Me aceite,papai

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-Papai queria me abandonar no hospital desde a primeira vez que me viu, preferia inventar a história da morte da criança do que assumir uma garota,o mesmo acharia vergonhoso demais.. Mas eu.. eu queria ir com a mamãe,sair deste enorme quarto branco e ser amada por ela..

Ainda acordada eu estava a observá-la,papai estava impossibilitado devido à injeção que tomara e a mamãe já um pouco melhor do susto,estava se inclinando no canto direito à mim e parecia procurar por algo.

Assim que encontra o que me pareceu ser inumeras capsulas de remedio,ela os põe de vez na boca sem o auxílio da água,se fosse para morrer que fosse agora e engasgada.

Tinha algo em mim que estava irritado com isto e esta sensação se esvaiu de mim fazendo a mamãe gritar ao pensar ver uma ilusão que dizia e repetia "ACEITE-A,LEVE-A,CUIDE DELA!"

E ela dizia repetidamente "me mate.. me mate.. me mate por favor" chegando a chorar.

A Voz risonha disse "Não farei isso,é seu castigo!"

E desesperada mamãe grita um 'não' e o fica repetindo de forma amedrontada,chamando a atenção dos médicos que correram até ela.

Quando perceberam do sumiço das capsulas à fizeram vomitar todas,aliás eles já sabiam que ela era doente. Aplicaram um calmante nela à fazendo dormir e a me fazer chorar.

Por que teve de ser assim? Papai poderia ser uma boa pessoa e me aceitar,agora por causa de tamanho escandalo os dois foram cedados.. Estamos em um tempo onde o aborto mesmo sem ser legalizado poderia ser feito,papai facilmente iria pagar.. Mas ao mesmo tempo a tecnologia não era tamanha para se descobrir meu sexo..

Mas isto é um fato curioso,não tem tecnologia para uma descoberta,mas havia para o aborto,ou não havia.. Isto seria apenas um caminho para o suicídio

Agora tenho de ficar parada,com a companhia desta sensação estranha dentro de mim,sem poder esboçar palavras..

Uma das enfermeiras haviam me retirado da incubadora na intenção de me acalmar,não estava adiantando muito.. Eu simplesmente queria a minha mãe.

Papai,me desculpe.. Era isso o que sempre eu tento ou tentava te dizer,embora agora eu não lembre de mais nada sobre você.. Seu rosto,sua fisionomia,seu jeito de agir e agredir e nenhum jeito de pensar.. Só se movimentar.

E assim se seguiu a tarde serena,sem os berros do papai ou os surtos da mamãe.. Mas com o choro insistente da criança.

Era fome.

Fora este o resumo do dia,mas agora chega a noite,onde eu me preparo para novos relatos.

Mamãe e papai já haviam acordado em tal hora e ela havia pedido para que os enfermeiros que por lá vagavam nos observando para que chamasse ele e o convencesse a me criar,algo que me deixou animada.

Ao mesmo tempo alguns dos enfermeiros se aproximaram dela e antes de atender-te seu pedido insistiram-na para que me amamentassem e ela aceitou,me deixando surpresa.

Me colocaram deitada em seu colo macio e entre seus braços confortáveis que firme me seguravam e cuidadosos,colocando-me perto de seus seios para que eu me amamentasse.

Mas seria mesmo uma boa ideia tomar um leite vindo de uma viciada em drogas medicinais? Algo amargo e repleto de dor e angústia.

Neste meio-tempo o papai aparece e parecia mais calmo,mas mudou assim que viu sua mulher amamentando uma espécie de ser 'indesejável' ao seu olhar.

"Por que faz isso?" Ele ficou novamente decepcionado.

" É a nossa filha.. aceite-a.." suplica a mamãe.

" Esta criança não é minha,eu desejei um garoto eu quis um garoto,um herdeiro!" Grita.

"Deixe-me cuidar dela.. Vão me atormentar.. Podemos tentar de novo.. Por favor.. " Renemie,vulgo mamãe me aperta um pouco.

Carl se interrompe e põe-se a pensar. "E o que fará com isto?"

" O que você quiser,eu juro!"

"Irei de bater ainda mais forte a cada dia que me irritar com esta criança e ela pagará também!" Ele decreta por fim.

"Só não me abandone.." Ela finaliza e ele se retira um pouco irritado.

'Fez bem' Ela ouve a Voz de novo,mamãe amedrontada começa a soluçar e sussurrava "me tira daqui,não vou aguentar,tira isto de meus braços.." E repetia a última frase.

Mas ninguém mais estava lá com ela. A mesma Voz sádica começou a rir,perturbando-a,o que a lhe fez me soltar-me na cama e a se debater,tapando os ouvidos e pedindo ajuda.


A 'Voz da alma perdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora