Quando fui me acalmando e os pensamentos se reorganizando, me dei conta que ja era tarde.
E de onde eu estava.
Era um lindo canteiro de flores. Fiquei impressionada com a imensidão que aquele lugar bonito abrangia.
Parecia um campo de futebol americano, só que com belas florzinhas que te encantavam e te deixavam com cara de bobo.
-Lugar bonito não é mesmo?
Não consegui esconder a minha reação de surpresa e susto ao ouvir aquela voz. Então me virei rapidamente. Me senti privilegiada por contemplar tal beleza. Fiquei com um pouco de raiva interior por ele ser tão bonito e aquela voz soar tão arrogante.
Mas reparei que não havia aquela arrogância no olhar dele. Ele tinha um brilho diferente.
Olhei com dúvida para ele tentando decifrar sua expressão, então logo notei o sorriso estampado naqueles dentes perfeitos e lutei para não sorrir para ele.
Eu me incomodava com a facilidade que ele fazia aquilo, era como se nunca tivesse tido problemas. E aquilo me contagiava. Eu também ficava com essa impressão, eu ficava feliz.
Mas diferente dele eu tinha problemas.
-Desculpe a pergunta, mas... Você estava chorando?
A pergunta dele me deixou com raiva. Eu sabia que quem chorava eram os fracos. E não queria me sentir fraca. Meu pai sempre me ensinou que eu não precisava chorar apenas encarar a realidade como ela é. E eu tinha acabado de ir contra esse princípio.
-Não te devo explicações de nada...
-Com certeza, esses olhinhos brilhantes explicam tudo.
-Sai da minha frente antes que eu use um golpe de kung fu em você
Na verdade eu não sabia nenhum golpe de kung fu, mas o tamanho dos músculos dele me intimidavam.
Ele começou a fazer aquilo de novo. Estava abrindo aquele sorriso, mas dessa vez parecia que ele estava se divertindo. Ele devia ter deduzido que com esse meu corpo esquelético eu não conseguiria nem bater com força numa mosca.
-Acho que pra você o mais fácil é pedir licença.
-Não vou ficar aqui ouvindo um desconhecido me zuar.
-Se você estava chorando tudo bem.
-Não está tudo bem, eu acabei de perder tudo.