Capítulo 3

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POV'S LAUREN

Sexta-feira, 16 de maio de 2015

          Mais uma vez atrasada. E a culpa, por incrível que pareça, foi da menina do ônibus. Noite passada eu sonhei com ela. Como isso é capaz de acontecer? Eu a vi apenas uma vez por uns minutos e ela já me faz isso comigo. Para ser sincera eu gostei de ter sonhado com ela, mas ruim foi só à parte do atraso. Mas agora tenho que correr porque eu já estou mais que atrasada. Hoje eu escolhi minha roupa a dedo: um short jeans escuro – o meu preferido -, tênis all star preto e uma blusa preta do Bob Marley – eu não gosto de reggae, mas gosto das mensagens que ele passa na música -. Meu cabelo aparentemente esta mais bonito que o normal, então fiz algo simples e o joguei todo pro lado esquerdo.

          Ao entrar no ônibus e passar pela catraca escolho sentar perto da porta traseira, por que se talvez o ônibus encher, ficaria mais fácil para descer. Depois de um tempo no ônibus, eu começo a observar as pessoas que entram. E para minha surpresa, a menina que me olhou da outra vez estava subindo. Assim que ela subiu e estava dando o dinheiro a cobradora, ela me olhou, e neste instante eu estava exatamente fazendo o mesmo e rapidamente viro o rosto – droga, eu não devia ter virado – pensei. Eu senti meu coração bater mais rápido do que eu achava que um coração poderia bater. Nessa hora eu sentia uma vontade absurda de olhar para ela, admirar tanta beleza, mas de repente percebi que ela estava vindo pelo corredor e eu não sabia o que fazer se olhava pela janela, se fingia mexer no celular, ou se simplesmente olhava descaradamente pra ela. Eu, tímida, resolvi olhar pro celular bem cabisbaixa, e daí percebi que ela não passou pra sentar mais ao fundo e preferiu sentar mais na frente.

          Desta vez o ônibus parecia que nunca iria chegar ao meu destino – o que me deixava mais nervosa –. Em meio às paradas que o ônibus fazia para as pessoas descerem, ela, a menina que eu não sabia o nome, olhava para trás bem rápido como se quisesse ver se seria eu quem desceria naquela vez. Na visão que eu tinha para ela, eu só conseguia ver seu cabelo longo liso e preto, e seu perfil – que eu não parava de apreciar - apenas quando ela virava de lado para olhar pela janela. Finalmente quando chega a minha vez de descer, eu fico a olhando esperando que ela olhe também. Então ela me olha e rapidamente vira o rosto. - Meu deus – pensei. E isso ela fez duas vezes – o que me deixou ainda mais nervosa e sem noção –. A moça que estava mais perto de mim, umas três fileiras atrás dela, acaba olhando em minha direção como se quisesse saber o porquê da menina ter olhado para trás assim. E eu, com vergonha, desço o mais rápido possível, assim que a porta do ônibus se abre.

          Quando comecei a andar, algo me dizia que ela estaria me observando e eu, curiosa, olho para trás e o que eu pensei foi confirmado. Ela estava olhando para mim sem hesitar nenhum momento, enquanto eu fico parada de boca meio aberta totalmente hipnotizada vendo o ônibus seguir seu trajeto. Depois de uma pequena andada finalmente eu chego ao colégio. Ao parar no portão seu Mauro logo abre a porta para mim dizendo:

- Bom dia, Lauren.
- Bom dia, senhor Mauro. – com uma entonação fraquinha, ainda boba com o que aconteceu. Então sigo direto para a minha sala, e após sentar no meu lugar de sempre e ficar um tempo aérea, logo recebo um papelzinho pela Ally, vindo de Mani:

          Que cara de tapada é essa hein? Não me diga que isso tem a ver com o Thomas... Se ajeita, menina!

          Mani me conhece desde pequena, por isso que ela sabia que eu estava aérea por algum motivo. Ela só errou em falar no Thomas. Ele foi um amigo nosso que mudou de escola esse ano. Eu acabei gostando dele, mas não sei se ele gostava mesmo de mim. Ele só me iludiu e confirmou o que os outros tentavam me alertar: que ele não seria uma boa pessoa para mim. Amores platônicos ou desilusões amorosas – chamem do que quiser – pode acontecer com todo mundo. E sim, por incrível que pareça, aconteceu comigo. Logo eu que me imaginava ser uma pessoa difícil e acreditei em todas as malditas palavras ditas por aquele idiota. Mas eu não tenho raiva dele. Não posso ocupar meu coração com idiotas, só com a menina do ônibus – sorrio bobo de lado -. Então respondo dizendo:

All We Have Is NowOnde histórias criam vida. Descubra agora