God eyes: Num piscar de olhos

Um motivo para lutar.

   - Finalmente vou poder te matar, não entendo por que alguém tão forte como a tia Rose tinha pena de um merda como você! - falou uma voz masculina, com um tom arrogante e uma risada zombadora.

   Quando atingiu o chão a vários metros de onde estava anteriormente, uma enorme dor atravessou seu corpo todo, sentiu que sua costela direita estava sangrando, tinha um corte razoável no local, tentou analisar bem a voz, e juntar os fatos até descobrir qual foi a origem da voz e do ataque, e quando ergueu a cabeça, confirmou sua suspeita, era Maxwell, seu primo mais ignorante. Rapidamente fitou Alice no chão, pouco mais a frente, aparentemente desacordada, tinha um ferimento não muito profundo na lateral do tronco e no braço esquerdo, rapidamente Peter sem pensar duas vezes, correu até a mesma para verificar seu estado, mas antes mesmo de poder chegar até ela, recebeu outro golpe, o qual o arremessou para mais longe ainda e o fez sentir uma dor ainda maior que o primeiro ataque. O poder de seu primo era chamado de Kraken, ele era da linhagem de Netuno e podia reproduzir tentáculos através de seu corpo. Peter simplesmente não sabia como lutar poderia contra seu primo, mas ao olhar novamente para Alice, ainda desacordada. viu que seu primo estava prestes a realizar um forte golpe nela.

- NÃAAO! - gritou Peter temendo perder sua primeira e única amiga.

   Após o forte grito, Peter pôde sentir um calor intenso saindo de sua mão direita, que naquele momento, exalava uma chama negra, o tempo estava passando mais lentamente, conseguiu analisar toda situação calmamente. Então das chamas, Peter formou um pequeno portal, o qual ao enfiar a mão, conseguiu puxar uma grande espada de coloração escura e alguns símbolos amarelos desconhecidas ao longo da lâmina, que liberava as mesmas chamas negras que estavam na mão de dele anteriormente. Peter então empunhando a espada com as duas mãos, foi pra cima de Maxwell sem medo, e com um rápido movimento cortou o tentáculo projetado pelo braço direito do primo, o golpe foi tão veloz que Maxwell só pôde ver que foi feito pelo Peter depois de ter perdido o tentáculo.

- O-o queee? Impossível! É impossível você estar usando habilidades! - vociferou Maxwell desesperado com a surpresa.

- Eu não vou deixar! Não vou perder a minha única amiga! - falou Peter determinado a parar o primo.

   Então Maxwell formou outros dois tentáculos pelas suas costas e desesperadamente tentou realizar vários ataques onde o Peter estava após o ataque, e ao se cansar da tentativa de acertar-lo, foi surpreendido novamente com um corte pelas costas, Maxwell simplesmente não conseguia entender o que era aquele poder, seu primo que sempre foi considerado um inútil por toda família, o mesmo que havia menosprezado a vida toda, estava humilhando-o. Maxwell então com uma fúria de um titã, fez mais quatro tentáculos, realizou outros vários ataques, mas que novamente se mostraram inúteis. Peter cortou todos como se fossem apenas pedaços de papel, e logo após realizou um corte no tronco de Maxwell, não letal, mas que foi o suficiente para derruba-lo. Peter então soltou a espada que sumiu em cinzas e correu imediatamente para o lado de Alice extremamente preocupado, ainda sem saber a origem de tal poder.

- Ei! Alice! Me responda Alice! - gritava Peter desesperadamente.

- Peter? - respondeu Alice com uma voz fraca. - Me deixa dormir só mais um pouco...

- Você ta zoando comigo? - falou Peter confuso.

   Então quando olhou para o braço e o tronco de Alice, percebeu que estavam normais, como se ela nunca tivesse recebido golpe algum, mesmo com uma pequena poça de sangue no chão, não haviam ferimentos pelo corpo da garota, o que deixou Peter ainda mais confuso, mas mesmo com o Maxwell desacordado, não achava aquele local seguro, principalmente pelo fato de que o primo ainda não havia tomado um golpe fatal, duvidava se conseguiria usar aquela espada novamente. Então apressado, pegou Alice no colo e se preparou pra correr, mas quando viu o livro da garota, imaginou que precisaria dele mais tarde para entender mais sobre o que havia feito, sem poder perder mais tempo, pegou o livro rapidamente e tornou a correr com a garota para garantir a segurança deles.

Já havia corrido vários quarteirões do parque, o tempo nublado e as nuvens carregadas explicava a ausência de pessoas na rua, Peter se apressou para encontrar um lugar para se esconder, sabia que não poderia levar a garota pra casa, não teria como explicar o que havia acontecido, nem na casa de um estranho. O seu ferimento já estava começando a incomoda-lo, estava torcendo para a garota acordar logo e falar seu endereço, mas  pra piorar tudo, começou a chover de vez, e o que era pra ser apenas algumas gotas d'água caindo do céu, tava começando a virar uma guerra entre os deuses. Peter tinha que se apressar, não tinha mais tempo, e para sua felicidade, avistou um antigo estacionamento abandonado, mas o que mais marcava o local era que logo na sua entrada, havia uma garota, branca como neve com longos cabelos negros e um vestido negro, Peter não tinha duvida, era a garota misteriosa, e aquilo era algum sinal que deveria ir para o local.

   Para a surpresa de Peter, dessa vez a garota não lhe deu as costas de imediato nem sumiu, mas mesmo assim, não se deu ao luxo de fazer cerimónia sem antes entrar no local e deixar Alice em algum canto confortável, foi para o que já foi um dia uma cabine de porteiro e viu uma cadeira de couro, aparentemente bem antiga e rasgada, com a espuma saltando pra fora, mas era o melhor lugar para deixar a garota no momento, colocou Alice na cadeira e voltou para a entrada, mas quando saiu para falar com a garota de cabelos negros, ela já havia desaparecido.

   O casaco de Alice estava bem molhado, Peter tinha que fazer algo antes que ela pegasse um resfriado, então tirou o seu casaco que também estava molhado e o pendurou na janela da cabine, tirou o da Alice e também o pendurou, então tirou o outro casaco menor que estava por baixo e cobriu Alice, procurou pelas gavetas algo útil no momento, mas o que achou foi apenas uma tesoura enferrujada e algumas canetas. Precisava parar seu sangramento, então com a tesoura cortou um pedaço de seu casaco úmido e amarrou bem forte pouco acima da cintura, não tinha muita noção de quanto tempo já havia se passado, mas imaginava algo a cerca de dez minutos desde o confronto e seis desde que chegará no estacionamento, parecia estar seguro naquele local.

   Peter então sentou no chão, ao lado da cadeira de couro pronto para investigar aquela espada que havia empunhado a pouco , mas quando abriu o livro, sua visão começou a ficar turva, estava ficando fraco pela perda de sangue, sem aguentar e sucumbindo ao cansaço, acabou por desmaiar ali no chão.