Tempo perdido

Sonhos interrompidos

O que falar para uma criança que durante toda a infância sonhou ser diversas coisas, mas o grande sonho sempre foi ser jogador de futebol? Como explicar para ela que aquilo não era para ela por simples e as vezes incompreensíveis questões religiosas?

Acontece que mesmo não sendo um craque de bola, ele sempre sonhou em ser aquele cara que faz o gol na final de uma copa do mundo, aquele cara que tem seu nome chamado por mais de 60 mil pessoas, aquele que sempre sonhou em ser reconhecido por seu trabalho, aquele que sonhou em poder realizar outros sonhos juntos ao dele, tipo uma casa própria para sua família.

Mas nada disso pode acontecer da forma que queria por crenças que ele considerava superior. De início foi uma dor para ele, ter que largar seu sonho em nome de uma crença, e ter que viver sua medíocre realidade de pobre, que teria que estudar e trabalhar o dobro para ser alguém na vida. Mas aos poucos foi se acostumando com essa triste realidade.

Mas o menino era bom no que fazia, e mais uma vez a vida abriu as portas para ele, e concedeu através do estudo, a grande oportunidade da vida dele. Sair de onde morava para tentar ser alguém lá no Rio de janeiro, porém, mais uma vez o sonho foi interrupto e sim, pelo mesmo motivo. Mesmo sem entender o real motivo e o porquê daquilo novamente, ele simplesmente seguiu no que acreditava mesmo ouvindo várias críticas e conselhos para abandonar aquela fé.

Os tempos passaram e de lá para cá, nenhuma oportunidade mais surgiu na vida dele. Ele decidiu parar de se esforçar e esperar confiante que outra oportunidade surgirá ou não, para ele ultimamente tanto faz. Mesmo ainda tendo no coração e na mente, grandes ambições e grandes sonhos, ele se acomodou e se acostumou com o suficiente. E agora ele se pergunta como seria a vida dele se um dos dois sonhos tivesse sido realizado.

Sem muita pressa o tempo vai passando, e ele já calejado com a vida mesmo sendo jovem, já tem pensamentos pessimistas, não crê tanto na vida da forma que antes, os sonhos da infância já parecem distantes e grandes interrogações tem surgido na mente dele.

Será que se esforçar tanto para certas coisas vale a pena? Toda criança tem o direito de sonhar, mas será que pelo menos dois deles vão se realizar? O que poderia ter feito para minha atual realidade ser diferente?

Mas ainda assim lá no fundo, lá do lado emotivo e extremante sentimental dele, ele ainda se arrisca em desejar e sonhar, ainda assim ele para pra tentar planejar algo, mesmo o lado racional e extremamente consciente dele dizendo que aquilo não passa de uma quimera.