Dois

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Arya se encontrava em um dos quartos da imensa casa onde habitava apenas com seu irmão, observava pela janela do segundo andar a pequena criatura se esgueirar pela rua logo abaixo. Olhava para os lados, com medo o suficiente para que tropeçasse nos próprios pés. Era tola o suficiente para vir para o sul, onde todos sabiam quem governava.

A mulher de aparência jovial desviou os olhos para o céu, onde encontrou o sol quase se pondo, estava quase na hora e se aquele mero humano não se apressasse iria acabar virando jantar.

Fechou a longa cortina e se afastou da janela, indo em direção ao banheiro. Postou-se à frente do espelho e encarou a própria imagem. Gostava do que via - alta, esbelta e ruiva; seus longos cabelos eram cascatas onduladas vermelhas que desciam até a base da cintura; os olhos eram de um dourado claro, cor típica daqueles de suas espécie; o rosto era fino e os lábios uma fina linha rígida, características daqueles que não tinham o costume de sorrir.

Arya não gostava da guerra, mas admitia que ela era necessária. Há alguns anos, os humanos tomaram conhecimento das espécies que habitavam o mundo junto deles e a sua ganância os fez querer ter controle sobre isso também. As fadas foram as primeiras a serem extintas, cortaram uma por uma, arrancaram todas as suas pequenas asas e depois disseram que elas não existiam, tudo para descobrir o que as faziam diferentes. Depois vieram as sereias, tiveram o mesmo destino.

E então, pela primeira vez, vampiros e lobisomens deixaram as diferenças de lado e resolveram atuar juntos, foi um banho de sangue. Eram as duas únicas espécies que nutriam poder suficiente para destruir os humanos um a um, até que os últimos da raça tivessem que viver como ratos, como pressas fáceis, da mesma forma que forçaram as outras espécies a viver. Ambas as espécies sabiam da existência de elfos, mas estes já não deixavam rastros há muito tempo.

Arya se lembrava bem como era matar alguém, perdera a conta e no início ficava coberta de sangue, tanto que não sabia o que era seu ou dos humanos, a única diferença era que ela de curava e os humanos não.

Porém, a ruiva tinha uma motivo para isso: vingança. Pouco mais de um ano antes da guerra eclodir, a mesma garota que rasgava gargantas viu a própria mãe ser capturada, queriam explorar os lobisomens agora e depois do trabalho feito deixaram o corpo na floresta, para que fosse encontrado. Arya nunca havia chorado tanto ao ver o corpo irreconhecível de Charlotte. Só tinha 14 anos quando viu a mãe morta, e o irmão 13, eram apenas crianças e logo Arya teve de se tornar adulta mentalmente para cuidar de si e seu irmão.

Logo depois da morte de sua mãe, Caleb, seu pai, ficou louco de raiva e partiu a procura dos tais cientistas. Nunca mais voltou.

Agora, vampiros e lobos reinavam perante o mundo, mas Arya sabia que os outros só queriam se alimentar e que logo se voltariam contra os lobisomens também. Sabia de mais uma coisa, os elfos ainda estavam lá, escondidos em algum canto, se fortalecendo.

Arya ouviu a batida da porta no primeiro andar graças a sua audição aguçada e logo se dirigiu para fora do quarto. Logan já estava lá quando ela chegou ao topo da escada, seu cabelo escuro estava bagunçado como de costume e a blusa amarrotada sobre as costas largas. Conversava com Christian, o líder do clã de vampiros e este tinha o mesmo sorriso demoníaco no rosto.

- Arya, acho que devo pedir desculpas, posso ter aparecido na hora errada - fixou os olhos no corpo da ruiva e só então Arya notou que trajava apenas shorts e camiseta, o que deixava boa parte de seu corpo à mostra.

A garota sentiu o corpo do irmão ficar tenso ao seu lado.

- Sugiro que vá direito ao ponto.

Christian passou o dedo indicador sobre a mesinha que havia do lado do sofá, como que se verificasse se estava sujo. Arya notou que havia cortado bastante os cabelos loiros e agora estava quase careca, ao estilo militar, o que ressaltava as maçãs de seu rosto, possuia uma argola na orelha esquerda e os olhos cintilavam como rubis.

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