Cartas Para Julieta - L.S.

VI

Verona, Itália

As paisagens por onde passamos são lindas, o caminho é de estrada mas não há tantos buracos o que faria o carro balançar. A cada lado da estrada é repleto de árvores, cada uma mais colorida do que a outra, o que me dar vontade de tirar várias fotos. Mas não temos tempo para isso.

"Claire esta aqui! Ela é a mulher pra quem eu escrevi a carta. Isso é tão incrível! - Louis."

Mando para Stan e levanto meus olhos até o espelho retrovisor. Harry me olha e eu sustendo o seu olhar.

Quando partimos pela manhã, ele mal olhou em minha cara. Sei que ele não esta muito contente com a ideia de sua avó ir atrás do amor do passado, mas esta muito menos contente em eu ir junto. Não posso fazer nada por ele...

Abaixo o olhar quando ele volta a olhar pra estrada. Estou no banco de trás com o meu "diário" aberto pronto pra qualquer anotação da viagem. Planejo escrever sobre tudo, até sobre o cara de sapo que esta na direção.

Claire olha pra trás e eu sorrio pra ela. Ela é uma mulher doce e me trata como um neto, mesmo com poucas horas depois de nos conhecermos.

O meu celular apita e eu vejo a pequena mensagem de Stan.

"Se divirta com ela. Amo você."

Bufo por ainda tentar chamar sua atenção. Provavelmente ele estaria ocupado com o leilão de vinhos. Ou o que seja.

Entramos em um vinhedo e Harry estaciona o carro. Descemos e eu respiro o ar com o aroma de uvas. Incrível. Há uma grande árvore fazendo sombra e vamos até lá. Um tronco esta no chão e eu me sento com Claire. Harry fica em pé olhando a cidade ao longe e eu tento não olhar muito para ele. Não posso negar, ele é lindo.

Tiro esses pensamentos de mim e olho para Claire.

- Quando tempo passou com o Lorenzo? - Seguro sua mão e ela sorri. Ele é o seu assunto preferido, posso notar.

- Cada segundo que eu podia. - Ela belisca meu nariz e eu rio. - Eu o encontrava depois da minha aula, íamos para a fazenda dos pais dele e andávamos pelo vinhedo. Comíamos frutas o dia inteiro em baixo de uma árvore. - Claire e eu rimos e ouço Harry bufar. Ogro.

- É tão romântico. - Suspiro querendo essa ideia para mim.

Harry se vira para nós dois e ri debochado.

- Agora comer sentado na terra é romântico? Faça me o favor!

- Na terra?

- Sim, na terra. Ele amava a terra. Não precisávamos de nenhuma toalha ou cadeira. Era na terra. Ele amava qualquer criatura que viesse da terra. Eu ainda me lembro do cheiro dele, quente por causa do suor de tanto trabalhar durante a manhã.

- Chega, vovó! Chega! Eu já consigo imaginar. Precisa de algumas dessas cenas para seu livro, Louis? Posso te ajudar descrevendo. - Ele diz olhando pra mim. Puro deboche.

Não o respondo.

- Então irá reencontrar sua alma gêmea perdida? - Ela sorri e sei que não posso deixar de descrever seu sorriso nos meus rascunhos.

- Sim, é.

- Ei! Não vamos invalidar a minha existência! Não esqueça do meu avô nessa história.