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Lindo. Isso que ele era. Ouviu tudo que eu tinha a dizer com muita atenção sem dizer nada até eu terminar. Nem riu da loucura de eu ter corrido vários metros até um lugar totalmente desconhecido e do nada começar a falar da minha vida com um cara impressionante, mas que não deixa de ser um desconhecido.

-Eu te acompanho até sua cas... Quer dizer ate... Ate...

-Não há necessidade. Quando chegar lá vou ligar para meu tio.

-Eu insisto. Meu dia não promete nada. O que custa te acompanhar?

-Tudo bem. Me diga qual é seu nome.

Ele desvia seu olhar para o chão, e coça a cabeça.

-Bem... Meu nome... Qual é o SEU nome?

Ele parece abalado com a pergunta, meio que sem jeito para essa situação. Estendo minha mão em sua direção.

-Eu sou Annacleire Delacroix, e você?

Ele me direciona um sorriso na qual eu não sei decifrar qual sentimento revela.
Ele aperta minha mão olhando me prendendo no seu olhar.

-Lindo nome, está de parabéns.

-Obrigada.

-Muito prazer meu nome é Oraldo Vespúcio.

Engulo em seco. Super normal esse nome claro, o cara bonitão que estava comigo se chamava ORALDO VESPÚCIO! O único defeito que consegui enxergar nele até agora foi o nome.

-Bem, confesso que é a primeira vez que ouço falar esse sobrenome.

Tento mexer no cabelo para disfarçar o quanto esse nome e incomum e ridículo. Ouço uma gargalhada alta e ecoante. Que vem desse cara. Me pergunto se ele acharia graça do próprio nome ou se minha aparência estivesse tão deplorável a ponto de ser alvo de divertimento.
Coloco a mão nos quadris e espero ate que ele se recomponha.
Ele continua rindo feito um desesperado. Isso realmente estava começando a me incomodar, esse homem poderia ter uma aparência deslumbrante aos meus olhos, mas na minha frente ele mais parecia um maníaco. Minha paciência se esgota e decido sair dali sozinha.

-Eh... Até mais.

Tentei sair de fininho para que ele não percebesse que eu estava indo embora. Só que acho que ele percebeu.

-Espera

Falou mal conseguindo respirar e andar. Continuei andando sem olhar pra trás. Ele me irrita.
Ele parece ter chorado de tanto rir.

-Escuta aqui imbecil, vai me deixar em paz ou não?

Ele me levanta com facilidade e me coloca em suas costas. Me assusto muito com sua ação, o que ele pretendia?

-Me solta maluco desconhecido o que você esta fazendo?!!

-Desconhecido não: prazer sou Oraldo Vespúcio.

Isso mais parecia uma piada do que um nome.

-Me coloque no chão agora! Você quer me sequestrar é? Tem modos mais fáceis de conseguir isso!

-Calma, só estou te dando uma carona. Nunca fez isso?

Claro que não, não me lembro de papai ou mamãe ter brincado assim comigo quando criança.

-Você não está achando divertido?

- Bom tanto faz.

Ele continuou.

Andamos, não, corremos ou melhor ele correu por muito tempo enquanto eu ia explicando o caminho que eu acho que era o de volta pra casa.

-Estamos chegando. Pode me por no chão?

Gritei enquanto ele continuava correndo.
Finalmente parou e me pôs no chão com cuidado. Nos aproximamos das pessoas e entre elas surgiu um gordão que ja veio me abraçando. Ele é meu tio.

-Querida vim o mais rápido que pude, tadinha de você, onde você esteve?

-Estava com...

Usei o dedo indicador para mencionar... hm... Oraldo?

-Prazer senhor sou Ethan Wright.

O AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora