Capítulo 3

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Eu estava adorando aquele final de semana. Nós comemos besteiras, jogamos videogame, cantamos no karaokê e nos divertimos muito. Os meninos foram embora quase anoitecendo. A casa tinha ficado uma zona.

-Eita, Bia! Tá uma zona!
-Pior!
-Vamos subir e fingir que estamos dormindo, senão vai sobrar pra gente limpar.

Fomos cada um para seu quarto. Tomei um banho meio rápido e deitei. Dormi fingindo estar dormindo.
Um tempo depois, o Caio abriu a porta e me acordou.

-Acorda, Beatriz.
-O quê?
-Tenho um castigo pra vocês.
-Como assim?
-Como assim? Aquela zona lá em baixo. Se sua mãe não te coloca limites, eu coloco.

Ele sai e eu vou atrás. Pedro também estava lá.

-Sobrou.
-Pois é.
-Vocês dois vão limpar a bagunça e a sujeira que fizeram. Já.
-Eu não limpo nada-falo sentando no sofá.
-Se ela não limpa eu é quem não vou limpar.
-Você vai limpar sim. Ninguém mandou sujar. Agora, vão limpar.
-Tá...-nunca pensei que o Pedro poderia se render tão rápido.
-Eu não vou limpar isso.
-Beatriz, isso é uma ordem.
-Eu não preciso te obedecer.
-É claro que precisa. Eu sou seu pai, e você me deve respeito.
-Eu não vou limpar.
-Beatriz, eu não estou brincando. -Eu também não.
-Vai ajudar seu irmão a limpar.
-Não.

Ele para um pouco e me olha, já ficando com raiva. Ele é o homem mais paciente que eu já vi.

-Beatriz...
-Não.
-Ou você limpa ou eu vou ter que tomar uma providência.
-Então pode tomar essa tal providência, eu não ligo.

Ele sai discando um número no celular. Pouco depois, ele volta e me encontra do mesmo jeito no sofá.

-Você vai limpar, Beatriz.
-Não vou não.

Ele me pega pelo braço e me leva para um quartinho bem pequeno.

-O que é isso, ficou doido?
-Considere isso como um castigo por me desobedecer.

Ele fecha a porta e me deixa lá. Era muito pequeno pra deitar, então não tinha como dormir. Só me sentei e esperei ele voltar e me tirar dali.
(...)
Ele estava demorando muito pra me tirar de lá. E eu já estava com frio. Queria sair de lá.

-EEI! ME TIRA DAQUI! EU QUERO SAIR!!!

Parecia que meus gritos não faziam efeito. Comecei a chutar e esmurrar a porta daquele lugar. Também não adiantou. A única coisa que eu poderia fazer era sentar e esperar alguém me tirar dali.

(...)

Eu estava com frio. Era muito gelado lá dentro, eu realmente queria sair de lá. De repente, escuto um barulho na porta. Era o Caio. Como eu estava sentada, ele olhou para mim e cruzou os braços. Eu estava de cabeça baixa.

-Beatriz.
Olhei pra ele.
-Vem aqui.-ele estende os braços. Vou até ele, e me abraça. Não gosto de abraços, mas retribui.
-Me desculpe. Só estou tentando te educar. Vem, vamos jantar.
-Quanto tempo eu passei lá?
-Isso não é importante.

Quando entro na sala de jantar, Pedro me olha, surpreso. Ele se levanta e me abraça.

-Bia, como você está?
-Bem. E com um pouco de fome.

Comemos juntos. Eu não falei nada o jantar inteiro. Claro que era só falsidade. Se ele pensa que vai me mudar me trancando num quartinho gelado, ele está muito enganado. Terminei de comer e subi para um banho de uma hora. Fiquei lá pensando no que fazer naquela escola. E tinha um plano perfeito. Saí do banho, vesti uma roupa básica e fui dormir.
Acordei com alguém batendo na porta.

-Pode entrar.-falo com voz de sono.

Era o Pedro. Ele estava com uma roupa bem social, que ficou muito bem nele.

-E aí, você mudou mesmo?
-Que pergunta. Claro que não.
Q
-Você não tem jeito mesmo - ele deixa escapar um sorriso. - Vamos, o pai vai levar a gente pra um passeio.
-Valeu, prefiro ficar aqui.
-Vem logo, pirracenta.
-Não vou. Prefiro ficar aqui comendo o dia todo.
-O que você acha que vamos fazer?
-Tá, mas só porque tem comida envolvida.
-Você é magra de ruim que é, né?

Rimos e ele sai. Tomo um banho e coloco um short branco, uma blusa preta e um tênis dourado. Desci e lá estavam os dois me esperando.

-Que filha linda eu tenho!
-Minha irmã é show!
-Para com isso...

Nós saímos e fomos para um parque aquático. Era muito legal, mas eu não entrei na água. Passamos o dia todo lá, e, à noite, fomos comer pizza. Eram 20:45 quando fomos embora. Cheguei subindo pra tomar banho (novidade), porque no dia seguinte iria voltar para aquele colégio de novo. Deitei e capotei.
Acordei bem silenciosamente e saí para uma loja de construção. Lá, comprei algumas coisinhas que iriam me ajudar no meu plano. Voltei, e todos estavam dormindo. Coloquei tudo em uma mala e tampei com roupas para ninguém desconfiar. Pouco depois, o Pedro chega na porta.

-E aí, comprou tudo?
-Comprei.
-Tá. Vamos, pega as malas aí.

Peguei as malas e desci com ele. Tomamos café da manhã e voltamos para o colégio. No carro, coloquei tudo que o Pedro precisava para a parte dele do plano e fiquei com o resto. Ele me olhou e eu acenei com a cabeça. Chegamos e eu fui para o meu quarto. Pintei uma das paredes de roxo escuro, peguei as latas de tinta spray e saí a encontro do Pedro.

-E aí, fez tudo?
-Fiz.
-Ótimo. Vamos para a segunda parte.

Fomos até a piscina. Jogamos corante verde lá dentro. Muito corante. Saímos para a sala dos professores. Pichamos a porta e a parede. Na sala do diretor, um desenho dele. E, no chão, tinta roxa e tinta verde.

O Colégio InternoOnde histórias criam vida. Descubra agora