Capitulo 2

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Acordei com um gosto amargo na boca, e um lado do fone sem funcionar. E por incrível que pareça, essa não foi a pior coisa que aconteceu essa noite. Do lado de fora, no jardim atrás da casa vi um clarão, seguido por um estrondo que fez a cama tremer.

O jardim era uma das poucas coisas na casa de que eu podia me orgulhar. O jardim servia para embelezar a casa que era um branco sem graça, também era a única coisa real em minha vida. Passei várias manhãs regando e aparando ervas daninhas. Sem ele eu teria uma vida mais  superficial ainda e não gostava nada da ideia.

Me aprecei para chegar mais rápido, e fiquei me perguntando o que teria acontecido. Talvez um bandido tenha entrado pelos fundos e disparado com a arma por acidente.

Bandido?...

Depois desse pensamento olhei para o lado e peguei uma colher de pau. Pensando melhor, pensei pegando um cabo de vassoura que estava próximo e fui em direção ao jardim. De todas as coisas que poderia ter imaginado essa era a ultima coisa que imaginaria ver.

Todas as flores, plantas e ervas estavam queimadas pegando fogo e se reduzindo as cinzas, havia uma pequena cratera onde antes era grama e agora fora substituída por um grande buraco na terra. Mas não era nada disso que havia me assustado.

Um garoto aparente mente da minha idade estava dentro da "cratera" como se tivesse sido atingido por um meteoro, Mas porque e como ele entrou aqui? Como isso aconteceu? Ele esta vivo? Continuei olhando paralisado para o corpo quando criei coragem para falar.

– ah... Você... Está bem? – perguntei um tanto chocado, o corpo não se mexeu – Oi... Oque houve? – falei um pouco mais alto, eu estava procurando alguma pedra que talvez pudesse ter caído do céu, quando pelo canto do olho percebi um movimento. Ele havia se mexido.

Aproximei-me mais um pouco percebendo que já havia largado a vassoura. O garoto se mexeu de novo, hesitei, não sabia o que fazer. Ele olhou para mim e pode ver seu rosto, a pele era bem bronzeada, mas ele estava pálido, meio esverdeado. O cabelo era castanho escuro e pendia sobre seu rosto poucos milímetros acima da sobrancelha.

Ele me olhou e tentou falar alguma coisa, mas sua cabeça caiu.

– Ai meu Deus – exclamei – ele morreu – disse quase num sussurro, mas soltei um suspiro de alívio quando vi sua boca se mexer sem formar som nenhum. Levantei da mini cratera de andei até encontrar uma parede, me escorei nela e me permiti deslizar ate o chão para refletir sobre o que havia acontecido.

Era muita coisa para pensar eu simplesmente não estava entendendo o que estava acontecendo, minha cabeça estava girando, meu coração ainda estava acelerado, mas não era por causa da adrenalina, eu sabia que havia outro motivo. Minha cabeça estava pesada e estava pendendo para o lado. Minhas pálpebras também estavam começando a ficar pesadas. Olhei em volta. Estava tudo destruído e eu não sabia nem o motivo e nem como. Olhei para o jardim destruído mais uma vez, antes de meu corpo tombar para o lado, fiquei deitado olhando para o céu estrelado antes de meus olhos fecharem definitivamente e eu cair no sono.

***

Acordei sentindo a textura do sofá, o mesmo lugar onde tinha dormido ontem. Que sonho estranho pensei antes de abrir os olhos. Minha cabeça latejava de leve, foi então que abri os olhos e me deparei com algo fora do comum. Dois olhos acinzentados me observavam, quase, a meio metro do rosto. Me assustei e levantei num pulo.

– Que ótimo que você acordou estava demorando – disse uma voz animada.

Observei o intruso, era uma criança que parecia ter uns dez anos, mas tinha uma estranha semelhança com o garoto do meu sonho. Eu obviamente era mais velho então já fui tentando entender o que estava acontecendo num tom de voz simpático.

- Olá garotinho, como veio parar aqui? Talvez eu possa te levar para casa.

Ele simplesmente fez não com a cabeça e disse

- Estou muito longe de casa. Eu estava no seu jardim ontem você me viu, e não, certeza não pode me levar para casa... Mas pode me chamar de Will - disse o garoto como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

Senti meu coração apertar, aquilo não foi um sonho.

Ignis: O Planeta de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora