IV. Meggie

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[Harry POV]

Tentei falar com Louis no dia seguinte, mas George me avisara que ele tinha ido embora cedo em razão de suas aulas pela manhã. Senti uma sensação estranha no peito, um desconforto talvez, e desejei não ter bebido tanto para poder ter acordado um pouco antes.

Quando voltei ao trabalho, notei que Marianne havia cuidado de tudo pela manhã e, por isso, eu não precisaria me preocupar com nenhum problema iminente. Tive alguns clientes, sócios e funcionários para entender durante o dia, mas meus pensamentos não estavam sequer trabalhando direito. Eles se encontravam malditamente presos naquele par de olhos azulados.

Era um verdadeiro inferno. Eu mal conseguia me concentrar.

─ Senhor Styles, eu já estou indo ─ Marianne, como sempre, me avisou de que seu horário de expediente havia acabado e fiz um leve aceno em acordo com sua saída.

Assinei a papelada de cima da minha mesa e quando deu 18 horas em ponto peguei o casaco no cabide e rumei em direção ao elevador. Assim que desci, o porteiro se despediu e abri o guarda-chuva para me proteger da chuva que já caía forte em Londres.

Richard estacionou meu carro de frente para a empresa e desci as escadas de mármore para ir até seu encontro. O motorista saiu de seu assento e correu para abrir a porta do passageiro. Quando eu estava a apenas alguns passos da porta, notei o guarda-chuva escuro com listras brancas a certa distância de onde eu me encontrava.

Congelei no mesmo momento. Meus olhos tentaram acompanhar a figura daquele homem que passava com dificuldade pelos pedestres que circulavam na rua. Quando sumiu de minha vista, tentei rastreá-lo, porém sem sucesso.

─ Já volto ─ avisei Richard que me encarou confuso.

─ Mas senhor...

Não o respondi. Não tinha tempo para isso. Atravessei a rua apressadamente e com cuidado para que nenhum carro me acertasse em cheio. Ainda podia ver o guarda-chuva listrado a alguns metros de distância.

─ Com licença ─ pedi a um rapaz que andava lentamente em minha frente.

Passei por ele e andei a passos rápidos para encontrar a pessoa que eu achava ser Louis. Eu esperava que fosse. Não fazia ideia do que iria dizer a ele quando estivesse cara a cara. A única coisa que desejava no momento era estar perto o suficiente.

Contudo, minhas expectativas diminuíram drasticamente quando o dono daquele guarda-chuva foi para baixo de um local coberto e finalmente revelou seu rosto. Não era nem sequer parecido. Nada. Nenhum traço, nem mesmo a cor do cabelo.

Resolvi voltar para o carro, afinal eu não tinha mais nada a fazer ali.

Mesmo assim, nos dias seguintes, eu tive certa esperança de encontrar Tomlinson ocasionalmente. O fato de querer isso fazia com que eu me condenasse toda a vez que o procurava com os olhos pelas ruas cheias e molhadas do centro de Londres.

Na medida em que o final de semana se aproximava, agarrei-me na possibilidade de encontrá-lo na cafeteria perto de casa. Acordei cedo naquele sábado e tentei desistir da ideia infantil de querer vê-lo lá. Andei de um lado para o outro na sala de estar de meu apartamento até finalmente pegar a carteira, descer de elevador até o primeiro andar e caminhar em direção à rua de frente para o edifício.

Quando cheguei à cafeteria, escolhi uma mesa mais afastada e tentei me concentrar no jornal em minha mão. Aquilo que geralmente prendia minha atenção não estava ajudando naquele momento. Olhei vez ou outra para a porta e, quando ficava mais do que cinco torturantes minutos sem fazê-lo, procurava em cada canto do local.

Your Eyes Only (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora