Parte 21

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-Bom dia. (Matthew)

-Oi meu amor.

-Bom dia Matt.

-Bom dia senhora Parker. Anna lembra da surpresa que lhe falei?

-Sim.

-Emma pode entrar.

    Era a irmã do Matt, Emma Matsunaga. Gostei muito dela. Ela é bem divertida, atenciosa e muito bonita.

-Anninha você não sabe o que fez com esse rapaz. Ele não para de falar de você.

-O que eu posso fazer? Ela é demais.

    A Emma tem mais ou menos minha altura. Matt disse que ela lembra a mãe deles. E realmente ela não tem muitos traços asiáticos como o Matt.
    Ficamos conversando por um bom tempo. Emma me contou as varias travessuras que o Matt aprontou quando pequeno. Mas depois de um certo tempo fiquei exausta e precisava dormir um pouco. Tentei me manter acordada mas, o Matt percebeu.

-Emma acho que a Anna precisa descansar um pouco agora.

-Não, não. Tudo bem. Eu tô bem.

-Filha o Matt tem razão, você precisa descansar.

-Concordo com eles. Cunhadinha depois eu te conto mais coisas sobre o Matt.

-Okay.

    Um minuto depois de saírem eu já estava dormindo. Na verdade acabei desmaiando de cansaço.
    Emma continuou a me visitar. Sempre conversávamos muito ~ até eu ficar exausta. Ela se tornou uma grande amiga.
Cada dia que se passava eu tinha menos apetite e estava quase sempre cansada ou com febre. A principio eu não apresentava nenhum sintoma da LLC. E, a ideia de uma metástase me apavorava.

Três meses depois

    Meu pai quase nunca me visita; ele não suporta me ver assim. Eu não condeno por isso. Tenho perdido muito peso, muito mesmo. O Matt sempre vem me ver mas me dói ver o quanto ele está preocupado. Da pra ver o pavor em seus olhos. Acho que já faz algumas semanas que ele não dorme direito.
    Mamãe, July e Emma são sempre positivas e bem humoradas. O que é bom pois, já me basta o papai e o Matt não conseguindo controlar a dor que sentem. Sendo falsos com eles mesmos.
    Mas, apesar de eu achar, e sentir, que estou cada vez pior o doutor William diz que meu quadro é estável e que não há razões para nos preocuparmos tanto. Ah! Como queria acreditar nisso. Como eu queria que papai acredita-se nisso! Como eu queria não estar tão raquítica pro Matt não sofrer tanto ao me ver!

    -Oi minha pequena Anna.

-Oi meu pequeno Matthew.

-Como está meu amor?

    Pergunta-me ao beijar minha testa.

-Melhor agora que chegou. E você? Parece tão cansado.

-Meu pai tem estado insuportável nessas ultimas semanas. E hoje me expulsou de casa.

-Que? E pra onde você vai agora?

-Vou falar com a Emma; perguntar se posso ficar no soton dela por um tempo.

-Ela vai deixar com certeza.

-Mas chega de falar de coisas ruins.

-E vamos fazer o que então?

-Ouvir música, falar sobre nós, conversar sobre livros.

    Aquela tarde foi muito boa. Realmente maravilhosa. Mas, no meio daquela noite o pior aconteceu.
    Teve uma febre severa. Jully tentou de tudo pra baixar minha temperatura, mas sem sucesso. Logo comecei a ter convulsão. Ninguém conseguia me estabilizar.
    Lembro do choro da mamãe, dos gritos do papai. Matt também estava lá. Lembro-me dele brigando com os enfermeiros pra entra no quarto onde eu estava; lembro da dor, dos meus pensamentos ~ de como seria a vida deles sem mim. Então eu morri.

Tudo Por Mais Um DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora