4 - O shopping dos sonhos

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A caminho do centro de Nova York, Guilford me explicou sua linhagem confusa: Um sátiro e uma semideusa filha de Deméter tiveram um filho, como isso nunca havia acontecido, Dionísio (por ser o responsável pelo acampamento e sátiros) e Deméter, fizeram de tudo para que a gravidez da mulher fosse tranquila, mas os genes entravam sempre em conflito, e ela teve varias complicações...

Resumindo: no meio na gravidez, o sátiro se matou por pura loucura, achando que havia acabado com a vida de sua amada, a mulher, que não aguentava mais viver, já implorava por morte, e o bebê Guilford estava quase sucumbindo, foi aí que Dionísio teve a grandiosa ideia de terminar de gerar a criança (como? Simples, pegando o feto e costurando na própria barriga) isso acabou que matando a garota, mas pelo menos Guilford nasceu.

- Uou cara, e eu achando que ser eu era difícil.

- Pois é, Dionísio até que é um pai bem legal.

- Só ainda não entendi o termo meio sátiro...

- Só chifres, sem cascos, e com as habilidades legais que os sátiros normais tem, ah, e uma bênção de Deméter.

- Como assim bênção?

- É que quando você recebe uma bênção de algum deus, você ganha uma pequena parcela de poderes, tipo, uma bênção de Poseidon te faz respirar debaixo dágua, falar com peixes, controlar a água e etc...

- Legal... - fiquei pensando no que uma bênção do deus da morte faria por mim...

- Nós ficamos aqui Argos, muito obrigado. - Sammy falou para o motorista de cem olhos.

Argos nos deixou a umas poucas quadras do shopping, quando chegamos em frente ao letreiro (coisa que eu nem havia reparado que existia da última vez que vim aqui) Sammy nos fez parar.

- Gente, tem alguma coisa errada, Guilford, sente cheiro de algum semideus lá dentro? - Guilford analisou o ar por um tempo antes de responder.

- Sim, mas está fraco, ele ainda não sabe nada sobre o mundo mitológico. Por que você acha que tem algo errado?

- Não sei, apenas um mau pressentimento... E cheiro de monstros? - Guilford parou novamente para tentar rastrear o cheiro.

- Não sou bom em farejar monstros, mas parece que tem uns usando névoa em spray em algum lugar longe daqui, talvez não muito longe, tipo, a alguns bairros daqui.

- Quantos? - Jimmy perguntou, já guardando sua invenção na bolsa.

- Monstros ou bairros? - Guilford tentou desviar o nervosismo.

- Os dois. - Sammy perguntou um pouco mais dura.

- Não sei quantos monstros são, nem quais são, mais são o bastante pra fazer um pequeno grupo de semideuses sair correndo, a boa notícia é que estão a dois bairros daqui.

- Ótimo, vamos achar logo esse filho de Apolo e cair fora daqui. - Jimmy falou com pressa, e eu entendo, não gostaria nem um pouco de lutar com monstros mitológicos, sabendo de mitologia como eu sei, os monstros gregos eram sempre com mais de dois metros de altura.

Já eram quase dez horas, o shopping estava com pouco movimento, quase fechando e estávamos cansados de procurar o semideus, paramos na praça central do shopping, exatamente onde há duas semanas atrás eu parei pra esperar o Miguel sair do banheiro.

- Gente! O cheiro dele está ficando mais forte! - Guilford anunciou do nada. Farejou o ar por um tempo e depois apontou para o banheiro masculino - Acho que ele vai sair agora do banheiro.

- Agora entendi o porquê do cheiro dele ter ficado mais forte. - Jimmy riu alto.

- Espero que ele tenha lavado as mãos. - Sammy acrescentou.

Glitter and deathOnde histórias criam vida. Descubra agora