Tortinhas de maça ♥

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Uma buzina do lado de fora fez meu corpo todo ficar paralisado, senti um forte frio apesar do calor forte que estava fazendo. Meu pai abriu a porta e ouvi de longe ele cumprimentando o Bernardo e mais alguém que eu não sabia quem era, resolvi levantar do sofá e ir até a porta. Lá estava o Bernardo com uma bermuda, um tênis e uma camiseta básica e do lado dele um rapaz alto, que parecia muito com ele.
- Oi Alice - Bernardo me cumprimentou com um beijo na bochecha me fazendo tremer. - Pai, essa é a Alice.
Então aquele rapaz era o pai dele, minhas bochechas queimavam e eu podia sentir a vergonha dentro de mim.
- É um prazer conhecê-la. Sou o Marcos.
Ele tocou minha mão e abriu um sorriso lindo, percebi de quem o Bernardo tinha puxado tanta elegância.
- Vocês querem entrar um pouco? - Meu pai perguntou saindo da frente da porta e deixando uma passagem para eles.
- Eu adoraria, mas tenho que levar os pombinhos! - Marcos disse com um sorriso nos lábios.
- Você pode levá-los e voltar se quiser.
Nossa, meu pai gostou mesmo do rapaz.
- Eu adoraria, poderia passar em casa e trazer a Adriana comigo. - Marcos disse assim que viu minha mãe na porta. Ele a cumprimentou.
- Pode ser então. - Meu pai concordou.
Dei um beijo na minha mãe e um do meu pai e então segui o Bernardo até o carro. Assim que o pai dele destravou as portas ele abriu a porta traseira e sorriu para que eu entrasse, pensei que ele fosse na frente com o pai, mas ele foi atrás comigo, me fazendo companhia.
- Onde vamos? - Perguntei 5 minutos depois que saímos de casa, por dois motivos. O primeiro: Tirar aquele silêncio que tanto me incomodava; o segundo: agora que o pai do Bernardo estava ali, era capaz dele me falar, eu já estava ficando louca de ansiedade.
- Estou proibido de falar. - Marcos riu enquanto dirigia.
- Calma, já já chegamos. - Bernardo tentou me tranquilizar.
Tentei ficar calma mas era difícil, já teria pensado diversos lugares diferentes e todos eles me pareciam ótimos lugares para ir com o Bernardo, mas eu não sossegaria enquanto não chegássemos.
Se passaram mais ou menos 10 minutos que estávamos no carro, quando fizemos uma curva e pude ver uma placa escrito:
"PARQUE SORRISOS"
Fiquei super animada e sem reação, é claro que em um dia de sol como esse, ele me levaria ao parque, mas eu estava to ansiosa que joguei essa possibilidade longe. Olhei para ele sem saber o que fazer, ele me devolveu um sorriso calmo.
O pai dele nos deixou no parque e disse que quando fosse para nos buscar era só ligar para ele.
O Bernardo pegou minha mão quando começamos a andar.
- Porque não disse que ia me trazer aqui? - Perguntei sorrindo para ele.
- Achei que ia ser legal te deixar curiosa.
- Conseguiu.
- Ah, fala sério... Você gostou né!? 
Pude perceber o nervosismo presente ali, ele estava com medo que eu não estivesse gostado do lugar ou do suspense todo que ele havia feito e era claro que eu estava gostando de tudo, pelo simples fato de ele ter pensado em tudo, para me ver sorrir.
- Sim. - Falei sorrindo e escondendo a vergonha. - É claro que eu gostei.
Andamos mais um pouco até chegarmos em frente a um lago. Bernardo estava com uma mochila nas costas que tinha pegado no porta-malas do carro. Abriu a mochila e pegou uma toalha xadrez branca e vermelha, típica toalha de pic-nic. O ajudei a colocar a toalha na grama e então nos sentamos em cima dela.
- Bom, espero que esteja com fome. - Ele disse sentando de frente para mim e tirando coisas da mochila.
- Estou! - Sorri enquanto prendia o meu cabelo em um coque bagunçado.
Ele tirou caixinhas de sucos de uva, e uns potinhos super fofos de bolinha.
- Por favor não ria dos potinhos, são da minha mãe. Aliás, se caso não gostar de alguma coisa, eu jogo o peso todo para ela viu!? Foi ela quem fez tudo.
Eu dei risada pelo modo como ele falou. Será que ele simplesmente falou para a mãe que iria em um pic-nic e que ela deveria fazer algo? Será que isso era a primeira vez que acontecia ou ela já estaria acostumada?
- Eu achei super fofos. 
- Ufa. Gosta de morangos? 
Ele abriu um dos potinhos onde tinham os morangos mais lindos e vermelhos que já vi. 
-Amo.
- Yes!!! Acertei mais uma vez. Tem alguma coisa que você não gosta? - Perguntou me dando uma das caixinhas de suco de uva.
- Pode ficar tranquilo, frescura por comida não é comigo.
Ele me deu um morango e eu o comi com calma, saboreando cada pedacinho tão doce. Então abriu os outros potes e foi deixando um do lado do outro, para que eu pegasse o que tivesse vontade. Em um deles tinham sanduíches de patê de frango, no outro tinham coxinhas, no próximo tinham pedaços de bolo de chocolate e no ultimo haviam tortinhas de maça.
- Nossa, quanta coisa. - Deixei escapar realmente encantada com a quantidade de coisas gostosas que ele tinha levado.
- Se acostume, minha mãe é assim. Espero que goste de tudo. - Falou me dando um guardanapo e pegando um sanduíche.
Fiz o mesmo. Os sanduíches estavam uma delicia, mas o que me ganhou mesmo foi a tortinha de maça.
- Estou apaixonada por essa torta. - Falei dando uma mordida na minha segunda tortinha.
- Minha mãe arrasa né!? Ontem quando pedi para ela fazer as coisas eu implorei para que ela não esquecesse de fazer essa torta, é a minha predileta e em todos os pic-nics que ela me levava quando criança, nunca faltava. - Ele falou rindo e pegando a penúltima tortinha que tinha no pote. - A ultima é sua.
- Também tenho minha torta preferida. Essa entrou na lista. - Falei rindo. - Acho que não cabe mais, estou cheia.
- Aé? Torta de quê? E tem certeza? É tão pequeninha. - Ele disse olhando para mim com uma cara de quem queria me convencer a comer o ultimo pedaço.
- Frutas vermelhas, vou pedir para minha mãe fazer para você e por favor come por mim, estou muito cheia. 
- Pode pedir. Amo tortas. 
Ele sorriu para mim e pegou o ultimo pedaço. Depois que comeu, começou a tampar os potes e a guardá-los na mochila, o ajudei e então ele deixou a mochila de lado e olhou para mim. Naquele momento senti o vento batendo forte em meus fios de cabelo que estavam soltos, senti o sol batendo no meu rosto, me fazendo apertar os olhos para o olhar para ele com mais perfeição.
- Te chamei aqui hoje Ali, porque além de passar mais um dia ao seu lado, eu gostaria de te perguntar uma coisa. 
Ele sentou mais próximo de mim e me deu um beijo na testa.
- Eu não sei bem como fazer isso, não é a minha primeira vez, mas você faz parecer que sim.
- Como assim? - Perguntei sem entender muito bem o que ele queria me dizer.
- Vou explicar melhor... Já namorei uma vez antes, então já passei por momentos constrangedores de conhecer os pais, de primeiros encontros, primeiros beijos, de pedidos... Sim, eu já passei por tudo isso, mas ao seu lado parece que eu ainda não fiz nada disso, tudo com você parece ser uma primeira vez. - Ele estava tremendo e não contente em segurar a minha mão, ele olhou nos meus olhos. - Não se conhecemos a tanto tempo assim, mas já dormimos juntos e pode-se dizer que já temos uma certa intimidade. - Ele riu, envergonhado. - Eu não consigo tirar você da minha cabeça Alice. Penso em você desde a hora que eu acordo, até a hora que vou dormir e mesmo dormindo, você está em meus pensamentos, aparecendo assim em todos os meus sonhos. Não quero deixar minha mãe lavar minhas camisetas pelo simples fato delas estarem com o seu perfume, o seu cheiro que me faz tão bem, me passa uma tranquilidade tão grande. É simplesmente mágico todo esse efeito que você tem sobre mim e é por isso que eu não consigo mais esperar... Você aceita ser minha namorada? 
Olhei para o chão e novamente para os olhos daquele anjo que estava ali bem na minha frente. Estava respirando com dificuldades e aquela pergunta me passava várias vezes pela cabeça, eu estava perdidamente apaixonada por ele e ele por mim também, percebi que do mesmo modo que ele estava sempre na minha cabeça, eu também o acompanhava, passando a calma e o amor que ele tem passado para mim à dias.
- Sim, eu aceito. - Disse abrindo o sorriso mais sincero que consegui, tentando não deixar lágrimas de felicidade escorrerem pelo meu rosto.
Nos beijamos e ficamos abraçados conversando durante um bom tempo, até decidirmos andar mais um pouco pelo parque e depois ligar para o pai dele, que agora era o meu sogro, para nos buscar.

♥♦♥♦

Naquela noite, quando deitei para dormir, aquele dia me passou inteiro pela cabeça e quando chegou á parte do pedido de namoro eu comecei a chorar, as lindas palavras que ele tinha dirigido a mim... Como é bom ser amada por alguém, como é bom passar sensações para uma pessoa que também faz o mesmo com você, tudo isso é mágico e não tem palavras que possam descrever o amor. Um sentimento tão verdadeiro e rápido, que nos incendeia sem pedir permissão e faz de nós meninas bobas, sorrindo só de lembrar momentos agradáveis que passamos com o nosso grande amor.

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