Capítulo 2

51 5 1
                                    

Nick

Se aeroportos já são uma chatice em dias normais, experimente estar em um em plena véspera de natal.

Não sei para que tanto estardalhaço por um simples feriado. — Vamos reunir quem mais gostamos para passar um dia do ano juntos para nos outros 364 dias ignorá-las, enganá-las ou coisa pior. — por isso prefiro ficar incomunicável em épocas como essa, mas também não é por isso que preferira ficar preso em um aeroporto.

Estava a procura do quarto ou quinto funcionário que pudesse me ajudar. Quando avistei uma mulher com uma expressão desesperada e um uniforme do aeroporto, julguei ser ela quem estou procurando, outro fator que me disse que ela trabalha aqui é grande quantidade de pessoas histéricas ao seu redor.

Comecei a ir em direção ao pinheiro de natal do saguão principal, desviando de uns aqui e ali, já estava perto de alcançá-la quando uma garota me acertou em cheio, com um sorvete de morango.

—Me desculpe moço, deixa que eu ajudo.

Ela tirou um pano não sei de onde e insistiu em tentar esfregá-lo na minha cara, mas não deixei.

—Você já fez muito, não acha? - disse, indo para o lado oposto.

Como se não bastasse meu voo ter sido cancelado, agora estou sujo de sorvete em um aeroporto lotado. Será que tem como piorar?

—Com licença é com você que tenho que falar para conseguir o reembolso da passagem? - perguntei a mulher, para fazer da minha viajem em meio a multidão valida.

—Não, você deve ir até o balção da sua companhia aérea.

—Mas eu acabei de vir de lá.

—Então procure algum funcionário da companhia perto dos portões de embarque, que eles podem te informar melhor.

Antes de sair em peregrinação atrás de algum funcionário, passei no banheiro para tentar limpar a bagunça da maluca do sorvete.

Quase uma hora depois indo de um lado ao outro finalmente achei alguém que pudesse me ajudar. Se bem que o funcionário era mais perdido do que cego em tiroteio. Após uma extensa explicação, ele entendeu o que eu precisava e disse que eu teria que aguardar o retorno da seguradora, o que aconteceria provavelmente apenas amanhã de manhã.

Nem foi preciso me virar, ali estava ela, a maluca do sorvete, com seu suéter tipicamente natalino e sorrindo de orelha a orelha.

—Você de novo? Qual é, agora vai me jogar chocolate quente na cara ou o que? - provoquei, logo seu sorriso se transformou em uma careta.

—Nossa, custa você ser um pouco mais agradável? Só vim me desculpar, não queria enfiar sorvete na sua cara, foi um acidente.

—Já acabou?

—Acho que sim.

—Ótimo.

Me afastei sem dizer mais nada, já havia sido grosso com ela, não queria descontar mais do meu frustrado dia em sua irritante pessoa.

Como se meu dia não pudesse ficar pior, eis que anunciam no alto-falante:

"Atenção senhores passageiros devido ao mau tempo todos os voos foram cancelados, pedimos a todos que mantenham a calma, para que nossos funcionários possam atendê-los com rapidez."

Como se fosse preciso muito, o resto do aeroporto que se mantinha calmo, entrou em um tipo de histeria coletiva. Como se em vez de anunciar o cancelamento dos voos tivessem anunciado o início do apocalipse zumbi.

Desencontros de natalOnde histórias criam vida. Descubra agora