Capítulo 6

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Pela manhã, encontrou uma nota de Sloan em sua mesa: "Venha me verimediatamente". Se sua chefe queria falar com ela, pensou Regina,possivelmente o universo estava ajudando-a a resolver o dilema sobre se deviaou não notificar "o incidente", que era como agora o considerava.

Durante todo o trajeto do metrô até o trabalho, tinha estado pensando se deveriaou não lhe dizer à Sloan o que tinha visto no quarto andar no dia anterior.Quando o metrô parou na Rua Quarenta e dois, tinha decidido que suaresponsabilidade era pensar na biblioteca, por isso teria que notificar oacontecido. Sua única dúvida era quando e como abordar o tema. Mas o fato deque a chamasse a seu escritório, sem dúvida facilitaria as coisas.

- Queria me ver? - perguntou Regina da porta.

Sloan estava sentada no seu escritório, folheando um exemplar do ModernBride. Na tela do computador, via-se um desfile de vestidos de noiva de VeraWang.

- Sim. - respondeu. - Preciso que me acompanhe a umareunião dos Young Lions. Conhece os Young Lions, não é?

Quando Regina negou com a cabeça, Sloan suspirou.

- Formam parte do comitê de angariação de fundos da biblioteca.

É um grupo para associados entre vinte a quarenta anos. Darei algumasinformações para que você possa ler. Mas o mais urgente que deve saber agora éque patrocinam uma festa de gala para a entrega de prêmios da ficção anual e queeste ano estamos atrasadíssimos. O júri está formado em parte pela conselho dabiblioteca e em parte pelo comitê de leitura, que escolhe os nomeados e oganhador.

- Acredito que ouvi falar disso. - respondeu Regina, enquanto se perguntavacomo ia trocar de tema para lhe falar do que tinha presenciado.

- Supunha que era assim. Em qualquer caso, necessito que tome notas nareunião. Tinha uma estagiaria que o fazia, mas não esta aqui no momento, entãovocê terá que substituí-la. Reunimo-nos na Sala de Conferências, no segundopiso, às dez.

Regina sabia tudo sobre essa sala, uma das mais soberbas da biblioteca, masnunca a tinha visto e estava emocionada por essa oportunidade que lheapresentava. Mesmo assim, algo seguia turvando sua mente.

- De acordo. Mas antes da reunião, há algo que eu queria comentar...

- Agora não, Regina. Vamos.

Sloan fechou a página Web de noivas e pendurou sua bolsa Chanel no ombro.

Regina a seguiu obedientemente pelo corredor. Sua chefe não parecia ter vontadede falar, por isso ela fez o mesmo e ficou em silêncio.

A Sala de Conferências não a decepcionou; com o chão de madeira teca e aelaborada lareira de mármore branco, era a, muito mesmo, imagem da elegância.Uma inscrição sobre a lareira dizia: A CIDADE DE NOVA YORK ERGUEUESTE EDIFÍCIO PARA O LIVRE USODE TODOS MCMX.

Por cima de sua cabeça, o teto em baixo-relevo tinha uma forma oval, cercadapor molduras de cor creme. Uma enorme luminária com forma de aranha de açopendurava no centro da sala e, inclusive de onde se encontrava, Regina podiadistinguir uns leões e umas máscaras de sátiros esculpidas.

Sentou-se na escura mesa de carvalho, debaixo do lustre. Todas as poltronasestavam ocupadas exceto uma. Diante de cada um dos assistentes havia umcaderno de notas, um lápis apontado e uma garrafa de água.

- Começaremos assim que Sebastian chegar. - comentou uma pequenamulher morena que se dirigiu ao grupo com uma voz aguda similar a ummurmúrio.

Enquanto esperavam, Sloan se inclinou para a Regina e disse:

- Te apresentarei quando estivermos todos. Estamos esperando o diretor doconselho. - acrescentou Sloan. - Ah, aí está. Sebastian Barnes.

Regina seguiu a direção de seu olhar até a porta e quase se afundava pra baixo damesa. Era o homem pervertido do quarto andar.


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