1 - Atacado por um surfista, um cão gigante e um exército

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Meu dia começou como sempre, acordei cedo, cutuquei Miguel na beliche debaixo, levantei, fiz minha toalete, coloquei o uniforme do internato, tentei acordar o Miguel de novo, e fui ver a rotina de hoje no painel colocado fora do nosso quarto.

Quarta feira : 7:00-9:00 Aula de álgebra; 9:00-10:00 esgrima; 10:00-11:30 pausa social e almoço; 12:00-18:00 excursão de ciências sociais até o shopping central de Nova York; 18:30-20:00 aulas extra curriculares.

É, só mais um dia normal na prisão... Miguel sai do quarto com cara de sono e o cabelo loiro todo bagunçado ajeitando a gravata do uniforme.

– Bom dia... - ele fala bocejando com o hálito matinal de sempre

– Eca Miguel! Vai escovar os dentes, você tá horrível...

O loiro ri do meu perfeccionismo e volta ao quarto para escovar os dentes. Depois que ele sai nós vamos até ao salão do refeitório tomar café da manhã, e de lá direto pra sala de matemática e mais um dia chato começa...

Depois de um treino puxado de esgrima, sigo para o quarto, tomo um banho, troco de roupa e vou até o pátio principal, esperar o ônibus que irá nos levar até ao shopping; Depois de algumas instruções repetitivas, o professor nos manda formar duplas e nos entrega pranchetas com 50 perguntas sobre o comportamento humano. Faço dupla com Miguel e vamos direto para o fundo do ônibus. Estudamos em um colégio interno masculino, então já se sabe o que esperar de um ônibus com cerca de 22 jovens em puberdade com hormônios a flor da pele, uma baita gritaria por meia hora até o shopping.

Fico duas horas com Miguel sentado em um banco da praça do shopping observando o comportamento humano. Depois de 13 perguntas respondidas por extenso, percebo a inquietação de Miguel.

– Miguel? Tá tudo ok?

– Não maninho, aquele copo extra grande de coca desceu rapidinho... - ele falou pressionando suas coxas.

– Miguel vai logo no banheiro cara- falei revirando os olhos.

– Você não se importa?- acenei negativamente com a cabeça - Valeu maninho! Volto logo! -e saiu correndo para o banheiro, que ficava não muito longe daqui.

Depois de alguns minutos(o bastante para um ser humano normal ir no banheiro e voltar 37 vezes seguidas) começo a ficar preocupado com a demora de Miguel no banheiro... Percebo que o movimento começa a ficar menor, e as raras pessoas que passam por mim, olham para algum ponto acima de mim, e desviam o olhar aterrorizados. Fico curioso e olho para cima. Ah meu deus!! Oque é esse coisa?! Um cranio gigante flutua em cima de mim, ele é preto e tem dimensões para pertencer a um gigante.

Essa não é a única alucinação que estou tendo até agora, ouço um latido, não um latido comum de qualquer cão, algo que soa mais alto, e faz tudo vibrar.

Ótimo, descobri quem é o dono do latido, um cãozila monstro correndo em minha direção, com seu provável dono nas costas, um garoto de talvez 17 anos, cabelo preto e camiseta laranja. Faço o que qualquer humano normal faria na minha situação, encaro isso como alucinação e fico parado. Depois de três passos pesados o cão já se aproxima cada vez mais de mim, e o garoto olha horrorizado para a caveira que flutua ainda acima de mim, simplesmente saio correndo, mas não adianta, o cãozila já me colocou na mira, quando a dupla estranha se coloca do meu lado, me sinto sendo puxado pela gola da camisa, quando noto, já estou montado em um cachorro gigante, junto com um surfista de olhos lindos.

– E aí? Meu nome é Percy. E você é filho de Hades. Bem vindo a vida louca de um semideus.

Ok, mais um dia normal, isso é só uma alucinação, eu devo ter cochilado esperando Miguel voltar do banheiro, e quando ele voktar, eu vou acordar e vamos tirar 10 nesse maldito trabalho.

– Não, infelizmente isso não é um sonho. - falou o garoto bronzeado na minha frente, conduzindo o cãozila para o estacionamento.

– Sim! É sim! Eu vou acordar a qualquer momento, você e esse cachorro monstro gigante vão sumir daqui!!! - eu gritei me descontrolando

– Olha, ao menos que você saiba lutar contra um exército de lestrigiões, eu não iria me querer longe se eu fosse você...

– Tem um exército atrás de nós?! - Gritei novamente sem me importar com o movimento no estacionamento

– Escreva uma carta pro seu colega e vamos embora, não quero ter que lutar contra um exército de novo... - uma voz sem corpo falou ao meu lado.

– Quem disse isso?! - gritei(só pra variar)

– Euzinha aqui. - uma garota loira tirou um boné dos Yankees e apareceu do meu lado, estendendo a mão a mim. Recuei nervoso. -Vai me deixar no vácuo mesmo? - ela ergueu uma sombrancelha, apertei sua mão por educação, se tem um exército atrás de mim, não quero esses caras doidos como inimigos.

– Meu nome é Annabeth, e o cabeça de alga aí você já conhece. Olha, a questão é, estamos em perigo, escreve logo uma carta pro seu amigo logo e vamos sair daqui.

– Pera? E deixar ele aqui sozinho para a morte?! Nunca!

– O exército de lestrigiões está atrás de você, precisamos sair logo daqui, é só você que eles querem, vão vir diretamente pra VOCÊ, temos que ir para o único lugar seguro para pessoas da nossa espécie, o acampamento meio sangue. - o garoto de olhos azuis falou com calma.

Respirei fundo e tentei colocar em palavras o que aconteceu:
"Miguel, pode ficar tranquilo, não fui sequestrado, digamos que de alguma forma fui 'transferido' para um acampamento de verão. Aguarde meu contato." Beijos- B.B

Fui junto com Annabeth até o banco que estava sentado e deixei a prancheta no mesmo lugar, quando estávamos saindo da praça, Annabeth colocou o boné na minha cabeça e pediu pra eu ficar quieto. No outro lado da praça, Miguel acabava de sair do banheiro esfregando os olhos e lendo a carta. Logo quando o loiro terminou de ler a carta, levantou a cabeça e me procurou em volta, vendo que eu não estava sentado em nenhum dos outros bancos, saiu para me procurar.

– Não se preocupe, quando chegarmos no acampamento você poderá enviar uma mensagem a ele. - Annabeth falou acolhedora ao meu lado, provavelmente ouvindo meus soluços. - Quer continuar invisível?

– Sim, por favor. - falei com a respiração difícil.

– Ok, pegue na minha mão, precisamos sair daqui o mais rápido possível.

Segurei a mão da garota loira e fomos de volta ao encontro do cãozila. Nós três montamos nele e seguimos até o tal acampamento. Ótimo, só mais um dia normal na minha vida monótonamente louca...

Glitter and deathOnde histórias criam vida. Descubra agora