Capítulo 1

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Mila

—Sim, mãe não se preocupe, assim que chegarmos no aeroporto eu ligo.

Mesmo sendo a décima vez, minha mãe continuava a tagarelar compulsivamente sobre minha, segundo ela, péssima ideia de ir passar o natal com o meu pai. Não que eles não se deem bem desde que se separaram, mas dizem – ela e principalmente a minha avó por parte de mãe – que meu pai não é muito confiável.

Ignorando todos os argumentos de minha mãe e com uma pequena ajudinha da tia Lucy, estou indo passar o natal com o meu pai. Há um tempo estou pensando em visitá-lo, tanto que a ligação de minha vó só me deixou mais decidida, só não contava que Léo, meu irmãozinho fosse querer ir junto.

Talvez por isso, minha mãe tenha ficado tão histérica e esteja repassando pela centésima vez como eu tenho que agir caso meu pai surte ou algo pareça estranho.

—Tem certeza de que me entendeu, Mila?

—Sim dona Regina. Você sabe que tem uma filha responsável, não tem com o que se preocupar.

—Eu sei, que você é, mas você sabe o problema é o seu pai.

—Não vamos falar mais disso, está bem? - Ela assentiu, mas a preocupação continuava em seus olhos. —Vamos Léo, nosso táxi já chegou.

Terminamos de nos despedir de nossa mãe e de tia Lucy e entramos no táxi, rumo ao aeroporto. No caminho acabei na mesma que minha mãe e fui repassando regras para Léo, que apesar da pouca idade, ama aprontar.

—Você me entendeu bem, né rapazinho?

—Sim senhora.

—Ótimo.

—Posso fazer uma pergunta, Mi

—Claro, o que foi?

—Por que a mamãe ficou daquele jeito porque vamos ir visitar o papai?

—Ah Léo, é complicado de explicar.

—É uma coisa de adultos, como a tia Lucy disse?

—Sim.

—Mi, posso te perguntar outra coisa?

—Claro.

—O papai noel vai saber que estaremos na casa do papai? E se lá não tiver chaminé, por onde ele vai entrar? Ele pode acabar se esquecendo de mim por conta disso, não é?

—Não se preocupe, se você foi um bom menino esse ano, com certeza ele vai trazer o seu presente.

Após mais meia hora ouvindo Léo e a sua teoria sobre o possível-esquecimento-do-papai-noel-em relação-a-sua-pessoa, chegamos no aeroporto. O cenário era enlouquecedor, beirando o caos.

Grudei Léo a mim e seguimos em direção ao balção para fazer o check-in. Abria caminho entre as pessoas levando uma ou outra cotovelada. Depois de enfrentar o mar de gente, a fila e conseguir fazer o check-in ainda tínhamos um tempo até o horário de nosso voo, então Léo insistiu para que fossemos procurar o papai noel.

Foi uma boa caminhada pelos corredores abarrotados do aeroporto até o saguão principal onde um pinheirinho de mais de três metros encontrava-se no centro, a sua direita havia uma pequena casinha com uma poltrona vermelha onde provavelmente o papai noel do aeroporto deveria estar.

— Com licença moça, o papai noel vai demorar a voltar? - perguntei a primeira moça que, ao julgar pela roupa e o amontoado de pessoas ao seu redor pedindo informações, deve trabalhar aqui.

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