É lamentável passar uma noite no hospital e ver tanta gente sofrendo, tanta gente em pranto. Tanta gente lamentando a perda de alguém ou agonizando ao ante querido a possibilidade e proximidade de perda. Gente como a gente, que vive e senti, que sorri e chora, que aplaudi e vaia, mas que na hora da dor, se uni ao que acredita como sagrado, que se torna devoto de coisas ou pessoas que podem lhe trazer salvação. Pessoas que não querem perder a fé de ver novamente aquele que ama fora daquele lamento, pessoas que esquecem os seus problemas e sentem o que os outros sentem, que passam noites acordadas, que deixam de se alimentar, que simplesmente agonizam, que sentem, que choram junto com o paciente, o que não queria nem para o seu pior inimigo.
Outro dia quando fui passar a noite com meu pai no hospital, não porque queria ou achava legal, mas sim porque necessitava... vi uma senhora junto ao seu amado "velho", que estava hospitalizado, e sem muito recurso, agonizava dor numa maca naquele corredor. Ela bem idosa, seu esposo mais ainda, ela já sem forças de tanto ficar em pé, se apoiava na maca, ainda assim segurando uma bengala, olhava sem parar para ele, com um olhar de sofrer tremendo, com uma vontade de chorar e um sorriso meio amarelado sem muito brilho.
Ela não conseguia parar de olha-lo, pensava (imaginava eu)
-"Melhora logo meu velho, já não aguento mais teu sofrimento".
E eu acompanhando meu pai, mesmo sem conhecê-lo, me sentia sensibilizado com aquela situação, pensava que aquilo estava errado, que ninguém por pior que fosse a sua índole, ninguém merecia passar por aquela situação. Ninguém merecia passar pela dor da perda ou da doença, que pior que um cemitério, lugar onde deixamos determinados dias quem amamos, o hospital é, lugar onde sofremos com quem sofre e choramos com quem chora, enquanto houver folego há esperança, enquanto houver folego há incertezas, enquanto houver folego não sabemos se sorrimos ou choramos.
Fiquei lá com meu pai, sentado no chão daquele corredor de hospital, observando todos que passavam, uns com sorriso no rosto outros com lagrimas rolando, e eu com um sentimento por todos, pessoas que malmente sabia o nome, que nem ao menos sabia que existia antes daquele lastimável encontro, mas unidos na esperança do sorriso, da melhora e da alegria de vê-los um dia talvez longe dali.
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Tempo perdido
RandomTempo perdido. E nessa forma que levamos a vida , temos que nos adptar a situações ou coisas que terminam regendo a nossa vida. Trabalhamos, estudamos, e nos empenhamos em coisas que parecem relevantes a nossos olhos, acumulamos bens, desejamos a pa...