No intervalo, fui ao refeitório. Peguei uma bandeja e me sentei em um canto isolado. Quando olhei para o lado, vi o Rodrigo lá, sozinho. Bem que ele falou que era solitário.
-Oi.
-Oi.
-Rodrigo, né?
-É. Beatriz, certo? Prazer.
-O prazer é meu.-reparei na jaqueta que ele usava. Couro preto, muito bonita.
-Adorei sua jaqueta.
-Couro. Só uso assim.
-Ótimo estilo.
-Minha mãe quase surta.
-Perece o Caio, surta quando eu começo uma guerrinha de comida básica no primeiro dia de aula.-ele soltou uma risada discreta.
-Você fez isso?
-Claro!
-Você é doida!
-Quero a minha casa. Não vou ficar aqui. Não suporto que mandem em mim.
-É a pior coisa.
-Tem algum talento?
-Eu sei tocar guitarra... não sei bem se é um talento.
-Claro que é! Bom, eu canto.
-Hum... interessante. Vem comigo.Fomos para o quarto dele. A guitarra era demais: toda preta com detalhes em dourado. A mais bonita que eu já tinha visto.
-Bom, eu toco e você canta, pode ser?
-Claro!Cantamos músicas que gostamos. Temos o mesmo gosto musical, o que é impressionante. Como alguém que vem de Nárnia, o diretor abre a porta.
-O que a senhorita Ribeiro faz no quarto do senhor Fernandes?
-Nós estamos tocando e cantando, é proibido? -ele se parecia comigo, enfrentando o diretor.
-Não, desde que todos frequentem as aulas. E é o que vocês não estão fazendo.
-Como assim?
-Vocês dois estão faltando às aulas. É contra as regras.
-Sério que estamos fazendo isso?
-Não seja irônica, Beatriz. Não pega bem.
-Eu que chamei ela aqui.
-Rodrigo...
-Fui eu sim, Beatriz.
-Os senhores vão para a detenção. Espero que esse episódio não se repita.
-Pode deixar.
-Rodrigo, por quê? -o diretor já havia saído.
-Por quê o quê?
-Por que você me defendeu?
-Eu te chamei aqui. A culpa foi minha.
-Não precisava.
-Claro que precisava. Eu te trouxe aqui.
-Mas eu aceitei vir.
-Tá, nós dois somos culpados. Eu por te chamar e você por aceitar meu convite.
-É, pode ser.
-E aí, sei tocar bem?
-Melhor que muitos por aí.
-Como assim "melhor que muitos"?
-Tem gente por aí que pensa que sabe tocar. E você não é um desses.
-Agora sim.
-E eu, sei cantar?
-Como os pássaros da manhã. -rimos e dei um empurrão nele.-Ei!
-Para com isso, palhaço!
-Rateira!
-Demente!
-Maluca dos Gatos!
-Tá me chamando de velha?
-Não. De velha e maluca!-soltamos uma gargalhada muito alta e corri atrás dele. Foi divertido. Parei, pois já tinha me cansado. -A velha maluca já cansou?
-Pra quem passa o dia inteiro sentada com um celular na mão, isso é uma maratona.
-Poderia correr o dia todo.
-Diz o atleta.
-O que os senhores fazem aqui? A detenção é para lá. -o diretor apontou para um corredor.-Já era pra vocês estarem lá.
-Calma, nós vamos.-fiz dando umas pausas.-Vamos, esquisito.
-Vamos, urubua.
-Vale animais? Então tá, tamanduá!
-Você foi a única pessoa que eu já brinquei desse jeito. Sério. Nem com meu irmão.
-Que honra.
-Tá, agora vamos antes que o diretor vem encher o saco de novo.
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O Colégio Interno
Научная фантастикаBeatriz é uma menina rebelde, que não respeita ninguém. Quando recebe a notícia que terá que ir para um colégio interno, fica totalmente irada. Lá, ela vai tocar o terror e fazer de tudo para ser expulsa. No meio do caminho, reencontra seu pai, Cai...