Capítulo 1

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Ano de 1422. A anos a resistência de Kritéia luta contra a tirania do império de Kosovo. A exatos dezenove anos atrás, a guerra havia eclodido com a invasão realizada por Kosovo nas terras nórdicas do reino de Kritéia. Desde então, centenas de aldeias e feudos foram destruídos, bem como milhares de pessoas foram mortas pela ávida pressão do líder implacável de Kosovo chamado Gregorium III. Toda a parte norte para além das regiões centrais haviam sido dominadas e estavam sob o regime kosoviano. Toda forma de resistência nessas áreas foi eliminada e o povo que um dia respirou paz e tranquilidade agora jazia nas profundezas das sombras comandadas por seu líder e seus súditos mais ardilosos do que qualquer outro reino já viu. Os últimos remanescentes da resistência tiveram que fugir e procurar abrigo nas regiões mais remotas do lado sul do reino, as famosas montanhas de Austin, nomeadas assim em honra ao guerreiro matador de dragões que segundo a lenda, matou sozinho nas montanhas o último dragão vivo em toda a terra. Muitos outros haviam tentado mas todos sem sucesso. Por se tratar de um terreno altamente pedregoso, qualquer locomoção mecânica era praticamente impossível, local perfeito para os remanescentes rebeldes se instalarem.
Ali naquelas montanhas, eles aguardavam ansiosos pelo dia em que eles reaveriam o reino um dia perdido, e poderiam então, voltar para suas casas ou pelo menos o que havia sobrado delas. A maioria destes guerreiros de fato não eram guerreiros mas sim pessoas comuns que depois de perder tudo, se alistaram freneticamente na esperança de vingança e de poder pegar de volta o mínimo possível o que lhes fora tirado. Seu líder Hermano I estava desaparecido desde o dia em que kosovianos invadiram o palácio real em Cornelis, isso havia acontecido à 5 anos e ninguém sabia se o mesmo ainda estava vivo. Certamente não se tinha mais esperanças nesse aspecto visto que todos os aristocratas kritenses haviam sido decapitados em praça pública para servir de exemplo para qualquer um que ousasse se aliar a resistência.

Ally respeitava a decisão de seu pai em mantê-la na montanha escondida enquanto ele e seus parceiros partiam para estabelecer o perímetro em volta da montanha bem como realizar a missão de reconhecimento do terreno em que o exército kosoviano montava acampamento. Mas ainda assim, o seu desejo mais profundo era estar fora daquelas cavernas escuras, lutar ao lado de seu pai era o seu maior desejo. Ally nascera no dia em que a guerra foi deflagrada, sua casa pertencia a uma das aldeias próximas a fronteira local onde o maior número de mortes na guerra foi registrado. Sua mãe estava em trabalho de parto quando se ouviu as bolas de fogo caírem por toda a planície erguendo uma muralha de chamas escaldantes a poucos metros de onde estavam. Devido ao medo a parteira que havia sido contratada para realizar o parto fugiu em desespero para se salvar deixando a mão e a criança a própria sorte, o pai não teve outra escolha a não ser ele mesmo realizar o parto.

Por complicações no parto somadas a inexperiência do pai ao realizá-lo a mãe acabou não resistindo e morreu no local. O pai não teve outra escolha a não ser fugir com a filha sem olhar para trás. Quando Ally completou nove anos, o pai contou a ela todos os detalhes do dia de seu nascimento, da morte de sua mãe, das dificuldades em criá-la no meio da zona de guerra num comboio de fuga, e a fragilidade de sua saúde. Nas primeiras horas de vida Ally inalou muita fumaça o que acarretou em problemas sérios em seus pulmões, seu pai chegou a pensar que a perderia, muitos o influenciavam dizendo para dar-lhe alívio pois não seria fácil criar uma criança no meio de um ambiente de guerra. Mesmo assim, ele não desistiu, já havia deixado o amor de sua vida para trás uma vez e não faria isso novamente, não desta vez, ele lutaria com unhas e dentes e não desistiria. Ambos sobreviveram por longos dezenove anos de guerra.

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