Capítulo V

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A noite passou sem complicações, achei que não conseguiria dormir, mas meu corpo foi tomado pelo cansaço de uma longa viagem e noites anteriores mal dormidas.

- Martin? Bom dia! Busque-me em 10 minutos.

- "ok Senh.." – desliguei o telefone, e não pude ouvi-lo terminar; Tenho varias coisas para resolver, e planejar, tento não pensar no real motivo de estar aqui, encontrar com meu filho. "Talvez não seja tão ruim já que o dia estava lindo, no céu não havia uma nuvem sequer, além do mais poderia ser apenas um engano por parte de todos."

Fomos ate minha loja no centro; claro que ninguém esperava minha presença, notei uma correria dos funcionários ao me verem, alguns atendentes desocupados ficaram em pé e ajeitaram a postura. Adorava causar isso nas pessoas! Era bom mesmo que soubessem com quem estão lidando!

- Bom dia senhor Morelli, me desculpe a recepção, mas não estávamos esperando pelo senhor.

- Foi uma viagem inesperada Valdo.

Valdo era o gerente da loja, um funcionário bem antigo, mas apesar disso não sei nada a seu respeito. Um homem de boa aparência, careca, alto, e elegante em seu uniforme social.

- Algo especifico o traz? Em que posso ajuda-lo?

- vim ver como estão as coisas por aqui e ainda checar a segurança, acho que soube pelos noticiários que uma de nossas lojas foi assaltada.

-sim eu soube, sinto muito. Vamos ate minha sala, vou lhe mostrar o que temos aqui.

Caminho com Valdo para seu escritório em minha loja, o olhar critico sobre cada prateleira, uma inspeção de surpresa não faria mal a ninguém.

No auge da minha juventude, estava cheio de sonhos e uma pequena relojoaria para tomar conta, eu era o recepcionista, atendente, gerente, cuidava da papelada, das compras, dos clientes, tudo. Mas aos poucos a loja cresceu, aumentando a quantidade de fornecedores e pessoas a conhecerem e frequentarem a loja. Logo precisei me mudar para um lugar maior, e para minha sorte, no centro. Designei pessoas e funções, eu fui ficando apenas nos bastidores, mexendo os pauzinhos. Esse local hoje é a nossa sede, la criei nosso próprio relógio, nossa própria marca, e uma loja qualquer tornou-se multinacional, com fabricas que exportam pelo mundo todo. E desde que a empresa cresceu e se formou uma rede com varias lojas pelo mundo, viajei para todos os lugares, pensando apenas em expandir ainda mais a marca, e esbanjando o que tinha.

Foi nesse caminho que minha família se perdeu. Distanciei-me de minha esposa Andrea, eu a amava, só não sabia como demostrar, achava que suprir seus gostos materiais era o suficiente. Não a culpo por ter ido embora e se envolvido com outra pessoa.

-ranran, Sr. Já chegamos em minha sala, não quer se sentar?

-como é? –pergunto surpreso, quanto tempo estava ali, mudo?

-não quer se sentar?

- ah sim, obrigada.

O gerente começa me falar das vendas e sugerir melhorias no sistema e benefícios que poderíamos fornecer aos vendedores. Mas nada interessante, não para mim.

- Valdo, pelo que vejo estão batendo as metas com certa facilidade, vou providenciar uma reunião para discutirmos o aumento delas.

- Senhor Morelli, creio não ser viável se não contratarmos mais funcionários. Os que temos aqui trabalham com apenas poucas horas de descanso.

-Discutiremos isso na reunião que vou convocar os gerentes de todas as unidades – disse me levantando- vocês vão aprender a levar esse trabalho a serio! Voltaremos a nos falar. - Pude ouvi-lo soltar a respiração assim que virei-me para sair de sua sala.

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- aqui não. – Sr. Leandro diz e aponta para que eu me dirija ate outro lugar.

Sai na ponta dos pés e me dirigi ao lugar que ele apontava.

-Ágata! Te achei! – sinto Sofi tocar meu ombro – vem, vamos procurar a Bella.

Procuramos em todos os cômodos, no jardim, dentro dos armários, em baixo da mesa, no carro, não havia sinal dela; quinze minutos depois a brincadeira parou de ter graça.

- Sr. Leandro, nós vamos dar uma volta no quarteirão apenas para conhecer o lugar – na verdade foi a desculpa usada para procurar Bella. Será que ela fazia isso sempre? Será que seus pais já estavam acostumados com algum cantinho onde se escondia tão bem a ponto de não a percebermos?

-Ágata, é melhor contarmos para Angel que a Bella esta sumida.

- Não Sofi, ela só deve ter um esconderijo muito bom. E esta em algum lugar rindo da nossa cara, as crianças não tem noção do que é preocupação. Já ouvi varias historias desse tipo, vamos encontra-la. – Na verdade eu mesma duvidada daquelas palavras depois da segunda volta no quarteirão.

- Angel, por acaso viu Bella? – pergunto inocente, sem jeito de abordar o assunto

- Não Ágata; achei que ela estava brincando com vocês.

- nos estávamos, mas ela deve ter um ótimo esconderijo, pois não sabemos onde esta. – Angel ajeita o pote e vira o pescoço em nossa direção, como se dissesse "como é que é?"

- e a quanto tempo estão procurando por ela? – Angel pergunta colocando a mão na cintura

- Han, não sei exatamente, uns 40 minutos eu acho.

- Meu Deus! Leandro corre aqui! – ela grita pela janela - E porque não avisou antes? – se vira dessa vez para Sofi.

- estávamos procurando por ela. Talvez tivesse um esconderijo muito bom.

- Meninas mesmo que ela estivesse no esconderijo perfeito, conheço aquela garotinha. Ela jamais ficaria mais que um minuto sem se mexer, correr ou fazer algum barulho.

- Me chamou querida? – Leandro chega limpando as mãos em um pano também imundo.

- Sim. Bella desapareceu!!

UMA GRANDE MISSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora