Interessante

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Acabei adormecendo depois de algumas páginas, afinal, não havia dormido por mais de 10 horas. Não consigo dormir em voos ou em ônibus. Quando acordei novamente, já eram seis e meia. Cocei os olhos e levantei-me da cama assim que ouvi barulhos de uma torradeira apitar. Me dirigi ao banheiro, que ficava ao lado do meu quarto, levando uma toalha comigo para me enfiar em baixo de uma ducha rápida.

Depois, coloquei uma calça preta e uma regata da mesma cor, com uma camisa xadrez vermelha por cima. Calcei minhas botas e prendi meus fios escuros em um rabo de cavalo. Desci para pegar alguma coisa para comer, levando uma mochila com um caderno e um estojo junto.

Do pé da escada, pude avistar meu pai e Nathan sentados à mesa e Evellyn em frente ao fogão com um avental na cintura terminando de preparar umas panquecas. Haviam torradas, geléia, manteiga e mel junto ao prato de panquecas que a velha acabara de colocar sobre a mesa. Era a visão perfeita de uma família típica nojenta.

- Bom dia Molly! – sorriu meu pai, anunciando minha chegada.

- Tem panquecas e torradas, pode pegar o que quiser querida. – disse Evellyn com sua feição falsa de sempre, sentando-se junto com os outros e mostrando-me outro assento. Nem ferrando que eu iria começar o meu dia me sentando a mesa com essas pessoas.

- Valeu. – disse, pegando uma torrada, mordendo-a e saindo andando para fora da casa. Aquele ambiente era sufocante. Esperei encostada no carro do meu pai até finalmente vê-lo sair de casa, junto a Nathan e a víbora acenando um adeus.

- Entrem. Vou leva-los a escola hoje para a Molly aprender o caminho. – explicou meu pai, destrancando as portas do carro.

- Não precisa não Albert, eu vou andando. Gosto de uma caminhada matinal. – riu Nathan, tocando o ombro de meu pai.

- Hahaha como um bom atleta! Bom, já que insiste tudo bem, mas vou leva-la hoje. Tchau amor! E boa aula Nathan! – acenou a sua esposa e filho postiço. Aquilo quase me fez vomitar. Me dirigi ao lugar do passageiro ao lado do motorista e fechei a porta com força, colocando o cinto em seguida. Meu pai entrou logo depois de mim, ligando o motor do carro.

- Está empolgada por seu primeiro dia? Preste bastante atenção no caminho. – comentou depois de longos minutos em silencio. Apenas olhei para ele com uma cara de "é sério? Acha mesmo por um momento que estou ligando para essa merda toda?"

Ele apenas desistiu de falar mais alguma coisa. E era exatamente o que eu queria. Quanto mais saliva eu gastava com essas pessoas, mais nauseada eu ficava. Só ficar na minha e passar o tempo comigo mesma fazia ser mais rápida e menos dolorosa a minha estadia nesse lugar. Ele então parou o carro em frente à o que me parecia ser um colégio. Era muito menos do que eu estava acostumada, mas não dou a mínima no entanto.

- Molly, não tente fazer nada ruim aqui, por favor. Essa cidade é pequena demais e rumores se espalham rápido, então não pense em fazer nenhuma das bobagens que estava acostumada a fazer em Nova York. – falava com uma feição preocupada, impedindo-me de sair do carro enquanto eu não respondesse adequadamente ao seu sermão.

- Não tem nada para fazer nesse fim de mundo mesmo! Só me deixa em paz e eu prometo, não conto que sou sua filhinha problemática. – abri a porta do carro mostrando um sorriso sínico para ele e em seguida saí do veículo.

Entrei na escola, que era lotada de pessoas estranhas do interior me olhando como se eu fosse uma alienígena. Não me importava com os olhos julgando-me a cada passo, já estava acostumada na verdade. Mas era o meio do segundo semestre e isso era a única coisa que me incomodava, pois desde o começo do ano não ia a minhas aulas no meu antigo colégio, então eu provavelmente teria que pegar a matéria anterior com alguma dessas pessoas.

Broken Girl   I H.S IOnde histórias criam vida. Descubra agora