,mas a Voz que estava comigo me contou tudo que estava acontecendo..

  Com um deles segurando minhas mãos para que eu não fugisse o outro pegou em seu bolso uma pequena lanterna especial para o caso de oftalmologia e com a mão esquerda abriu um de meus olhos para que pudesse examinar ou ver se com isso acabei ficando cega realmente.

No momento a pupila dos meus olhos estavam dilatadas,de uma forma como se eu não pudesse enxergar nada,apenas borrões em minha frente,o que me deixou com medo,mas o efeito do remédio pelo visto não era só isso,graças ao medo meu corpo começou a ficar trêmulo,minha voz parecia estar sumindo,minha respiração ficou descompassada e logo comecei a ficar zonza.

"Garota, irei tomar posse de você,mas no entanto respire fundo,feche os olhos e me deixe cuidar do resto!" Primeira vez onde para este tipo de coisa ela pede minha permissão, sem conseguir movimentar positivamente minha cabeça apenas à obedeci.

  Fecho os olhos,respiro fundo,relaxo os músculos e rápidamente como se eu não mais estivesse controlando meu corpo me levanto da cadeira,pegando no mesmo movimento um bisturi que se encontrava na pequena mesa. Em todo processo o rapaz que estava na minha frente tentou fugir um pouco,mas não adiantou,uma sombra controlada pelo meu braço livre o agarrou pelos pés o fazendo cair no chão e então o trouxe até mim.

  "Antes de tentar cortar meus olhos com a porra de um bisturi,meta isso nos seus para ver como é agradável a dor,e se ainda conseguir enxergar ai sim depois faça nos outros!" Disse a 'Voz em meu lugar,que enfiou o instrumento no olho do rapaz e o jogou de cara na parede fazendo com que o bisturi entrasse ainda mais e atravessasse um pouco sua cabeça.

  "Quem mais aqui ta afim de fazer exame?" Fala a 'Voz contente e olhando para quem mais ali estivesse presente.

  Os assustados ainda mudos tentaram fugir do quarto,mas ela os trancou por fora.

  " Ah,qual é! Sou apenas uma criança querendo brincar.." Me jogo sentada no chão com ela esboçando agora uma cara triste.

  " Não é todo dia que tenho direito legal deste corpo,sabia?" Ponho as mãos no chão fazendo dois enormes braços construidos pelas sombras que cresciam em direção aos outros médicos presentes,até que em um ponto parou debaixo deles.

"Já seeeei! Vamos brincar de inverter os membros!" Um sorriso maníaco aparece no meu rosto e faço com que eles caíam nas sombras até a cintura.

"1..2..3 e.." Solto um sorrisinho. "JÁ!" Os dois corpos quebraram no meio e então com as partes engolidas pelas sombras eu inverto eles e os jogo de volta no quarto.

Assim que a 'Voz matou todos que estavam presentes ela destrancou a porta do quarto e fez com que eu tomasse posse do meu corpo novamente,minha visão ainda estava borrada o que me fez perguntar como ela conseguiu realizar tanta morte sem ao menos enxergar o que fazia..

  "Eu estou ouvindo o que você pensa,garota e saiba que não precisa enxergar para matar.." Ela me respondeu mentalmente.

Olhei para todos os cantos tentando reconhecer onde eu estava,mas não adiantava tudo o que eu via era um monte de borrão vermelho espalhado pra todo lugar.

  A 'Voz suspira. "Eu serei sua visão,inútil" E faz com que meus olhos voltassem a ficar escuros,de certa forma eu conseguia agora por onde eu deveria caminhar,mas era algo diferente.. Os corpos mortos brilhavam em tom avermelhado..
  "Foca onde você deve andar,idiota!" Ela me interrompe e ergue minha cabeça até a porta que estava já semi-aberta.
 
  Assim fiz o que ela mandou e ao sair do quarto sem que eu a questionasse sobre o que eu tinha visto ela disse:

"Eram pessoas corruptas,almas assassinas,não daria conta desses sozinha.."

  Pelo que entendi algo manipulou essas pessoas para que se tornassem monstros e me matassem,o que me conforta é saber que não sou a única aqui..

"Agora é com você!" Ela desaparece e minha visão volta a ficar turva,meu corpo meio bambo e me apoio na parede quase que me jogando.

Dou passo a passo em direção à uma saída próxima,me sentia lenta.. Esse remédio causou efeitos bastante duradouros em meu sistema.. Na certa queriam mesmo a minha morte.

  Consegui chegar perto de uma escada que levava para o andar debaixo, não tinha algo para que eu pudesse por as mãos e ser guiada o que me restou continuar me baseando pelas paredes.

  Senti algo descendo no meu rosto,algo líquido e que faziam meus olhos arderem um pouco, passei a mão para limpar e tentar descobrir o que era e os meus dedos se encontravam um pouco sujos de algo vermelho..

Sangue.. Mais um efeito,a ardência era pouca comparada com a de antes,mas o sangue não parava de sair,eu chorava sangue.. Assustada fiquei passando a mão no meu rosto tentando parar e em seguida limpava a mão no vestido branco simples que era do hospital.

  Eu fui surpreendida por um bisturi que foi atravessado em meu corpo,manchando o resto do vestido,levei as mãos até o instrumento e o arranquei,mas não aguentei a dor que estava agora insuportável.

Sem perceber,cambaleando desci um degral da escada,como não tinha onde me apoiar ao perder o equilíbrio acabei caindo nela e arrastada até o andar debaixo já desacordada.

  Quem quer que esteja atirado isso em mim uma hora dessas já fugiu.. E meu corpo agora encontrado quase morto por outro enfermeiro foi levado sem muito cuidado para um centro cirurgico.

  Dias depois quando acordei encontrei duas pessoas brigando dentro do meu quarto.

Diziam "Mas que porra deram na cabeça de vocês para deixarem esta menina no andar de cima? Ela seria devorada viva, querem acabar com os anos de pesquisa? Ou melhor.. QUEREM MORRER?"

  Levantei um pouco meu braço sem muita força tentando apontar para um local,mas não foi muito bem sucedido,com pouca energia acabei desmaiando novamente.

Mas não era isso que 'O ser havia pedido para ouvir..

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⏰ Última atualização: Dec 02, 2015 ⏰

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