Where is he?

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    Em um belo dia de verão, um mês depois de suas primeiras aventuras, período do qual ficou sob constante observação, o príncipe estava deitado na cama, no quarto da rainha, dormindo um sono tranquilo. Uma das janelas estava aberta, pois era meio-dia, e o estava tão abafado que o menininho tinha sobre si apenas o manto etéreo do próprio sono. A rainha entrou no quarto e, sem notar que a criança estava na cama, abriu outra janela. Um vento travesso, que esperava uma oportunidade para fazer alguma traquinagem, entrou pela janela e, soprando em direção à cama onde dormia a criança, ergueu-o no ar, fazendo com que ele flutuasse e balançasse como uma peninha ou uma semente de dente-de-leão; depois, conduziu-o até a janela do lado oposto e, sem cerimônia alguma, levou-o embora. A rainha desceu as escadas, sem se dar conta do desastre que ela própria acabara de provocar.
     Quando a ama voltou ao quarto dela, imaginou que sua Majestade havia levado o príncipe consigo e, temendo levar uma bronca, adiou ao máximo perguntar pelo menino. Mas, como não ouvia nada, ficou cada vez mais preocupada e, finalmente, tomou coragem e foi ao toucador da rainha, onde a encontrou.
     - Por favor, Majestade, eu posso pegar o bebê? – pediu a ama.
     - Mas onde ele está? – perguntou a rainha.
     - Oh! Vossa Majestade, por favor, perdoe-me. Eu sei que agi mal.
     - O que quer dizer com isso, ama? – disse a rainha, com ar grave.
      - Não se assuste minha rainha! – exclamou a ama, torcendo as mãos de nervoso.
     A rainha percebeu que alguma coisa estava muito errada e desmaiou, enquanto a ama saía correndo pelo palácio gritando: "Meu menino! Meu menino!".
     Todos correram até o quarto da rainha, mas ela não estava em condições de dar qualquer tipo de ordem. Logo, porém, descobriu-se que o príncipe tinha sumido e, num instante, o palácio ficou em polvorosa como uma colmeia em um jardim. Alguns minutos depois, a rainha voltou a si, acordada por um grande alarido e um forte bater de palmas. O príncipe fora achado dormindo a sono sob uma roseira, para onde o vento o tinha carregado, e, completando a traquinagem, também havia feito cair uma chuva de pétalas de rosas vermelhas sobre o pequeno e alvo menino adormecido. Sobressaltado com o barulho feito pelos criados, o menino acordou e, não cabendo em si de tanto contentamento, atirou pétalas de rosas em todas as direções, que flutuaram, por um instante, como borrifos das ondas do mar ao entardecer.
     Depois disso, é claro, passaram a vigiá-lo ainda com mais cautela; e bem, se fôssemos contar todos os acontecimentos estranhos que resultaram dessa característica do jovem príncipe, nunca chegaríamos ao final desta história. A verdade é que nunca houve um bebê em uma casa, para não falar em um palácio, que mantivesse o ambiente em tão constante estado de bom humor, pelo menos entre os serviçais. Não era fácil segurar o príncipe, mas pelo menos ele não lhes provocava dor nos braços nem nos corações. E também não deixava de ser muito divertido brincar com o menino como se ele fosse uma bola! Não havia o menor perigo de deixa-lo cair. É verdade que havia o risco de atirá-lo sem querer ao fogo ou deixá-lo escapar pela chaminé, mas até então nenhum desses incidentes havia acontecido. Se você ouvisse risos ecoando em alguma parte do palácio, podia saber com certeza qual era a razão. Quem entrasse na cozinha ou na sala encontraria Rose e Thomas, Matheus e Roberta jogando bola com o príncipe. O menino era a bola, mas nem por isso gostava menos do jogo. E lá ia ele flutuando de um lado para o outro, rindo o tempo todo. E os criados gostavam mais da bola do que do jogo. Mas tinham de ter cuidado no momento de arremessa-lo, porque se subisse depois só poderia voltar quando puxado para baixo.




Buoyant Prince | larryOnde histórias criam vida. Descubra agora