Capítulo 2. Escola

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Priscila narrando...

  Acordo de manhã ainda morrendo de sono, eu queria voltar a dormir mas lembro que hoje é dia de aula.

  Levanto e faço minha oração, depois faço minhas higienes e vou para a cozinha, coloco o café no fogo e pego um biscoito de sal passando requeijão, enquanto a água do café esquenta vou pro banheiro, tomo um banho rápido e coloco uma calça jeans escura, meu tênis vermelho e a blusa da escola. Deixo meus cabelos soltos e vou pra cozinha, meu tio já está sentado na mesa, uma hora dessa minha tia já foi trabalhar, ela é secretária em uma empresa.

-Bença tio, bom dia!

-Deus te abençoe! Bom dia também! -Enquanto tomamos o café juntos, ficamos conversando.

  Quando me mudei pra cá, as manhãs aqui nessa casa costumavam ser silênciosas e dolorosas, e em um gesto de mudar isso meu tio começou a brincar, me perguntando qual eram as notícias do dia, ou simplesmente qual era o meu humor naquele dia, no começo eu era grossa e muitas das vezes, irônica. Mas então percebi que tinha que haver uma mudança em mim também, comecei a comprar jornais e sempre ter uma resposta na ponta da língua, ao longo do tempo isso se tornou um hábito legal entre nós, fazia com que ficássemos mais próximos um do outro.

   Termino meu café depois dessa nossa brincadeira, pego mais quatro biscoitos e vou comendo, eu sinceramente não sei como não engordo.

  Saio do prédio onde moro bem rápido já que estou meio atrasada, passo em uma loja pra comprar um chocolate pra minha amiga, a Ruiva, depois vou direto pra escola. Assim que chego, vejo a Bia me esperando, ela sorri vindo me abraçar.

-Ruiva, você não sabe! -digo fazendo suspense e ela logo se anima

-O que!? Ganhou na loteria? -ela pergunta baixinho e eu começo a rir.

-Não, melhor, comprei uma coisa!

-Você gastou dinheiro em vez de ganhar e diz que isso é melhor?

-Nossa, comprei pra você sua mal agradecida! -finjo que fiquei magoada e ela se embola toda querendo explicar, mas depois desiste e faz careta pra mim

-Você entendeu o que eu quis dizer! - eu começo a rir da sua cara.

-Toma aqui sua marrenta, trouxe seu chocolate favorito! -digo estendendo o chocolate e ela dá pulinhos de felicidade se jogando em meus braços

-Priscila você é a melhor amiga que existe!! Nada melhor que um chocolate de manhã! Obrigada!!

-De nada -digo piscando.

  Ruiva é aquele tipo de amiga que de manhã bem cedo está com um sorriso enorme no rosto, toda animada. Eu porém sou bem mais calada, gosto de ficar na minha.

-Oi meninas! -A Mari (Mariana) chega na gente, seus cabelos são encaracolados e castanhos claros e ela é parda. A Ruiva não gosta muito dela, não sei porque.

-Oi Mari, como você está? -pergunto com gentileza andando ao lado delas pelo corredor da escola.

-Super bem!! - ela diz empolgada. -Ontem conheci um garoto na festa, um gato e beija bem pra caramba! -eu e a Ruiva trocamos olhares, eu amo a Mari, mas por ela não ser cristã igual eu e a Ruiva, as vezes é difícil acompanhar seu ritmo.

-Mari, você sabe que é errado porque o seu corpo tem que ser templo do Senhor, você não pode deixar que a morada Dele esteja suja e mal cuidada -me impus, mesmo sabendo que ela não ia me escutar.

-É errado pra vocês crentinhas, eu não acho que isso tem nada de errado!

-Olha aqui Mari, ninguém aqui é "crentinha" somos servas do Senhor! Se você não agrada, sai fora. -A ruiva diz grossa e a Mari só faz uma careta entrando pra sala, fecho a cara pra Bia quando ficamos sozinhas.

-As vezes eu realmente não sei como você consegue ser amiga dela -A ruiva rebate irritada com o meu olhar.

-É o costume.

-Eu não tenho costume com gente falsa!

-Bia, a gente não pode julgar as pessoas! Temos que entender que todos temos diferenças.

-Eu sei, "me perdoa Deus....mas por favor, por favor, ME DÁ PACIÊNCIA PRA SUPORTAR ESSA GAROTA NA MINHA FRENTE!" - ela pede a Deus e entramos na sala rindo e conversando.

~~♡~~

   Depois que a aula acaba preciso voltar pra casa correndo, faço o almoço, tomo um banho e 13:00 eu saio correndo de casa, o elevador demora e eu já fico nervosa por estar atrasada, quando ele finalmente chega no meu andar entro rapidamente e tem um garoto ali dentro, ele é tão bonito que preciso olhar com mais atenção, o cara era moreno, alto e tinha os olhos pretos intensos.

-Oi -ele puxa conversa.

-Oi -respondo olhando para a demora do elevador que só fazia isso quando eu estava com pressa. "Deus me dá paciência" peço em pensamento.

-Você é cristã? -ele pergunta e eu abro um largo sorriso ao escutar isso.

-Sim, porque? -ele aponta para a bolsa em meu ombro onde vejo minha bíblia -E você? -pergunto -Também é cristão?

-Sim, mas me mudei recentemente e ainda não frequento nenhuma igreja. -concordo e estendo a mão

-Muito prazer, meu nome é Priscila e o seu? -ele aperta e percebo como sua mão era grande e forte.

-Igor

-Nome bonito, olha Igor eu congrego em uma igreja, se quiser eu te falo o endereço.

-Quero sim! -ele sorri e eu passo o endereço pra ele, depois que finalmente o elevador chega aonde quero, eu e o Igor já fizemos amizade, me despeço dele entrando no uber que me aguardava.

  A loja de roupas onde eu trabalhava meio período me rendia looks maravilhosos, o único problema era a minha chefe, a mulher tinha uma facilidade incrível para se irritar, além de ter faltado em todas as aulas de boa educação.

   Chego correndo trocando de lugar com a garota que trabalhava de manhã, graças a Deus que ela era tranquila.

   Porém, minha chefe logo chega:

-Oi Dona Amélia, tudo bem? - cumprimento.

-Se não fosse por você, estaria tudo ótimo -faço um esforço para manter o sorriso intacto.

-E o que eu fiz?

-E ainda tem a coragem de perguntar? Eu não te pago pra chegar atrasada não! -respirando profundamente tento manter minha voz baixa.

-Desculpa Dona Amélia, eu sei que errei, é que aconteceu um emprevisto.

-Com certeza aconteceu né!? Aposto que estava desfilando pra ver se algum garoto te olhava- "Deus me ajuda pra não falar coisa errada" peço em pensamento.

-Não foi isso que aconteceu não, me desculpa pelo atraso -encerro o assunto e ela faz caras e bocas até perceber que não vou rebater.

-Tudo bem, mas se acontecer de novo, tá despedida por justa causa -diz emburrada

-Ok, obrigada! -ela só faz uma careta e sai rebolando.

Termino meu expediente tranquila e quando dá 18:00 fecho a loja e vou embora.

Um Vagabundo Mudado [ Completo ]Onde histórias criam vida. Descubra agora