Capítulo II: Perdido.

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Eu já estava cansado do rumo que minha vida estava levando, tudo estava um pé no saco. Eu estava um pé no saco. O quanto ansiava para que todos os dias fosse o fim do mundo?! Cara a vida tava uma merda, meus problemas familiares estava acabando comigo naquele tempo. Meus irmãos e eu não estávamos se dando bem, sempre brigavamos, e eu era o vilão da história.
Mas com o tempo tudo estava tomando jeito. Eu havia instalado o aplicativo que meu amigo indicara, depois de bater papo com três caras e pegar apenas o contato de um resolvi desativar a minha conta, já que eu pretendia não usá-lo mais. Mas não tinha esperança de que ele e eu pudéssemos ter alguma coisa, afinal de contas eu já sabia o que todos queriam no final. Sexo. Nada mais que isso. Eu não sou pessoa de trocar nudes, por isso fiquei esperto, caso ele viesse pedir seria carta fora do baralho, mas me surpreendi. Ele não parecia aqueles caras que queriam apenas fuder com você e tchau. Mas claro, sempre fui desconfiado, eu sou meio neurótico, fico com pé atrás.
Neste mesmo tempo estava conhecendo outras pessoas, cada um mais pé no saco que o outro. Enquanto James e eu continuavamos a teclar via Whatsapp. Mas ainda me sentia tão inseguro, na verdade eu estava com medo de me relacionar com outra pessoa e ela me fazer passar por tudo aquilo novamente. Depois de um tempo na minha vida, passei a esperar tudo de ruim das outras pessoas, assim seria uma forma de não me pegarem de surpresa e acabou dando certo. É mais capaz de me surpreender com boas atitudes do que qualquer coisa que possam fazer contra mim.
Neste tempo estava morando com uma amiga, havia acabado de conseguir uma entrevista de emprego e passei. Caramba, fiquei muito feliz. Havia feito os exames e as entregas dos documentos começaria daqui uma semana, dia 7 de Julho. James e eu continuavamos a teclar. As vezes quando no visor do meu celular aparecia mensagens de notificação do seu perfil do Whatsapp eu à ignorava por um tempo, mas sempre as respondia. Que droga, eu estava tentando não me relacionar, mas de alguma forma ele me chamou atenção. Ele sempre me convidara pra sair e eu sempre inventava uma desculpa. Como da vez que combinamos em ir no parque do Ibirapuera para se conhecer.
- Oi
- Oi, tudo bem? - eu digitei fazendo aquela cara de quem estava sendo incomodado, mas na verdade gostava de bater papo com ele.
- Tudo e com você? - ele parecia um cara lega e um amor de pessoa. Apenas uma coisa me incomodava, ele tirava a foto de perfil, e no aplicativo havia a função do usuário bloquear a foto para contatos não salvo. Acho que entenderam! Aquilo pra mim se tornaram um motivo para não ir a fundo, talvez ele só quisesse apenas uma curtição e eu no momento não queria nada disso. Na verdade eu gosto de tudo muito claro, ou agente tem algo ou não temos nada, não sou de meio termo.
- Tudo. - respondi com um emoji de gatinho sorrindo.
- E ai quando nos veremos?
- Podemos se ver nesse domingo.
- Onde?
- Não sei, tem algum lugar em mente?
- Pode escolher.
- OK! Ibirapuera?
- Sim, pode ser, já tem um tempo que não vou lá.
- Entendi. Que horas?
- Teria problemas se fosse a noite? Umas 20:00h
- Não, problema algum.
Ah mentiroso! Claro que pra mim teria problema, já fiquei desconfiado. Mas de qualquer forma o horário seria propício, já que eu estava pensando em ir para o Taboão visitar minha prima e de lá iria vê-lo. Talvez. Depois me despedi dele dizendo que iria na casa do meu amigo, e me desconectei do WiFi. Liguei o meu celular no player de música, ao som de Make me Wanna Die de The Pretty Reckles eu fui me banhar. Levantei da mesa com o máximo de cuidado, pois o espaço onde eu me sentava era estreito entre a mesa e a geladeira. Olhei para o sofá de cor azul aveludado com listras pretas, ele parecia me convidar a deitar sobre ele, balancei a cabeça em sinal negativo. Eu tinha que tomar banho e ir para casa do Eduardo, ele havia terminado o seu namoro, eu eu queria saber como ele estava. Sempre me importei com ele, na verdade tenho ele como um irmão mais novo. Acho muito engraçado quando ele tenta falar palavras difíceis e acaba se embolando.
Me arrumei o maos rápido possível, coloquei um short jenas claro, na barra havia detalhes azul que se destacavam naquele short de cor apagada, uma camiseta regata laranja com estampas de caveiras - Gosto muito de roupas com estampas de super herói ou caveiras. - e uma camiseta xadrez azul e calcei meus sapatos pretos. Ele estava um pouco cabisbaixo quando cheguei lá, percebi em seu olhar o quanto ele tentava evitar passar aquela sensação de estar triste.
- E ai você está bem mesmo? - Indageui o abraçando.
- Vai ficar. - respondeu.
Nos sentamos na sala, ele havia colocado músicas para tocar no computador. Ele olhava algumas postagens no facebook. Talvez tivéssemos isso em comum de querer passar a imagem de que somos totalmente forte. Na verdade eu odeio ter que ser assim.
- Você tem certeza desta decisão?
- Vai ser melhor assim... - ele fez uma breve pausa. - Ele viajou pra terra natal dele, atrás do sonho que ele almeja e não sabe quando vai voltar, já faz três meses, e estamos brigando muito. Eu amo ele, mas não sinto tanto da parte dele.
- Eu queria poder te falar alguma coisa, mas eu não sou a pessoa mais qualificada para isso. - disse me sentindo mal por não conseguir uma palavra de consolo. Droga Renan, fala algo. - Você sabe que eu sou péssimo quando se trata desse assunto que não gosto de citar o nome.
Ele riu.
- As vezes eu não te entendo. - disse ele passando a mão sobre sua barba. Aos 19 ele tinha mais barba que eu, na verdade eu tenho alguns pelos na cara. - Você quer voltar a namorar, mas tem medo, não quer só sexo, mas também não quer se apegar.
- Você sabe o motivo pelo qual eu não.... - ele me enterrompera.
- Cala a boca girafa andante, para de achar que todo mundo é igual, e que todos vão fazer aquilo que o idiota e seu "bff" fez. - Ele sabia como me deixar sem argumentos. Ah! Esqueci de mencionar que o "BFF" e o Eduardo já namoraram. - Está na hora de você dar uma nova chance, esse rapaz que conheceu pelo aplicativo, não é um cara legal.
Respondi que sim com a cabeça.
- Rê só vou te pedir uma coisa. - eu o encarei nos olhos. - Chega de se auto sabotar, deixa tudo acontecer naturalmente, vive um dia após o outro.
Aquelas palavras do Eduardo martelaram na minha cabeça durante um bom tempo.


No domingo de manhã eu havia me arrumado e fui para o Taboão, iria matar a saudades que estava sentindo da minha prima e da sua filha Emilly. - Ela recebera este nome devido a sua mãe gostar da banda Evanescence, uma banda que eu também gosto muito, pena estar extinguída. - Havia também o Paulinho marido dela, ele realmente me deixava maluco pelo fato de me tirar do sério, ou me constrangir, mas ele é um cara legal quando quer. Mas também é mega pirracento.
Para dizer a verdade a minha família só tem malucos, os normais são raros, bem como eu posso dizer?! Eu não sou um deles, também tenho um parafuso a menos. Mas era feliz deste jeito. Eu vivia pintando o cabelo de várias cores e o deixava crescer, e depois raspava tudo. Ninguém nunca entendera o porque que eu fazia aquilo, aliás apenas eu entenderei, sem contar que era preguiça de ficar arrumando. Cabelos cumpridos dão trabalho.
Estava ficando tarde e eu precisava ir encontrar o rapaz, mas minha vontade estava zero naquele dia. Comecei a pensar em que tipo de desculpas eu daria. Ali estava eu novamente me auto sabotando? Não sei, mas estava inseguro. Caramba será que é demais pedir que as pessoas sejam sinceras e fiéis? E por que tinha que ter acontecido comigo? A minha mãe sabe como me sinto em relação à isso, afinal de contas meu pai também fora um canalha maldito. Não gosto dele, mas o amo. Eu acho.
Havia acabado de descer do Circular 9 que me deixara próximo ao um ponto de ônibus que eu pegaria pra ir para o Ibirapuera já era 18:30h. Assim que subi no ônibus, James e eu trocamos mensagem, ele estava indo pra casa se arrumar. Me dissera que estava na casa de algum parente ou algo do tipo, não prestei atenção, na verdade talvez nem tenha acreditado. Este mesmo ônibus passava próximo aonde eu morava, foi quando recebi a mensagem dele desmarcando, pois o seu gato havia sumido. Não me importei dele ter desmarcado, fiquei satisfeito, mas fiquei preocupado com a relação do gato dele ter sumido. Sempre gostei de gatos, até hoje me recordo da Funny, era minha gatinha que só de lembrar dela me entristece em saber que o ser humano possa ser tão cruel com um pequeno animal, ela era uma gata linda, de pelos sedosos e brilhante, rajadinha e de miado suave, eu amava deitar com ela, mas o seu fim fora triste e desde então nunca mais criei outro animal. Eu desci no ponto próximo de casa ainda conversavamos, ele pedia desculpas elo acontecido, mas eu entendia. No final das contas ele encontrara seu gato, que eu havia visto uma vez pelas fotos que trocamos. Nada de nudes. Era um gato preto lindo, na verdade gatos são tão fofos e lindos, e quando você brinca com eles com um fio de linha?! É sem comparação. Ele me dissera que havia encontrado ele machucado, alguém devia tê-lo maltratado. Só para ressaltar, esse tipo de ser humano deve ser um lixo em maltratar qualquer tipo de vida. Menos rato, tenho nojo e medo.
Depois disso eu não imaginei quando iríamos se encontrar novamente. Recebi tantos conselhos, decidi ouvir as pessoas ou uma pequena parte delas. A minha vida estava mudando e eu deveria mudar algumas das minhas atitudes, como o Eduardo havia dito, culpar todo mundo por uma coisa que um babaca cometera não era certo. Eu iria tentar não ter aquela visão.
No meu primeiro dia de trabalho foi muito bom, acabei conhecendo um garota chamada Camila, não era o estilo de garota com quem eu goste de fazer amizades, mas ela se mostrou uma pessoa de posição e super simpática, ela já era mãe. Saímos para almoçar juntos e conversamos bastante. Cheguei em casa muito contente elo dia de trabalho, e já anciava para o segundo dia. Coisa de maluco né?!
James e eu conversamos, eu perguntei de como estaria seu gato. Graças a Deus estava tudo bem.
Já era tarde quando resolvi dormir, iria ficar por ali mesmo na sala. Estava cansado.

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